da Tribuna

Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), o Brasil bateu recorde em número de doações de órgãos no ano de 2010. Conforme o MS o crescimento foi de 14%, totalizando 1.896 doadores. Porém, na Bahia essa realidade ainda está um pouco distante. De acordo com dados da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) em 2009 o número de doadores de órgãos foi de 53 e no ano seguinte, 2010, houveram 57 doadores de órgãos.

Nos dois primeiros meses deste ano, o total de doações foi de 26, o que ainda é muito pequeno, conforme os especialistas. Medo pode ser o principal motivo que deixa a população temerosa em decidir ser doadora de órgãos e tecidos. “A falta de preparo dos profissionais de saúde, aliada ao não entendimento do trâmite por conta da população. A nossa sociedade ainda não sabe o significado do transplante para salvar uma vida”, explicou o coordenador de transplante na Bahia Eraldo Salustiano.

De acordo com ele, o principal entrave da doação é o não dos familiares ou a falta de abordagem por parte dos profissionais. “Precisamos do consentimento de parentes de primeiro ou segundo grau, ou esposo ou esposa. Na Bahia recebemos cerca de 70% de negativas, enquanto que em São Paulo esse número não passa dos 25%”.

Mesmo com aumento considerável nos últimos anos, a realidade de doadores ainda está bem distante da ideal, conforme os especialistas. A média baiana de doadores por milhão de pessoa é de quatro doadores, enquanto a media nacional é 9,9. “O ideal seria 20 doadores por milhão de pessoa, no Brasil e aqui na Bahia também”, acrescentou o coordenador.
 
Aumento Nacional – Segundo o MS, o crescimento é consequência de um melhor Sistema Nacional de Transplantes (SNT), além do maior repasse de recursos para o setor. A média nacional de doações – 9,9 por milhão de pessoa (pmp) – também apresentou aumento de 13,8% em relação a 2009, quando o índice era de 8,7 pmp. Nos últimos sete anos, a média de crescimento anual tem sido de 7%.

Alguns Estados, como Santa Catariana e São Paulo, mantêm índices de doações próximos aos de países altamente desenvolvidos, como Espanha e Canadá, que mantêm médias acima de 20 doadores pmp. Os índices de doações de Santa Catarina e São Paulo são, respectivamente, de 17 pmp e 21 pmp.

O número de transplantes de órgãos sólidos (coração, fígado, pulmão, rim, pâncreas) cresceu 7% em apenas um ano. No último ano, foram realizados no Brasil 6.422 transplantes do tipo, enquanto que em 2009 foram 5.999.  Comparadas as quantidades de transplantes de órgãos sólidos realizadas em 2003 e 2010, o crescimento foi de 53,12%. Em 2003, foram realizados 4.194 procedimentos deste tipo.

Já a totalidade de transplantes – considerando órgãos sólidos, tecidos (córneas) e células (medula) – saiu dos 20.253 em 2009 para 21.040 no ano passado. O Ministério da Saúde informa que seus investimentos no setor mais do que triplicaram nos últimos oito anos. Em 2010, o valor chegou a R$ 1,198 bilhão. Já, em 2003 o investimento foi de R$ 327,85 milhões. O Sistema Único de Saúde (SUS) responde por 95% dos transplantes de órgãos sólidos.

Transplante de medula óssea

O número de transplantes de medula óssea apresentou um expressivo aumento, saindo de 1.531 cirurgias em 2009 para 1.695 em 2010, um crescimento de 10,7% em um ano e de 74,38% desde 2003, quando foram registrados 972 transplantes. A grande expansão do Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) é o principal motivo desse aumento no número de cirurgias do tipo.

Atualmente, o Brasil possui dois milhões de doadores cadastrados, sendo o terceiro maior banco de dados do gênero no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos (5 milhões de doadores) e da Alemanha (3 milhões de doadores). Em 2003, o cadastro brasileiro contava com apenas 49,5 mil voluntários.

Compartilhe