Alessandra Saraiva, da Agência Estado RIO

– A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2010 com uma taxa acumulada de 5,91%, a mais forte elevação para este indicador desde 2004, quando o índice subiu 7,6%. O indicador também ficou acima do centro da meta estipulada pelo Banco Central (BC) para o ano, de 4,5%. Em 2009, o IPCA subiu 4,31%. As informações foram divulgadas nesta sexta-feira, 7, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

 O resultado anual veio dentro do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, que iam de 5,84% a 5,93%, e acima da mediana, de 5,88%. O IPCA é o índice oficial utilizado pelo BC para cumprir o regime de metas de inflação, determinado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). No resultado mensal, o indicador subiu 0,63% em dezembro de 2010, após avançar 0,83% em novembro. A taxa do mês passado ficou perto do teto do intervalo das estimativas dos analistas consultados pelo AE Projeções (0,56% a 0,65%), e acima da mediana, de 0,59%. A perda de força na inflação do grupo alimentação e bebidas, que passou de 2,22% para 1,32% entre novembro e dezembro do ano passado, foi a principal causa para a desaceleração do IPCA no mesmo período. Segundo o instituto, produtos que haviam impactado novembro com altas expressivas tiveram resultados mais moderados no mês seguinte. No resultado anual, contudo, os alimentos foram os vilões da inflação. No caso das carnes, a alta no preço deste tipo de produto passou de 10,67% em novembro para 2,25% em dezembro. O item refeição em restaurante foi a principal contribuição ao IPCA do mês passado. Os preços das refeições fora de casa subiram 1,98% em dezembro ante alta de 1,40% em novembro e contribuíram com 0,09 ponto porcentual na formação do IPCA do último mês de 2010. No entanto, mesmo em menor ritmo de crescimento, o grupo alimentação e bebidas teve 0,31 ponto porcentual de contribuição, o que correspondeu a 49% do IPCA de dezembro. Alimentos puxam inflação em 2010 Segundo o IBGE, 40% do total do IPCA do ano passado foi originado da inflação dos alimentos, que subiram 10,39% em 2010, após avançarem 3,18% em 2009. Isso representou uma contribuição de 2,34 pontos porcentuais dos alimentos no IPCA de 2010, segundo o instituto. Entre os destaques de elevação, o IBGE citou o comportamento de preços dos feijões, que subiram 51,49% em 2010. No entanto, a maior contribuição individual no IPCA de 2010 partiu das carnes, que subiram 29,64% no ano passado, e representaram 0,64 ponto porcentual do resultado total do indicador no período. Com os preços dos alimentos em alta, houve aumento de 10,62% nos preços de refeições fora de casa, que foram a segunda maior contribuição individual para o IPCA do ano passado (0,46 ponto porcentual). Já os produtos não alimentícios subiram 4,61% em 2010, pouco abaixo da taxa de 4,65% de 2009. O item empregados domésticos mostrou alta de 11,82% em 2010, a principal contribuição entre os não alimentícios e a terceira contribuição individual no IPCA como um todo (0,40 ponto porcentual). A inflação de 2010 medida pelo IPCA, que subiu 5,91%, foi muito similar à apurada em 2008, quando o indicador avançou 5,90%, disse a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes. Ela comentou que, tanto em 2008 quanto em 2010, houve aumentos expressivos nos preços dos alimentos, que ajudaram a elevar o IPCA. Eulina lembrou que o comportamento de preços dos alimentos tem forte influência no resultado do índice. “Qualquer mudança nos preços dos alimentos, para cima ou para baixo, mexe muito com o IPCA”, comentou. Ela observou que o ano de 2010 contou com vários fatores que afetaram diretamente a oferta de alimentos, tanto no mercado doméstico quanto no mercado internacional. Lembrou que ocorreram problemas de safra em países produtores em escala mundial, como a Rússia por exemplo, o que ajudou a elevar os preços de commodities de uma maneira geral, no mundo. Isso contribuiu para puxar para cima a inflação dos alimentos no mercado doméstico em 2010 em produtos relacionados às commodities. Além disso, a técnica destacou que, tanto em 2008 quanto em 2010, houve um forte aumento na demanda por alimentos nos mercados doméstico e internacional, mas que não foi acompanhada pela oferta de produtos na mesma magnitude, o que ajudou a provocar elevação de preços. Inflação da baixa renda fecha 2010 com taxa de 6,47% O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) desacelerou a alta para 0,60% em dezembro do ano passado, após avançar 1,03% em novembro, segundo também informou o IBGE. Ainda segundo o instituto, o INPC fechou o ano de 2010 com taxa de 6,47%, após subir 4,11% em 2009. O INPC é calculado pelo IBGE desde 1979 e abrange famílias com renda entre um e seis salários mínimos.

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