FOLHA DE S.PAULO

Dilma iguala popularidade de Lula em início de governo
A presidente Dilma Rousseff é aprovada por 47% dos brasileiros, segundo pesquisa Datafolha realizada nos dias 15 e 16 deste mês. Com essa taxa de popularidade, iguala-se ao recorde registrado por Luiz Inácio Lula da Silva nesta mesma época no segundo mandato de seu antecessor no Planalto. Lula teve 43% de aprovação no terceiro mês de seu primeiro mandato, em março de 2003. Depois, bateu um recorde de aprovação presidencial em início de governo em março de 2007, com 48%.
A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Ou seja, Dilma com seus 47% hoje se iguala tecnicamente aos 48% de Lula em 2007. Desta vez, o instituto entrevistou 3.767 pessoas em 179 municípios. Dilma supera em popularidade todos os antecessores de Lula, segundo o Datafolha, quando se considera esta fase inicial do mandato. O instituto faz pesquisas nacionais desde 1990. Em junho daquele ano (a posse então era em março), Fernando Collor tinha 36% de aprovação. Itamar Franco, que assumiu após o processo de impeachment de Collor, teve 34% depois de três meses.
Fernando Henrique Cardoso, eleito em 1994 e reeleito em 1998, no início de seus governos teve aprovação de 39% e 21%, respectivamente. Na pesquisa divulgada hoje, o Datafolha registra 7% que consideram a gestão de Dilma ruim ou péssima. Outros 34% a classificam como regular. Há também 12% que não souberam opinar.

Há poucos aspectos negativos para Dilma no levantamento. Mas há alguns sinais que a diferenciam de Lula. Quando o Datafolha indagou aos entrevistados sobre quem são os mais favorecidos no governo Dilma, no topo da lista, com 23%, aparecem os políticos – apesar de a presidente ter tido um comportamento mais duro com o Congresso em relação ao antecessor. Os trabalhadores vêm a seguir, com 17%. No mesmo patamar estão indústria (14%) e bancos (13%). Lula, em 2003, exalava uma imagem diferente: para 31%, os mais beneficiados pelo antecessor de Dilma eram os trabalhadores. Em seguida, vinham a agricultura (20%) e os políticos (13%).

Outro aspecto diferente entre Dilma e Lula aparece quando os entrevistados são instados a dizer, de maneira espontânea, quais são os maiores problemas do país. Há oito anos, sob Lula, os brasileiros apontavam o desemprego (31%), a fome e a miséria (22%) como os maiores problemas do país. Hoje, estão no topo da lista a saúde (31%) e a violência (16%).

Ministra da Cultura minimiza polêmica do blog de Bethânia
A ministra Ana de Hollanda (Cultura) minimizou ontem a controvérsia gerada com a aprovação, pelo ministério, de projeto de R$ 1,3 milhão para a criação de um blog com leituras de poesia pela cantora Maria Bethânia. Do montante total aprovado para captação junto a empresas via Lei Rouanet, com renúncia fiscal, R$ 600 mil constam como remuneração para a própria Bethânia.

“Não tem nada [de mais]. É uma polêmica que foi criada não sei por quê. Foi inteiramente dentro das regras”, disse Ana de Hollanda, ao chegar para almoço no Itamaraty com o presidente dos EUA, Barack Obama. Segundo a ministra, o R$ 1,3 milhão é justificado pelos “trabalhos” e pelas “filmagens” que o blog exigirá. “Está tudo justificado lá na planilha”, afirmou, sem citar os R$ 600 mil previstos para remunerar Maria Bethânia.

Kassab diz que seu novo partido, o PSD, sairá em três meses
Um dia após anunciar sua saída do Democratas, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, afirmou ontem que seu novo partido, o PSD (Partido Social Democrático), será efetivamente criado dentro de dois ou três meses. Até lá, continuará filiado ao DEM, em uma condição “híbrida”.

“Teremos de dois a três meses de convivência com uma situação híbrida, de filiado ao partido anterior, mas caminhando para o partido futuro. Mas já estou me desligando dos cargos de direção no DEM”, disse ele.

O prefeito criticou seu atual partido por ter tido uma posição “errática” nos últimos anos. “O DEM teve uma postura de ser contra o governo qualquer que fosse a sua postura. E temos que entender que o Brasil é muito maior do que PT, PSDB, do que qualquer outro partido”.

Obama diz ter “apreço” por aspiração do Brasil na ONU
Em sua primeira visita ao Brasil, iniciada ontem, o presidente dos EUA, Barack Obama, manifestou “apreço à aspiração” da diplomacia brasileira de ter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Mas a declaração ficou aquém do que esperava o Itamaraty: apoio categórico.

“O presidente Obama manifestou apreço à aspiração do Brasil de tornar-se membro permanente do Conselho de Segurança”, diz o comunicado conjunto dele e da presidente Dilma Rousseff. A diplomacia brasileira chegou a comparar cada palavra do comunicado com a frase proferida pelo mandatário em sua visita à Índia em novembro do ano passado, quando concedeu apoio mais explícito à mesma pretensão daquele país.

“Nos próximos anos, os Estados Unidos esperam ver um Conselho de Segurança da ONU reformado que inclua a Índia como membro permanente”, disse, à época. De qualquer forma, a declaração de ontem foi a sinalização mais forte até aqui de Washington sobre o tema.

Segurança constrange ministros
O forte aparato de segurança constrangeu alguns ministros – entre eles, Guido Mantega (Fazenda), Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia). Foram escoltados por agentes americanos em um ônibus até o local do evento com empresários e revistados na entrada.

Presidentes firmam acordo para destravar o comércio bilateral
Representantes dos governos do Brasil e dos Estados Unidos assinaram ontem um acordo para destravar o comércio entre os dois países, conforme adiantou a Folha. O tratado de cooperação econômica e comercial (Teca, na sigla em inglês) cria uma comissão bilateral que tem entre seus objetivos mais gerais “reduzir as barreiras não tarifárias e os subsídios que distorcem o comércio”.

O Itamaraty comemorou o acordo porque, a partir de agora, não precisará negociar diretamente apenas com o escritório do representante de comércio dos EUA, e sim com diversas agências. “O instrumento será muito útil para negociar retirada de barreiras não tarifárias sobre as carnes brasileiras”, disse uma fonte do governo. Nas palavras de um empresário, na prática é um conselho que se reúne periodicamente, pega uma lista de problemas e tenta resolver.

“O tratado não elimina nenhuma barreira, nem subsídio, mas é muito importante porque vai forçar o diálogo sobre todos pontos que precisam ser resolvidos na relação econômica”, diz Gabriel Rico, presidente da Câmara Americana de Comércio.

Ataques à Líbia roubam a cena da visita de presidente
O ataque à Líbia roubou a cena na primeira visita ao Brasil do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, com um detalhe que deixou as autoridades brasileiras desoladas: os bombardeios começaram na hora do banquete e dos brindes dele e de Dilma Rousseff no Itamaraty.

Obama fez um discurso muito rápido, ofereceu o tradicional brinde e acabava de sentar à mesa, às 14h30, quando Thomas Donilon, conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, aproximou-se e cochichou algo ao seu ouvido: a guerra havia começado. Simultaneamente, o chefe da assessoria de imprensa do Itamaraty, ministro Tovar Nunes, recebeu a informação pelo celular de um assessor e entrou quase correndo no salão para comunicar ao chefe, o chanceler Antonio Patriota.

Patriota deu a volta na mesa e avisou a presidente. Obama, Dilma, o chanceler brasileiro e o conselheiro americano falaram então, ali mesmo, sobre a guerra. Líbia foi o assunto do banquete e permeou todo o dia em Brasília. Ocorreu o que o Planalto e a diplomacia brasileira temiam: que o conflito ofuscasse a visita de Obama no noticiário internacional.

Michelle tem evento discreto para não ofuscar o do marido
O governo americano escolheu para o evento público exclusivo em Brasília da primeira-dama americana, Michelle Obama, um local discreto, com número restrito de convidados para não ofuscar a agenda do marido, Barack Obama. Foram cogitadas atividades no Museu da República, no Teatro Nacional e no Memorial JK – todos monumentos da capital –, mas a escolha final foi a de um restaurante afastado do centro, em formato de oca indígena.

O evento durou 35 minutos e foi dirigido a jovens ex-bolsistas da embaixada americana e estudantes de inglês. No discurso, Michelle incentivou os jovens a ter perseverança nos estudos e motivou os estudantes a sair da “zona de conforto”. Disse para viajarem e conhecerem outras línguas e culturas.

Muito à vontade, com um vestido bege com leve brilho e sapatos dourados, Michelle disse estar feliz por viajar em família, evento raro na agenda dos Obama. Terminou o discurso de forma descontraída, pedindo para ver algo tipicamente brasileiro. Foi contemplada com apresentações de capoeira e batuque.

CORREIO BRAZILIENSE

De Brasília, Obama detona guerra a Kadafi
A chegada ao Brasil do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em meio ao agravamento da crise na Líbia, transformou ontem o Palácio do Planalto no centro das decisões sobre a guerra contra o regime de Muamar Kadafi. Obama terminava a conversa com a presidente Dilma Rousseff quando um assessor lhe entregou um bilhete de Washington. O presidente conversava com Dilma justamente sobre a situação da Líbia. A presidente brasileira foi direta: “Somos um país pacífico, os custos de uma guerra são elevados. Um conflito militar pode trazer mais prejuízos do que benefícios”, disse. Obama, por sua vez, justificou a decisão que tomaria minutos depois, ao telefone. “Precisamos tomar uma decisão. Nem sempre a decisão é a que gostaríamos de tomar”, respondeu ele, segundo relato de autoridades presentes ao encontro entre os dois presidentes, no Planalto.

Estavam na sala, além de Dilma e Obama, alguns ministros brasileiros: o da Casa Civil, Antonio Palocci, o das Relações Exteriores, Antonio Patriota e o do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, além do assessor especial da presidente para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, e do embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Mauro Vieira. Da parte dos americanos, estavam o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, o representante comercial da Casa Branca, Ron Kirk, o conselheiro de Segurança Nacional, Thomas Donilon, e o embaixador no Brasil, Thomas Shannon.

Além do conflito na Líbia, Obama e Dilma conversaram sobre projetos de educação. Ela falou ainda sobre o Conselho de Segurança da ONU, onde a posição norte-americana sobre a inclusão do Brasil como membro permanente foi vaga (leia mais na página 5). Dilma fez menções contundentes a respeito das barreiras comerciais entre os dois países, como as elevadas tarifas de exportação e os subsídios agrícolas, que impedem a entrada de produtos brasileiros a preços competitivos no mercado americano. Ela fez ainda uma análise da economia mundial, que levou o secretário Timothy Geithner a sorrir e a acenar com a cabeça, com ares de concordância sobre a exposição.

Hillary Clinton vira o jogo
A entrada dos Estados Unidos na intervenção militar na Líbia — operação batizada de Odisseia ao Amanhecer — foi articulada entre o presidente Barack Obama, em Brasília, a secretária de Estado Hillary Clinton, em Paris, e o Pentágono, em Washington. Inicialmente resistente a envolver as forças norte-americanas diretamente na ação, o presidente acabou convencido por Hillary e pela embaixadora americana na Organização das Nações Unidas (ONU), Susan Rice. Horas antes de embarcar para o Brasil, na sexta-feira, o presidente chegou a fazer um pronunciamento dando um ultimato ao ditador líbio, Muamar Kadafi, para que parasse com os ataques contra civis. No discurso, entretanto, Obama reforçou por várias vezes que os EUA não agiriam sozinhos, mas em conjunto com outros países.

Ontem, em Washington, funcionários de alto escalão da Casa Branca asseguraram à imprensa que a viagem ao Brasil não impediria o presidente de agir e exercer plenamente a função de comandante-em-chefe. Segundo o Washington Post, “eles enfatizaram que Obama poderia monitorar ambas as situações enquanto viaja por outra parte do mundo”, citando a presença na comitiva de funcionários chaves na área de segurança nacional, como o conselheiro Thomas Donilon. A palavra final, porém, coube a Hillary, reunida com líderes aliados na capital francesa, a convite de Nicolas Sarkozy, que teve a primazia de anunciar o início da intervenção na Líbia. “O questionamento de muitos sobre essa viagem — ‘como o presidente pode ir à América Latina com tudo isso acontecendo, do Japão ao Oriente Médio e ao Norte da África?’ — está sendo devidamente respondido”, declarou Hillary.

Protestos invisíveis a Obama
No dia em que Estados Unidos e França iniciaram os ataques contra as forças militares do ditador da Líbia, Muamar Kadafi moradores de Brasília de origem árabe aproveitaram a presença do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para um protesto silencioso, individual e — ainda assim — carregado de revolta. Eles defenderam a revolução árabe em curso e a autonomia de seus países. Horas antes dos primeiros ataques empreendidos por Estados Unidos e França contra a Líbia, o sentimento predominante entre essas pessoas que procuraram ver Obama era de preocupação sobre a possível ofensiva bélica dos norte-americanos.

“O quartel-general de Kadafi deve ser bombardeado, mas as ações devem ser empreendidas pela Organização das Nações Unidas. Os Estados Unidos não estão se importando com a situação”, disse o líbio Abdalla Al Hamdy, 47 anos, que compareceu à Praça dos Três Poderes com uma bandeira da Líbia e com uma faixa onde estavam escritos dois recados, um para Obama — em inglês — e outro para a presidente Dilma Rousseff. “Kadafi agradece e oferece a você mais petróleo com sangue líbio”, escreveu Abdalla a Obama. A Dilma, ele escreveu: “Seu silêncio ajuda o tirano da Líbia.” Nem o presidente dos Estados Unidos nem a mandatária brasileira leram os recados. A distância mínima entre Abdalla e os dois era de 500 metros.

Para o egípcio Amro El Seoudi, 28, os líbios podem se livrar do ditador Muamar Kadafi sem a intervenção militar dos Estados Unidos, a exemplo do Egito. O tradutor marroquino Abderrahman Belhaddan, 42, defende que os Estados Unidos tomem uma posição mais clara em relação aos ditadores de países árabes. “Não se deve esperar o tempo passar para saber quem vai ganhar força nas revoluções.” Amro e Abderrahman formavam o pequeno grupo de árabes que tentou ver Obama no Palácio do Planalto. Não portavam faixas ou cartazes. Para protestar, usaram o material levado por militantes do PSol e do PSTU. Os esquerdistas — cerca de 15 pessoas — também protestaram contra a interferência dos Estados Unidos na Líbia e em outros países árabes.

O discurso contra o “imperialismo” norte-americano incluiu a defesa dos interesses econômicos do Brasil. Nas poucas vezes em que os militantes do PSol e do PSTU se manifestaram verbalmente, entoaram um grito de guerra: “Obama, não venha não. No pré-sal você não põe a mão”. O fechamento da Praça dos Três Poderes impediu a aproximação desses militantes, o que provocou mais protesto, ainda que sem força e presença expressiva de partidários. “É uma falta de democracia não deixar ninguém chegar mais perto, inclusive pessoas que vieram para apoiar Obama”, disse Ana Beatriz Serpa, integrante da Diretoria do PSTU no Distrito Federal.

Excesso de segurança provoca desconforto
Para receber o presidente da maior potência econômica do planeta, o Brasil precisou montar uma verdadeira operação de guerra. Tanta preocupação para garantir a segurança de Barack Obama em visita ao Brasil deve-se ao clima de tensão que vivem os Estados Unidos desde o ataque às Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001. O clima se agravou com o fato de o país fazer linha de frente em duas guerras e, desde ontem, as atenções foram redobradas por conta da onda de ataques militares contra as forças do ditador líbio, Muamar Kadhafi. Os protestos de manifestantes contra Obama no Rio de Janeiro na última sexta-feira também chamaram a atenção dos agentes americanos.

Na região central de Brasília, com as pistas interditadas desde o início do dia, apenas veículos oficiais e o comboio presidencial, que contava com algumas dezenas de automóveis, transitava pela Esplanada dos Ministérios. Para garantir a restrição de parte do céu de Brasília, baterias antiaéreas foram posicionadas em pontos estratégicos e helicópteros militares e das forças de segurança passaram o dia sobrevoando a cidade.

Nem mesmo as autoridades escaparam do forte esquema de segurança montado para receber o presidente norte-americano. Dois dos homens fortes da presidente Dilma Rousseff na Esplanada dos Ministérios demonstraram surpresa com a presença ostensiva de homens armados no Palácio do Planalto. Os ministros Antônio Palocci, da Casa Civil, e Guido Mantega, da Fazenda, se mostraram visivelmente desconfortáveis com a quantidade excessiva de seguranças em meio às autoridades brasileiras. A queixa pôde ser percebida enquanto cochichavam antes do presidente Obama subir a rampa do Palácio do Planalto.

Antes mesmo de aterrissar em solo brasileiro, a operação pente-fino restringia o acesso ao Air Force One. Apenas jornalistas e integrantes da Embaixada dos EUA, além de seguranças, tiveram acesso a área de desembarque de Obama. O grupo foi submentido a uma revista com cães da Polícia Federal e outra por agentes do serviço secreto que usaram detectores de metais. Um segurança americano gritou com os jornalistas que estavam na fila da vistoria, mas foi repreendido imediatamente por uma diplomata do cerimonial do Itamaraty.

À mesa com ex-presidentes
Antecessor da presidente Dilma Rousseff, Luiz Inácio Lula da Silva foi o único ex-presidente da República a não comparecer ao almoço no Palácio do Itamaraty com o norte-americano Barack Obama. A versão oficial é de que Lula preferiu não atrair os holofotes de Dilma e tinha compromissos familiares, mas antigas rusgas com os Estados Unidos devido à posição brasileira em relação ao Irã também teriam motivado a falta. O tucano Fernando Henrique Cardoso considerou o convite uma gentileza e foi o único ex-presidente sem mandato eletivo a ocupar lugar na mesa principal da cerimônia.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já tinha anunciado que não compareceria à cerimônia desde o início da semana passada, alegando motivos familiares. Em contrapartida, vieram ao encontro de Obama os hoje senadores Itamar Franco (PPS-MG), Fernando Collor (PTB-AL) e José Sarney (PMDB-AP), além de FHC, todos ex-presidentes. “Achei uma coisa de gentileza, senão eu não teria vindo. É um gesto. Eu acho que, em matéria de Estado, quando está se representando o país, como é o caso aqui, não cabem divisões político-partidárias. Eu acho que a presidente Dilma demonstrou que tem uma compreensão correta dessa matéria”, elogiou Fernando Henrique.

Entre os ex-presidentes presentes ao almoço, Collor e Itamar ficaram em mesas próximas à principal. A de Collor ficava de costas para Obama e a de Itamar em frente — o senador sentou-se ao lado do ministro da Defesa, Nelson Jobim. Durante o evento, Lula participava das comemorações pelo aniversário de 26 anos do filho caçula, Luiz Cláudio da Silva. A assessoria dele informou que o convite feito, por telefone, se repetiu a mais de uma centena de pessoas, por isso o presidente preferiu não cancelar o compromisso em família.

De olho no pré-sal e em grandes obras
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deixou clara a extensão dos interesses comerciais norte-americanos no Brasil, especialmente na área do petróleo e nas grandes obras de infraestrutura, ao fechar um seminário para 400 empresários. Apesar de o discurso ter durado apenas 20 minutos, o chefe de Estado não precisou de muito para mostrar seus objetivos econômicos. Em um momento em que os preços do óleo cru estão em disparada no mercado internacional, Obama lembrou que a instabilidade política no norte da África aumentou a importância estratégica das descobertas do pré-sal no Brasil.

“Ficamos felizes em saber que as reservas encontradas no Brasil representam duas vezes as norte-americanas. Queremos auxiliá-los a explorar esse petróleo e, quando começarem a comercializar, queremos ser um dos maiores clientes”, afirmou. Ele garantiu que quer ampliar as conversações na área de energia limpa. “Se pensamos no petróleo, claro que num futuro próximo temos que pensar em alternativas. Por isso, a cooperação nos biocombustíveis é importante. Estamos lançando uma parceria para o desenvolvimento de uma economia verde entre os dois países”, disse. Ele não deu nenhum sinal, entretanto, de que vai derrubar a sobretaxa ao etanol brasileiro no mercado norte-americano.

Outro segmento no qual Obama demonstrou ávido apetite foi o das obras de infraestrutura para os eventos esportivos agendados para os próximos anos. Bem-humorado, ele lamentou ter perdido a disputa para sediar as Olimpíadas de 2016 em Chicago. Sério, propôs que os empresários norte-americanos participem da preparação da estrutura física das cidades. “Apesar de não termos ganho o concurso, não seremos meros espectadores. Para fazer esses eventos, vocês precisarão de pontes, estradas e outros melhorias e os EUA estão prontos para auxiliá-los nisso”, afirmou. Diplomático, Barack Obama afirmou que a aproximação deve beneficiar as duas maiores economias do continente. Mas não detalhou como o Brasil pode se beneficiar daqui por diante.

A mensagem de Michelle
As primeiras palavras de Michelle Obama, 47 anos, no Brasil foram simples, diretas e em português. Com um animado “bom dia”, ela começou um discurso dirigido a 75 jovens brasileiros, entre 14 e 20 anos, no restaurante Oca da Tribo, localizado no Setor de Clubes Sul. Simpática e bem humorada, a primeira-dama dos Estados Unidos improvisou, brincou e posou para fotos. Durante os 35 minutos de seu único compromisso oficial em Brasília, dispensou o papel da diplomacia da visita de seu marido, Barack Obama, e afirmou que “o futuro das duas nações depende muito mais do que relações entre presidentes e primeiros-ministros, depende das relações entre nosso povo e, especialmente, entre os jovens”.

Com um ritmo empolgante, que muitas vezes lembrava a forma marcante de se expressar do presidente americano, Michelle falou da importância da educação e aconselhou os mais jovens. “Aprendi há muito tempo que não importa quem você é ou de onde seja, desde que esteja disposto a sonhar alto e a trabalhar duro para alcançá-los (os sonhos) e correr riscos. Tudo é possível. Nós precisamos de pessoas jovens, inteligentes e energéticas, para consertar os problemas do mundo e vocês estão prontos”, disse.

Em sua visita ao Brasil, Michelle resolveu encontrar os brasileiros que participaram do programa do governo americano Jovens Embaixadores, que leva estudantes de escolas públicas para um intercâmbio nos Estados Unidos. “Eles vieram para a minha vizinhança e eu prometi que viria para a vizinhança de vocês. Agora estou aqui, não? Essa é uma visita especial para mim, estava sentada onde vocês estavam porque eu fui jovem também, há muito, muito tempo atrás”, brincou a americana. A primeira-dama estava na companhia das filhas, Malia, 12 anos, e Sasha,9, da mãe, Marian Robinson, da madrinha das meninas, Kate Wilson, e de Tânia Cooper Patriota, mulher do chanceler brasileiro Antônio Patriota.

O GLOBO

Dois meses após tragédia na serra, governo libera apenas 15% dos recursos disponíveis para empresas
Passados mais de dois meses da tragédia na Região Serrana, que causou a morte de quase 900 pessoas e deixou um imenso rastro de destruição, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) disponibilizou apenas 15% dos recursos aprovados para ajuda a microempresas e empresas de pequeno porte afetadas pelos temporais. Do total de R$ 400 milhões liberados, foram desembolsados R$ 61,2 milhões, sendo que apenas R$ 5,2 milhões foram emprestados a empresários de Teresópolis, o segundo município mais castigado da região, depois de Nova Friburgo.

Brasil e EUA assinam 10 acordos bilaterais
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, e o representante do Comércio Estados Unidos, Ron Kirk, assinaram na manhã deste sábado 10 acordos bilaterais que estabelecem parcerias entre os dois países em diversas áreas, como biocombustíveis, educação e uso do espaço. A cerimônia de assinatura dos acordos foi fechada à imprensa, mas contou com a presença de autoridades dos dois países, como o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon.

Em rápido pronunciamento à imprensa no início da tarde deste sábado, o presidente americano, Barack Obama, disse que o Brasil é uma das maiores democracias da região e que pretende reforçar as parcerias comerciais entre os dois países. -Queremos aumentar os laços bilaterais. Estamos saindo de uma recessão bastante difícil e precisamos resolver os desequilíbrios resultantes dessa crise – afirmou.

Mercado de Petróleo não sofreu mudanças estruturais com crise do Oriente Médio e Japão
O secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Marco Antonio Almeida, afirmou neste sábado que, apesar da crise no Oriente Médio e da tragédia no Japão, o mercado de petróleo não sofreu mudanças estruturais importantes.

A expectativa do mercado é que, após o maior terremoto da história no Japão, a economia daquele país desacelere e, com isso, haja naturalmente uma redução no consumo de energia. – O consumo deve baixar enquanto o Japão tiver problemas, mas deve aumentar após o início da recuperação do país. No Oriente Médio, também deve haver um pequeno ajuste de oferta. Mas tudo isso é conjuntural e não tem interferência estrutural no mercado – disse, durante a Cúpula Empresarial Brasil-EUA em Brasília.

Almeida confirmou o interesse dos americanos em comprar petróleo do Brasil, mas lembrou que novos negócios serão tratados entre as empresas e não entre os governos. Segundo o secretário, as empresas querem, cada vez mais, importar petróleo de países estáveis, que tenham estoque de longo prazo e respeitem contratos. – Daqui a sete ou oito anos, o Brasil vai ter petróleo para exportar.

Rastros de Kadafi no Brasil: fundo bilionário da Líbia tem interesse em megaprojeto de irrigação na Bahia
É no sertão baiano, às margens do Rio São Francisco, que o governo de Muamar Kadafi – envolvido em uma sangrenta disputa com rebeldes para se manter à frente da Líbia – pode fazer sua grande aposta de investimento no Brasil.

É lá, nas cidades de Xique-Xique e Itaguaçu da Bahia, a 500 quilômetros de Salvador, que está sendo implantado um dos maiores projetos de irrigação do país: o Baixio do Irecê, com orçamento de R$ 880 milhões, dos quais R$ 550 milhões previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. O projeto por ora está sendo tocado pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), estatal ligada ao Ministério da Integração Nacional, e deve ser licitado ainda este ano no âmbito das Parcerias Público Privadas.

Entre os cotados para ganhar o leilão está o consórcio formado pela Codeverde – que tem como sócio majoritário o grupo Odebrecht – e o bilionário fundo soberano da Líbia, o Libian Arab Foreign Company (Lafico), controlado pelo governo Kadafi e com investimentos diversos, que inclui até o time de futebol italiano Juventus.

O consórcio já destinou US$ 1,5 milhão – cada parceiro arcou com metade dos custos – para o desenvolvimento de uma proposta de modelo de negócios para a região, apresentada ao governo brasileiro em 2007 e que hoje está sendo aprimorada pelo Banco Mundial.

Procuradoria do Trabalho entra na Justiça contra Camargo Corrêa por causa de Jirau
O Ministério Público do Trabalho ajuizou neste sábado uma ação civil pública contra a construtora Camargo Corrêa, responsável pelas obras da Usina Hidrelétrica de Jirau. A empresa, que havia assumido compromisso de assinar um termo de ajustamento de conduta (TAC) nesta segunda-feira, fez modificações no documento que, segundo o procurador regional do Trabalho Francisco Cruz, no conjunto não atendem às necessidades dos trabalhadores.

Uma das alterações pedidas pela Camargo Corrêa é que o pagamento dos trabalhadores ficasse restrito ao salário-base, sem considerar outros ganhos que os operários recebem. Consultada, a empreiteira afirmou que ainda não foi notificada da ação do MP do Trabalho.

As obras de Jirau, um dos maiores projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), estão paradas desde quarta-feira, depois que uma rebelião de trabalhadores destruiu alojamentos e instalações da usina.

O sexto membro (trecho de artigo de Merval Pereira sobre o Brasil no Conselho de Segurança)
Não é de hoje que o Brasil reivindica um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, mas nunca esteve tão próximo de consegui-lo quanto em 1945, quando da criação do organismo internacional ao final da Segunda Guerra Mundial. Essa história está relatada na tese do diplomata Eugênio Vargas Garcia, membro da delegação brasileira na ONU em Nova York, aprovada com louvor no Instituto Rio Branco e que ele pretende publicar em livro.

Com o título “O Sexto Membro Permanente – O Brasil e a Criação da ONU”, conta, com base em documentos, alguns inéditos, pesquisados tanto em arquivos nos Estados Unidos como no Brasil, como reivindicamos pela primeira vez a inclusão como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU que estava para ser criado de acordo com uma minuta aprovada na Conferência de Dumbarton Oaks, em 1944, “Propostas para o Estabelecimento de uma Organização Internacional Geral”.

A tese de Eugênio Vargas Garcia é de que os EUA assumiram a dianteira do processo em parte porque seus aliados estavam ocupados demais para investir tempo e recursos em atividades de planejamento que não fossem voltadas para fins militares imediatos.

“Por um momento a Grã-Bretanha travou quase sozinha a guerra contra a Alemanha nazista e a URSS suportou uma luta titânica de vida ou morte na frente oriental. Geograficamente distante das zonas de batalha, os EUA não tiveram seu território continental atacado durante o conflito. Eram possivelmente o refúgio mais seguro para conferências internacionais e conclaves do gênero”, analisa seu trabalho.

Entre outras fórmulas aventadas na época, o estudo mostra que Roosevelt acalentava a ideia de implantar um sistema chamado por ele de “tutela dos poderosos” já que, na sua avaliação, os mecanismos de consenso e participação universal da Liga das Nações não teriam funcionado. “Era preciso lançar mão de expedientes mais drásticos”.

Encruzilhada tucana (trecho de artigo de Marcos Coimbra, presidente do Vox Populi)
Ao longo dos próximos dois meses, o PSDB terá uma excelente oportunidade para se repensar. Cumprindo o que estabelece a legislação que regula a vida dos partidos, está realizando suas convenções zonais e municipais, de domingo passado até hoje. As estaduais serão em 17 de abril e a nacional em 29 de maio. Nos três níveis, o partido se reavaliará.

É um bom momento para que isso aconteça. Depois da derrota na eleição presidencial, ainda atordoado pelos maus resultados nas disputas para o Senado e a Câmara, o PSDB precisa encontrar logo seu rumo. De janeiro para cá, dentro de quatro paredes, os tucanos conversaram muito, mas não emitiram sinais claros para a sociedade sobre o que pretendem.

Suas lideranças, quando vêm a público, enfatizam que o partido precisa encontrar um discurso, que não pode ficar sem um diagnóstico da situação atual do país e sem propostas. Que deve definir que tipo de oposição fará ao governo, para não restar a reboque dele. Falta fazer. As eleições acabaram há seis meses, o ano político já tem três, a legislatura começou no dia 1º de fevereiro. Passou a hora de repetir que o PSDB está sem discurso. É preciso formulá-lo.

Essa demora é prejudicial às outras forças oposicionistas, que viveram, ano passado, experiências ainda mais traumáticas que o PSDB. DEM e PPS sequer tiveram o consolo de conquistar vários governos estaduais, entre os quais algumas joias da coroa, como São Paulo e Minas. Diminuíram de tamanho e estão ameaçados de minguar ainda mais, enfrentando o risco de defecções em massa. Por tudo isso, mais dependentes ficaram do irmão maior.

O ESTADO DE S. PAULO

Após almoço com Obama, FHC elogia Dilma pelo convite
O ex-presidente da República Fernando Henrique elogiou neste sábado, 19, o convite da presidente Dilma Rousseff para participar, em Brasília, do almoço oferecido ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. “Achei uma gentileza, senão não teria vindo”, disse.

“Em matéria de Estado, quando se está representando o País, não cabem divisões partidárias. A presidente Dilma demonstrou que tem compreensão correta dessa matéria”, afirmou. “Temos que ter uma relação. Não é necessário tratar um como Deus e outro como demônio. Aí não dá”, afirmou FHC, referindo-se à proximidade de Dilma com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Convidado, Lula não quis participar do encontro com Obama. Outros três ex-presidentes, além de FHC, estiveram no almoço: José Sarney, Itamar Franco e Fernando Collor. FHC ironizou o fato de Lula, na condição de presidente, nunca tê-lo convidado, como fez Dilma. “É que o Lula é meu amigo de tantos anos atrás e achou que não era necessário”, afirmou. E alfinetou: “O Lula, quando eu era presidente, esteve comigo. Muitas vezes”.

Fernando Henrique ainda defendeu o discurso firme de Dilma Rousseff  na recepção a Obama. “O discurso de interesse do Brasil tem que ser duro, tem que dizer as verdades como são, quais os nossos interesses”.

BC de Tombini se alinha com a Fazenda
Depois de quase cinco anos de embates frequentes, os primeiros três meses do governo Dilma mostram um alinhamento maior entre o Banco Central e o Ministério da Fazenda na gestão da política econômica. A transição da fase de beligerância para um clima mais ameno é fruto de uma visão mais convergente em torno da estratégia de combate à inflação sem, no entanto, sacrificar demais o crescimento.

Outro aspecto dessa aproximação é a gestão da política cambial, que tem sido bem mais ativa para evitar uma alta do real. Na aposta do Planalto, disse um assessor da presidente, a boa convivência entre BC e Fazenda vai continuar porque a inflação deve “recuar bem a partir de abril”.

O alinhamento Tombini-Mantega ocorre sob um plano de voo traçado pela presidente Dilma Rousseff, gera, contudo, preocupações no mercado financeiro sobre o grau de autonomia do BC e a eficácia do esforço de combate à inflação. É que, para profissionais do mercado, tal aproximação ocorre baseada em uma menor disposição do governo em atacar a alta dos preços, colocando em risco o controle inflacionário no médio prazo.
A aproximação do BC com a Fazenda não é um processo que começou no dia 1.º de janeiro. Na própria gestão de Henrique Meirelles no BC, o grau de tensão no último ano já era bem menor do que em 2006, quando Mantega assumiu a Fazenda no lugar de Antônio Palocci.

Segundo uma fonte da Fazenda, um dos principais fatores que facilitaram a aproximação do BC foi a mudança de perfil da diretoria do órgão. Ao longo dos últimos anos, desde a saída de Afonso Bevilaqua (considerado ultraortodoxo pela Fazenda), a direção do órgão passou paulatinamente a ser ocupada mais por nomes da carreira da instituição ou do serviço público – culminando na atual composição apenas de servidores públicos.

‘Gatos’ contratam mão de obra para usina de Jirau
As construtoras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) recorrem às mesmas práticas de recrutamento de trabalhadores dos tempos do “Brasil Grande”, nos anos 70, quando o País viveu um surto de desenvolvimento econômico no período do regime militar (1964-1985). As vagas dos canteiros de obras da usina hidrelétrica de Jirau, paralisadas depois de um quebra-quebra promovido pelos operários, foram preenchidas, nos últimos meses, por migrantes que receberam promessas de “gatos” para enfrentar mais de três dias em ônibus precários das cidades nordestinas até as margens do Rio Madeira.

A história de um dos “gatos”, pagos para recrutar pessoal sem qualificação em sítios e povoados do sertão, ganhou status de lenda, tamanho o ódio que desperta nos que se aventuraram em busca do “Eldorado” de Rondônia. Os operários falam de um “Antônio Carlos”, de boa conversa, que “engana direitinho o pessoal”. Ninguém sabe o nome completo ou o endereço dele.

Os “Antônios” com sobrenome e demais dados de identificação são os que aparecem nas filas de reclamação. “Ele cumpriu o trato de garantir merenda na viagem, mas até agora não recebi os R$ 120 que prometeu quando a gente chegasse aqui”, queixou-se o operário Antônio Raimundo Pinho da Silva, 48 anos, um dos que deixaram o alojamento da Jauru Engenharia, na madrugada de quinta-feira, após a revolta. O incêndio teria sido provocado por funcionários da Camargo Corrêa revoltados com o valor dos benefícios.

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