Lilian Machado/Tribuna

Se na folia de Momo, o governador Jaques Wagner (PT) já havia dado brechas sobre a chance de uma relação política mais próxima com o Palácio Thomé de Souza, durante o ato de filiação do prefeito João Henrique ao PP – segundo maior partido de sua base de sustentação – os sinais de uma aproximação ficaram ainda mais evidentes.

Sob as bênçãos do governador, que surpreendeu ao comparecer ao ato, realizado no Hotel Mercure, Rio Vermelho, o alcaide municipal selou no último sábado o casamento, que se depender das hostes governistas, será duradouro. 

Entretanto, apesar de  se mostrar favorável a entrada do prefeito no PP, o governador teria dado um alerta de que deseja ambos ao seu lado no projeto de eleger o seu candidato à sucessão municipal de 2012. 
 
O ingresso oficial do prefeito na sigla virou uma grande celebração com a presença do presidente do partido, Mário Negromonte, do novo chefe da Casa Civil da prefeitura, o vice-presidente da legenda, João Leão, deputados estaduais, federais, secretários municipais e vereadores. Em contrapartida, integrantes do PT e do PCdoB – aliados de Wagner ignoraram o ingresso de JH no ninho progressista e não compareceram à cerimônia de adesão.

Ao demonstrar satisfação com o novo abrigo político do prefeito, o gestor petista destacou a tendência de “um relacionamento de longo prazo”. Segundo o governador, seu objetivo é “unificar forças e não separar”.

“Espero que até 2012, se possível, a gente consiga costurar a unidade dentro da base de sustentação do governo. É claro que não posso impor, mas deixo aqui meu desejo”, disse durante pronunciamento. 

Temendo uma possível repetição de cenário político já vivido com o PMDB, Wagner dirigiu um recado claro aos progressistas ao dizer que: “Quando se cresce não se tem o direito de dispersar, mas a obrigação de fortalecer os seus laços para que os que estão na arquibancada não queiram fazer a nossa divisão”, enfatizou.

Conforme Wagner, não há razão para que ele e João Henrique não trabalhem sob a perspectiva de uma parceria político-administrativa. Além disso, Wagner enfatizou que estava ali também para retribuir a lealdade do PP e que seu interesse é o de ajudar Salvador, com muitos investimentos.

Acompanhado da primeira-dama, deputada Maria Luiza Carneiro, que também já teria sinalizado o projeto de se filiar ao PP, o prefeito João Henrique destacou que ingressou em um partido que pode ajudar mais a cidade. Segundo ele, a sua nova caminhada teria sido concretizada por uma “vontade de Deus”.

Ao seu estilo, o prefeito ainda emendou ao dizer que não pretende ser um grande líder dentro do novo partido. “Preferi entrar na condição de comandado. O PP já tem grandes nomes consolidados como João Leão e o ministro Mário Negromonte”, afirmou.

Ainda conforme JH, “os interesses partidários têm que ficar atrás dos interesses do povo”, que não conseguirão intrigá-lo, nem ao PP com o governador. “Não adianta. Vão perder tempo aqueles que querem intrigas”, frisou.

Oposicão marca terreno

Enquanto os governistas se reuniam em torno da filiação do prefeito de Salvador ao PP, os principais protagonistas do grupo de oposição no Estado não perdiam tempo e também já conjecturavam um projeto unificado para as eleições municipais de 2012, durante o congresso do PPS, que aclamou o vereador Joceval Rodrigues como novo presidente municipal do partido.

 No ato, os deputados federais ACM Neto, ícone do DEM na Bahia, Antonio Imbassahy, presidente estadual do PSDB e Lúcio Vieira Lima, dirigente do PMDB baianomostraram o discurso que deve ser demarcado até a corrida pelo Palácio Thomé de Souza.

“Queremos também ampliar as conversas com o PSDB, PMDB e PR. Se a oposição ao governo do estado tiver responsabilidade, teremos um projeto comum em Salvador e nas principais cidades do interior do estado”, enfatizou ACM Neto.

O presidente do PMDB também frisou o interesse por uma aliança: “Temos de deixar as diferenças do passado de lado e conversar, buscando um entendimento”, frisou.  (LM) 

Compartilhe