A Tarde

“É inadmissível que a marginalidade queira ser subprefeitura ou coordenação local”, disse o governador do Estado, Jaques Wagner, durante a inauguração da Base Comunitária de Segurança do Calabar, na manhã desta quarta-feira, 27. Segundo ele, outras Bases Comunitárias virão. “Existe uma lista de obstáculos a serem vencidos, mas já está bem melhor. Era preciso ir para a rua e colocar as coisas no lugar”.

O ato oficial significa a passagem de comando Batalhão de Choque para a polícia comunitária. Serão 120 PMs organizados em grupos para patrulhas a pé, de moto ou carro, diariamente e em áreas predefinidas. Onze câmeras formarão o sistema de videomonitoramento. Segundo informações da comandante da base, capitã Maria Oliveira, quatro estão em fase de teste.

Titular da pasta que fez a instalação da Base Comunitária, o secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, foi o responsável pela escolha de uma mulher como capitã da Base. “A mulher é mais sensível e isso ajuda no trabalho de aproximação com a comunidade”, explicou.

A capitã Maria Oliveira, que assume o comando no Calabar, disse que acredita no projeto. “A polícia está mais próxima da comunidade, 40% dos policiais que ficarão aqui são mulheres”, disse. Sobre a escolha, Oliveira se disse surpresa. “Fiquei sabendo há dez dias. O secretário foi ao Rio de Janeiro e percebeu como era importante o papel da mulher”, afirmou.

A capitã fez um curso de policiamento comunitário e tem experiência na cidade de Camaçari, onde fazia reuniões semanais com a população.

O Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, estado onde foi instalada a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), modelo que inspirou a Base Comunitária do Calabar, também esteve presente.

“Não existe nada de novo nas UPPs. O que existe é a decisão de instalar a polícia comunitária. Depois que o poder público entra, é um processo sem volta, a população vai exigir a presença em outros locais”, disse. O secretário fluminense elogiou o projeto e disse que teve uma excelente imagem da instalação em Salvador. “Na área da segurança pública, nunca se vence 100%. Se planeja e se controla”, declarou.

O prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro, disse que “o poder paralelo prejudicava a entrada de serviços públicos no Calabar”. E completou, durante a inauguração: “Era um absurdo como estava aqui. Gostaria que outras UPPs fossem instaladas para podermos levar o serviço público, como não conseguíamos fazer”.

Moradores do local, satisfeitos com a instalação da Base, contestaram a justificativa do prefeito para a falta de assistência na comunidade. “Ele não poderia ter colocado a culpa na falta de segurança para a não entrada do serviço público”, disse o vigia noturno Maurício de Jesus. Pai de três filhos, o vigia disse que sempre andou em qualquer lugar. “Mas agora, tenho essa segurança como o policiamento reforçado”, afirmou.

A doméstica Valquíria Silva de Jesus também elogiou a chegada do policiamento comunitário. “Agora está ótimo, está bem melhor. A gente fica mais à vontade para andar com criança na rua”, declarou.

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