Bruno Tavares e Vitor Hugo Brandalise – O Estado de S.Paulo

No fim do seu quarto ano na administração de São Paulo, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) alcançou 55% de aprovação dos paulistanos, segundo pesquisa Ibope publicada com exclusividade pelo Estado. Na avaliação qualitativa, porém, a maior fatia dos entrevistados (37%) ainda considera a gestão regular. Para 33%, ela é boa e para 6%, ótima. Há ainda 16% que a definem como péssima e 8%, como ruim.

 A pesquisa Ibope foi realizada entre 21 e 23 de dezembro, antes do anúncio do aumento da tarifa de ônibus – de R$ 2,70 para R$ 3. As áreas apontadas como mais problemáticas coincidem com as bandeiras de campanha de Kassab, como Saúde (64% indicaram deficiências) e Educação (32% apontaram problemas), em que o governo tem enfrentado dificuldades para implementar seus projetos.

Na Saúde, por exemplo, o prefeito ainda não conseguiu dar início às obras de construção de três hospitais, previstos para serem entregues até 2012. A terceirização de unidades médicas, outra aposta do Executivo, também não engrenou e, pior, virou alvo de contestações do Tribunal de Contas do Município.

Na Educação, a falta de vagas em creches dobrou nos últimos dois anos: hoje, 125 mil crianças esperam lugar na sala de aula; em 2008, eram 57 mil. Para cumprir o plano de metas da gestão, Kassab terá de reverter o quadro e zerar esse déficit até 2012.

Para 31% dos entrevistados, o principal problema não resolvido são as enchentes. No início do ano, elas já haviam sido responsáveis pela queda na popularidade do prefeito. Nessa área, também há promessas não cumpridas, como a construção de piscinões na Pompeia, zona oeste, e Anhangabaú, no centro.

Violência e drogas, temas que Kassab passou a focar desde a criação da Operação Delegada – parceria com a Polícia Militar para combate ao comércio ilegal -, estão entre os piores problemas para 43% dos entrevistados. Embora a polícia seja atribuição do Estado, o Ibope incluiu a questão por considerar a segurança “sério problema, ligado à vida na cidade”.

A pesquisa avaliou ainda a percepção do paulistano em relação a serviços e eventos promovidos pela Prefeitura, ou que têm impacto na capital, como a Fórmula 1 e a Fórmula Indy.

No ranking dos cinco eventos e serviços mais bem avaliados, três têm cunho cultural, como as Viradas Cultural e Esportiva e o Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso. Na parte de baixo da lista, todos os itens se referem a zeladoria e organização da cidade – Córrego Limpo, Cidade Limpa, urbanização de favelas e organização das Fórmulas 1 e Indy. “É nas avaliações de sua cidade que as pessoas são mais críticas, já que lidam com questões de seu dia a dia”, diz a diretora do Ibope, Márcia Cavallari. “Por isso, prefeitos são mais sujeitos a oscilações e é difícil ver índices de aprovação muito altos.”

O Ibope ouviu 812 pessoas, todas eleitoras de 16 anos ou mais, residentes em todas as regiões da cidade. A margem de erro é de 3 pontos, para mais ou menos.

FATOS MARCANTES
Cargos. Gilberto Kassab (DEM), de 50 anos, foi secretário de Planejamento do governo Celso Pitta de 1997 a 2000. Em 2006, assumiu como vice-prefeito na chapa do tucano José Serra (PSDB).

Bandeira. É autor do decreto que criou a Lei Cidade Limpa, que proibiu outdoors e disciplinou a publicidade na fachada de imóveis comerciais. A norma entrou em vigor em 1º de janeiro de 2007.

Polêmica. Em 2007, expulsou de um posto de saúde do bairro de Pirituba, aos gritos de “vagabundo”, o manifestante Kaiser Paiva Celestino da Silva, dono de uma empresa de placas, contrário à Lei Cidade Limpa.

Enchentes. Em setembro de 2009, cortou 20% da verba de limpeza pública da cidade. Após as enchentes, culpou administrações anteriores pelos alagamentos. Os estragos fizeram sua popularidade cair de 61% para 39%.

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