Tribuna da Bahia

A demora da presidenta Dilma Rousseff para definir os cargos do segundo escalão movimenta a nau dos insatisfeitos na base aliada e provoca rebelião no PT. Na queda de braço entre as correntes petistas, um quer puxar o tapete do outro para arrumar emprego de alto gabarito e há uma contabilidade paralela para verificar qual Estado ou região emplaca mais indicações.
Numa referência jocosa à Baía de Todos os Santos, o Estado comandado por Jaques Wagner (PT) é chamado por correligionários despeitados de “Bahia de todos os cargos”. A briga, hoje, é por uma cadeira na diretoria da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), presidida pelo PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
“Não estou em guerra por cargos porque essa não é a minha praia”, disse Wagner. “Agora, é inconcebível que nosso Estado não tenha pelo menos uma diretoria da Chesf sendo o maior produtor de energia do Nordeste e o maior consumidor da região.”

Os baianos contam com dois ministérios (Cidades e Desenvolvimento Agrário) e as presidências da Petrobrás e da Caixa (CEF), entre outros postos.

A cúpula do PT apresentou ao governo 104 nomes para o segundo escalão, mas ainda não obteve sinal de que a fila vai andar. Dilma prometeu a Eduardo Campos que ele apadrinharia o novo presidente da Chesf. Além dos socialistas, ela também tem driblado o PT e o PMDB, sob o argumento de que os melhores nomes serão acomodados “no momento adequado”.

Enfurecido, o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), foi reclamar com o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), e com o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. “Assim não dá para segurar”, disse ele, referindo-se aos peemedebistas que, insatisfeitos, ameaçam dar o troco em votações no Congresso. (Agência Estado)

Brasileiros faz a festa em NY

 No último dia 29 de abril, Maria Couto voltou de Orlando, nos EUA, cheia de roupas, acessórios e perfumes. Antes de embarcar para uma viagem de quatro noites, anunciara no Facebook um “bazar chique” para as amigas no dia 1 de maio com peças “incríveis e preços escandalizadores”. No seu folder virtual, aproveitou o mote do Dia das Mães para seduzir: “Que mãe não vai querer uma bolsa de grife?”.

Mas no dia do petit comité, como ela detalha, teve de fechar a porta, pois não havia espaço para mais amigas na sala de seu apartamento de classe média alta na Barra da Tijuca. Hoje, ela prepara outra viagem. Vai de novo aos EUA para fazer estoque para o Dia da Criança.

– Na semana passada, marquei o bazar às 15h. Às 16h30m, não tinha mais peça e vendi mais de 85 itens. E teve gente que quase brigou. Como a demanda foi muito forte, os preços acabaram subindo em cima da hora.

Mas não sou muambeira. Só tenho coisa chique, de primeira! Aposto em peças desejadas no mundo inteiro – diverte-se Maria, que lucra até R$ 5 mil em cada bazar que promove. Diferença chega a 508% na vende de um creme O caso de Maria não é isolado.

Milhares de brasileiros têm aproveitado a baixa cotação do dólar – que já chegou a ser negociado a R$ 1,56 – para incrementar a renda no fim do mês. Se nas décadas de 80 e 90 a imagem das sacoleiras do Paraguai marcou gerações com as suas muambas, desta vez a estratégia, aliada ao espírito empreendedor, ganha novos contornos.
 
Na lista, só produtos de grife. As peças são vendidas em bazares seletos para amigos e parentes. A margem de lucro é alta: um creme Victoria’s Secret, comprado por US$ 5 (equivalente a R$ 8,05) nos EUA, é revendido aqui por até R$ 49. A diferença chega a 508%.

– Minha clientela é só da classe média para cima. Eles é que estão com dinheiro para gastar. Tem gente que me pede até pilha. Um dia entrei na loja da Nespresso em Nova York, e a vendedora me perguntou se no Brasil não vendia café, tamanho era o número de brasileiros comprando – conta Claudia Soares, que trabalha como secretária em uma empresa de petróleo e só promove bazar com artigos de “alta gastronomia”, comos vinhos e pepperoni.

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