Silvana Blesa/Tribuna

Os assaltos a banco têm virado rotina nas cidades do interior da Bahia. As quadrilhas, cada vez mais organizadas e ousadas, usam explosivos para facilitar as ações nos arrombamentos aos caixas eletrônicos, além de fazer reféns e usar as próprias pessoas como cordão humano na frente dos bancos, para impossibilitar ação da polícia.

Com isso, vários estabelecimentos financeiros ficaram completamente destruídos. Somente este ano, 26 cidades tiveram as agências bancárias roubadas por quadrilhas especializadas.

Devido ao crescimento dos assaltos, a Secretária de Segurança Pública criou, no mês de abril, uma força-tarefa para combater a ação dos criminosos e garante que a medida vem surtindo efeito com a desarticulação de nove quadrilhas. Na madrugada de ontem, assaltantes explodiram dois caixas eletrônicos nos bairros de Pirajá e Massaranduba, em Salvador, mas não conseguiram levar dinheiro. A polícia tenta fechar o cerco para descobrir os passos dos assaltantes e de onde eles são.

O que é notório é que o bando prefere assaltar cidades pequenas, com no máximo 18 mil habitantes, que também sofrem com deficiência na segurança pública. Em algumas cidades, os poucos policiais e até o único delegado foram feitos reféns e os bandidos saqueaream todo o dinheiro dos caixas. A polícia não divulga o montante que foi levado dos bancos, mas estima que o valor ultrapasse R$ 1,5 milhão.

Segundo o delegado e coordenador do Comando de Operações Especiais (COE), André Viana, quadrilhas do Pernambuco e São Paulo estão migrando para o interior da Bahia. O esquema funciona com o levantamento prévio das cidades. Com o mapeamento das entradas e saídas.

Os assaltos acontecem sempre nos dias em que os caixas estão com dinheiro reposto para pagamentos dos funcionários da prefeitura. Os dados revelam que os municípios se tornaram alvos fáceis dos criminosos por conta da fragilidade do sistema de segurança.

Outro fator que contribui para o assalto é a carência de câmeras de segurança tanto aos arredores das agências, como dentro da instituição, e também a falta de segurança armada.  No dia 18 de janeiro, a agência do Banco do Brasil da Prefeitura de Sítio do Quinto foi assaltada por 15 homens armados que levaram R$ 190,5 mil.

Outro caso aconteceu na agência do BB, em Tancredo Neves. Na ação, o gerente da agência foi baleado no pé. O último assalto aconteceu na cidade de Adustina, no dia 21 deste mês. Estima-se que os ladrões levaram cerca de R$ 450 mil. Eles ainda deixaram a cidade dizendo que retornariam com certeza na colheita do feijão.

Até abril, foram assaltadas as agências das cidades de Iaçu, Teodoro Sampaio, Barra da Estiva, Wagner, Remanso, Piripará, Sítio do Quinto, Feira de Santana, Santo Antônio de Jesus, Macarani, Formosa do Rio Preto, Presidente Tancredo Neves, Boninal, Candeias, Serrinha, Campo Alegre de Lourdes, Barrocas, Condeúba, Piritiba, Paripiranga, Banzaê, Lagoa Real, Uruçuca e Adustina. Sendo que Uruçuca e Lagoa Real foram assaltadas duas vezes este ano.

No assalto ao banco de Iaçú, o delegado Renato Flores foi sequestrado e mantido refém pelos dez assaltantes. Nesta ação, uma pessoa foi baleada. Em Remanso, durante o roubo, um grupo de dez homens, vestidos com fardas policiais e em duas caminhonetes identificadas com adesivos da corporação, assaltaram os caixas da agência do BB localizada no centro da cidade.

Na fuga, os ladrões chegaram a trocar tiros com policiais e fizeram três reféns, dois deles PMs, que foram libertados pouco depois.  O assalto mais violento foi na cidade de Lagoa Real, ocorrido no mês de março, que resultou na morte do vigilante Hermínio Duca Costa, 33 anos, atingido na cabeça. Após o roubo, as quadrilhas têm agido do mesmo modo, colocando fogo em veículos atravessados nas estradas, para impossibilitar incursão da polícia.

Policiais são treinados no combate

Sete equipes, incluindo delegados, investigadores e escrivães, já concluíram o Curso Básico de Inteligência Policial, que reune profissionais que atuam em delegacias do interior do estado. O treinamento visa preparar equipes para compor a força-tarefa criada pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) para combater a ação de quadrilhas especializadas em roubos a bancos.

Com carga horária de 113 horas de aulas, o Curso de Inteligência Policial tem como objetivo preparar policiais para atuarem de forma segura e qualificada na repressão aos crimes que ameaçam a vida e o patrimônio do cidadão. Além disso, destina-se também a capacitar os participantes a compreender os conceitos da atividade de inteligência, conhecendo e utilizando as técnicas e tecnologias especiais de investigação. Novas turmas de policiais do interior também vão passar pelo treinamento.

Além da preparação das equipes, a força-tarefa também já tem garantido um reforço de mais 120 automóveis. O governador Jaques Wagner autorizou à Secretaria de Segurança Pública a aquisição de uma frota exclusiva para o combate aos roubos a banco.

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