O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, recebe nesta segunda-feira na Casa Branca o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, com quem abordará a imposição de sanções multilaterais contra o regime líbio. A reunião chega após um intenso fim de semana no qual tanto o governo americano como o Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas anunciaram sanções contra o governo de Muammar Kadafi, a quem Obama instou no sábado a abandonar o país imediatamente.

O presidente americano assinou na sexta-feira um decreto para congelar os ativos do líder líbio e de sua família, um primeiro passo que a secretária de Estado Hillary Clinton seguiu horas depois com a aprovação de uma ordem para revogar os vistos de entrada ao país dos funcionários do governo líbio e de seus familiares.

O CS concluiu na madrugada do domingo uma longa reunião dedicada à Líbia com um voto unânime para impor ao regime e a seu entorno sanções como o bloqueio de todos seus bens no exterior, a proibição de viajar ou o embargo de armas.

Obama e Ban debaterão agora quais devem ser os seguintes passos para bloquear o passo de Kadafi, e o líder americano, em particular, deverá decidir se escuta propostas como a do senador John McCain, que lhe pediu no domingo do Cairo para declarar a Líbia zona de exclusão aérea e a considerar empreender ações militares.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi
Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta do que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que Força Aérea líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.

Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renunciou e pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbios também pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade. Terra

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