Poliana não perdoa. Ela responde por dois homicídios ((Divulgação / SSP); Nem Gorda mandou matar mais de 30 em Periperi (Reprodução / Almiro Lopes); Neinha controlou o tráfico de drogas em Camaçari (Divulgação / SSP); Fabiana está entre os dez mais procurados (Divulgação / SSP); Marisângela herdou o império do marido Pity (Divulgação / SSP); Simone Floquet, tradição de crimes no Alto das Pombas(Almiro Lopes / Arquivo Correio)


Primeira-dama

A autoridade de  Mari vem de sua linhagem “nobre”. Ela é viúva de
Éberson Souza Santos, o Pity, fundador da maior quadrilha da Bahia, a Comissão
da Paz (CP). Após a morte do marido, em 2007, a primeira-dama foi alçada à
presidência.

Antes de chefiar, Mari passou pela 10ª Delegacia, em Pau da
Lima, por facilitar a fuga de presos em maio de 2004. Como líder, hoje, ela
divide a rotina entre a guerra com três quadrilhas rivais e a organização do
comércio.

Na guerra, Mari conta com dois soldados experientes. O
primeiro é Lázaro Bonfim dos Santos, o Malhado, homem de confiança de Pity para
eliminar inimigos. Ele responde a dois inquéritos por homicídio, porte de arma e
formação de quadrilha. O segundo é Luis Raimundo dos Santos, o Shrek. Ele
responde a três inquéritos por furto e homicídios e tem um mandado de prisão
preventiva de 2008.

Danilo Rocha de Carvalho, o Cacaroto, acusado de
participar da decapitação de Janaína Cristina Brito Conceição, 16, e Gabriela
Alves Nunes, 13, em Nova Divineia, ano passado, também é da quadrilha.

Com o marido, Mari aprendeu a manter o poder mesmo presa. Detida em 11
de dezembro do ano passado por tráfico, ela dividiu a chefia dos pontos de venda
entre seus homens de confiança.

As bocas da Cidade Nova foram repartidas
entre um cadeirante conhecido por Goiaba e Neidson Souza Santos, irmão de Pity.
O cunhado também cuida do bairro de Sertanejo e do IAPI. A região do Pau Miúdo é
gerenciada por Shrek. As bocas ficam nas ruas 3 de novembro e Professor Batista
Vieira.
“Fazemos incursões na região, mas a quadrilha se movimenta
muito e costuma se esconder na casa de moradores”, explica o major Josenei
Rangel, comandante do 37ª Companhia, na Liberdade.
Tradição
Mesmo após a instalação da Base
Comunitária de Segurança no Calabar, em abril, o clã Floquet, ligado à CP,
continua liderando o tráfico no Alto das Pombas.

A chefe é Simone Silva
Floquet Miranda, 45 anos. Apesar da ação policial, que enfraqueceu o bando, ela
continua à frente da boca nas imediações da rua Teixeira Mendes.

Simone
assumiu após uma série de golpes sofridos pela família. O primeiro foi a morte
de Leandro Floquet, em maio de 2010. Selma Floquet, mãe de Leandro, se tornou
chefe, mas foi presa em setembro.

Tia de Leandro, Simone sempre
participou dos negócios. Em 16 de abril de 2007, ela foi condenada a três anos e
seis meses de prisão pela 1ª Vara Crime Privativa de Tóxicos. Presa em 2009 por
investigadores da 7ª Delegacia, no Rio Vermelho, ela cumpriu parte da pena e
está em liberdade.

“Simone está mais contida depois da Base. Ela é
envolvida com várias coisas”, disse o delegado Daniel Pinheiro, titular da
Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE).

Os moradores confirmam. “Tá
tudo muito mais tranquilo, mas o tráfico não parou. Antes eles tiravam onda pela
rua com arma na mão. Agora, tão na manha”, disse um morador do Alto das Pombas.

Outra comandante da região que está presa e perdeu força é Poliana dos
Santos Sá. No currículo, ela tem dois homicídios, em novembro de 2005 e março de
2006, e uma tentativa, em maio de 2006.

Procurada No baralho dos mais
procurados pela polícia baiana, divulgado na semana passada, Fabiana Barbosa de
Souza, 23 anos, é o 10 de copas. Ela atua no Alto da Terezinha e Suburbana. O
secretário de Segurança Pública, Maurício Barbosa, afirmou que ela tem grande
influência e cuida da burocracia da quadrilha.

Neinha criou delivery no Litoral Norte
Ela não aparece no baralho dos procurados pela Secretaria de Segurança Pública, mas é a
dama de ouro das praias do Litoral Norte. Jucinéia da Silva Teixeira, a Neinha,
dava as cartas em Monte Gordo, Guarajuba, Barra do Jacuípe, Barra do Pojuca,
Jauá, Arembepe e Vila de Abrantes, na Região Metropolitana de Salvador. Ela está
presa desde agosto do ano passado. Com o grande número de turistas nas praias,
Neinha criou um esquema de drogas delivery para os condomínios. Ela usava motos
– duas foram apreendidas. Neinha tem quatro casas – em Camaçari, Arembepe, Monte
Gordo e Barra do Jacuípe. Sempre que suspeitava que a polícia estava se
aproximando, ela mudava de residência.

Adolescente comandava em
Periperi
Nem Gorda não é a pioneira de Periperi. Em 2007, uma adolescente
de   15 anos foi apreendida por investigadores da 5ª Delegacia, em Periperi. A
menina chefiava uma quadrilha formada por adolescentes e adultos, que atuava na
comunidade de Cidade de Plástico, em Periperi. Ela foi apreendida com três
adolescentes e dois adultos. “Ela era grosseira, xingava muito. Era uma figura
masculinizada. Todos tinham medo dela”, lembrou a titular da Delegacia para o
Adolescente Infrator (DAI), Claudenice Mayo. Ela é autora de três homicídios. Ao
contrário das demais chefonas, ela não tinha matadores – ela  mesma executava o
serviço. A traficante costumava torturar os usuários que lhe deviam
dinheiro.

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