Do G1, com agências internacionais

Milhares de manifestantes continuavam nesta terça-feira (8) acampados na Praça Tahrir, no centro Cairo, exigindo a renúncia do presidente do Egito, Hosni Mubarak.

O país continuava em um impasse, no 15º dia de protestos contra o regime de Mubarak, no poder há 30 anos.

Dois dias após o início formal da negociação com os vários grupos da oposição egípcia, o governo fez concessões, consideradas insuficientes.

Na praça, manifestantes dormiam em barracas, muitos deles perto dos tanques do Exército posicionados nos acessos à praça.

Uma grande faixa com a frase “O povo exige o fim do regime” permanece no local. A praça, um cruzamento de avenidas normalmente congestionado pelos engarrafamentos, virou uma área de pedestres.

Concessões
O presidente Mubarak criou uma comissão para reformar a Constituição, anunciou nesta terça (8) o vice-presidente Omar Suleiman.

A criação havia sido acertada durante reunião entre governo e oposição dois dias antes.

Na segunda, o governo anunciou um aumento de 15% nos salários do funcionalismo e nas aposentadorias. Mais cedo, o novo gabinete ministerial -em sua primeira reunião completa- prometeu investigar casos de fraude eleitoral e corrupção no serviço público.

O ministro das Finanças, Samir Radwan, disse que os aumentos vão custar US$ 960 milhões e vão valer a partir de abril, para mais de 6 milhões de pessoas.

No passado, o funcionalismo público foi um dos pilares de sustentação do regime, mas ele ficou minado por conta das recentes crises financeiras.

Manifestantes acampados na Praça Tahrir, no centro do Cairo (Foto: AP)
Manifestantes acampados na Praça Tahrir, no centro do Cairo (Foto: AP)

O governo e as forças armadas tentavam fazer o país, o mais populoso do mundo árabe, a voltar ao trabalho.

Os bancos reabriram no domingo, e a Bolsa de Valores deve reabrir no próximo dia 13.

O toque de recolher, que vigora desde 28 de janeiro, foi encurtado em uma hora nesta segunda, e agora vale de 20h às 6h.

A Irmandade Muçulmana, importante força de oposição e um dos grupos que se reuniu com autoridades governantes no final de semana, anunciou que as reformas propostas por Mubarak são “insuficientes”. “As demandas são ainda as mesmas. O governo não respondeu à maioria deles, apenas a algumas e de forma superficial”, disse Essam al-Aryane, um dirigente da Irmandade.

mapa do egito com dados (Foto: Editoria de Arte / G1)
Dados do Egito (Foto: Editoria de Arte / G1)

Com alguns egípcios ansiosos por um retorno à normalidade, o governo alertou sobre os danos à estabilidade econômica e à economia que vão decorrer do prolongamento dos protestos, que abalaram o Oriente Médio e abriram um novo capítulo na história moderna do Egito.

Obama está ‘confiante’
O presidente norte-americano, Barack Obama, disse nesta segunda que viu progressos na negociação iniciada na véspera.

Diretor do Google é solto
Um diretor egípcio do Google, detido durante as manifestações,, foi libertado nesta segunda-feira.

Wael Ghoneim, chefe de mercado do Google para o Oriente Médio e África, segundo seu perfil na rede social para profissionais LinkedIn, não havia dado notícias suas desde 28 de janeiro, depois de uma gigantesca manifestação no Cairo, declarou seu irmão ao jornal “Wall Street Journal”.

A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional expressou no domingo sua preocupação com a possibilidade de que Ghoneim fosse torturado durante sua prisão.

Segundo a Anistia, que citava testemunhos oculares, Wael Ghoneim foi detido por homens à paisana, provavelmente membros dos serviços de segurança egípcios, durante as manifestações.

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