Tribuna da Bahia

Em termos quantitativos, a Bahia já tem o parque de hotelaria satisfatório às condições exigidas pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) para a Copa de 2014. O estado possui hotéis de quatro e cinco estrelas, algumas pousadas de destaque e hotéis-boutique – empreendimentos pequenos e com luxo e sofisticação.
O balanço foi dado ontem pelo secretário de Turismo do Estado, Domingos Leonelli, em comentário à matéria desta Tribuna sobre fatos e acontecimentos que consolidam um momento de expansão do turismo baiano, publicada na edição de ontem. Subsedes da Copa como Belo Horizonte – uma das cidades cotadas, junto com Salvador, para abrir a competição – ainda precisam ampliar seu número de leitos hoteleiros.
Em 2010, a Bahia recebeu 514 mil turistas estrangeiros. O número de voos em Salvador e Porto Seguro cresceu 12% no ano passado, em relação a 2009  e Leonelli prevê para este ano nova elevação no movimento.
 
No diagnóstico do gestor, essas conquistas se devem à política de focar as ações, as atividades promocionais nos principais mercados emissivos – Estados Unidos, Espanha, Portugal, Itália e Alemanha.”O verão (deste ano) foi o melhor dos últimos 10 anos, segundo o Sindicato dos donos de hotéis”, destacou o secretário.
Atualmente, já são 27 rotas semanais para Portugal, Estados Unidos, Itália, Argentina, Espanha e França.

Ocorreram ainda 14 voos charter somente este ano. Domingos Leonelli e o presidente da Embratur, Mário Moysés, pretendem concentrar o trabalho de captação na América do Sul. Argentina, Venezuela, Chile e Peru são os alvos principais. Segundo pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (Fipe), cerca de 12% dos visitantes estrangeiros da Bahia são oriundos dos Estados Unidos. A França vem em segundo lugar, com 11%, sendo seguida por Itália e Portugual (10%), Alemanha (9%) e Espanha/Argentina, 8%.

 Projetos desenvolvidos pelo governo do Estado na área turística também recebem reconhecimento nacional. A prefeitura de Campinas (SP) está pesquisando a política baiana de étnico-afro aplicado pelo governo baiano.
O investimento em turismo do governo baiano permite ainda a diversificação de atrativos.
 
Recursos do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) estão sendo captados pela Setur visando a recuperação de templos religiosos ou fortificações históricas. “Via Prodetur I, II e nacional, para a área da igreja e do cemitério do Pilar, onde importantes descobertas foram encontradas, no Boqueirão, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos”, contou o secretário.

Como parte deste trabalho, escavações na Fortaleza do Morro de São Paulo, feitas neste mês, encontraram dois canhões de interesse histórico, totalizando cinco no mesmo sítio (quatro no Forte da Ponta, na parte baixa, e um no Forte do Zimbeiro nas imediações do farol). 

Em Morro de São Paulo, os recursos do Prodetur viabilizaram a requalificação da Rua da Fonte e a proteção do forte. A Setur também possibilitou a sinalização de destinos turísticos no litoral baiano, trecho entre Itaparica e Canavieiras. A ampliação deste projeto já está sendo trabalhada pela secretaria.

Problemas reconhecidos

Leonelli reconheceu dois dos problemas apontados pela matéria da TB – segurança e qualificação dos profissionais da área – e acrescentou a necessidade de melhoria em alguns dos empreendimentos hoteleiros. Visando equacionar essa questão, o secretário articula com o Banco do Nordeste a ampliação do prazo para financiamento de reformas em hotéis – de 15 para 20 anos, prazo atualmente oferecido para a construção.

Sobre a violência, ele acredita que o problema preocupa aqui como em qualquer lugar do Brasil e do mundo. A questão da qualificação da mão de obra, por outro lado, é vista como o principal desafio.

“O principal legado da Copa não será pontes e estradas, mas o capital humano que conseguirmos acumular até lá. Ele terá capacidade de se multiplicar depois da Copa do Mundo.

A qualificação é um dos nossos grandes desafios. Um grande déficit que herdamos dos governos passados, que teve méritos na área do turismo, não há porque negar, mas deixou esse déficit. Até 2006 (último ano antes das duas gestões do governador Jaques Wagner), a Secretaria da Cultura e Turismo investia R$ 500 mil em qualificação da mão de obra e capacitação empresarial.

Hoje (na Secretaria do Turismo), estamos investindo R$ 5 milhões por ano e ainda é pouco”.
Quanto a segurança, Leonelli observou que o sistema está sendo aperfeiçoado a cada grande evento que a Bahia promove. “No Carnaval, temos tido redução.

O índice de criminalidade  é muito pequeno. É um sistema exemplar no mundo”, disse. O secretário comentou ainda sobre o furto ao português Rui Sete, no último domingo, na Barroquinha. “O assalto a mão armada caiu bastante. Neste caso, não houve uso de arma e o criminoso foi preso pela Deltur”, lembra.

Luxo e cultura preservada

Além do Vila Bahia, considerado pela revista National Geographic o terceiro “mais autêntico” do Brasil, Salvador tem outras opções que reúnem riqueza cultural e histórica e luxo. Um deles é o Pestana Convento do Carmo, inaugurado em 2005, e que preserva não só a estrutura arquitetônica do prédio, como mantém a decoração interna de uma sacristia, administrada pelos carmelitas.

O conceito de hotel autêntico, que agraciou o Vila Bahia e mais duas unidades baianas,  é o de empreendimento que reflete a cultura local e promove ações de envolvimento com a comunidade. 

Em 2006, o Pestana Convento do Carmo passou a pertencer à lista de hotéis de luxo da “The Small Leading Hotels of the World”, destinada a equipamentos de luxo. O Pestana Convento é o sexto hotel brasileiro e o primeiro da região Nordeste nesta listagem. Localizado no antigo Convento do Carmo, uma clausura da Província Carmelita, o empreendimento é repleto de quadros, esculturas, tapetes e móveis dos séculos XVI e XVIL.

Pertencente a um grupo português, expõe o lado europeu da cultura baiana. Muitas das obras de arte é do acervo pessoal do sócio, Dionísio Pestana, que se somam às 1.500 peças do museu do Carmo. São móveis, tapetes, quadros e esculturas que remontam à Bahia de séculos atrás.

O Pestana Convento do Carmo é voltado a público de alto poder aquisitivo, com diárias que variam de ER$ 2.300 a R$ 6.150.

O espaço é utilizado para casamentos de famílias mais bem aquinhoadas. Adaptado das celas dos religiosos carmelitas, os quartos oferecem menu de travesseiros, com opções de penas de ganso, látex e ervas, com televisores LCD e o enxoval e lençóis de algodão egípcio, considerados os mais macios do mundo. 

No segundo claustro está a área de lazer com piscina, sauna, fitness center, spa sala de leitura e home theater.  Para realização de reuniões de negócios, o hotel dispõe de auditório, duas salas de reuniões e um Business Center.

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