Fernando Nakagawa, da Agência Estado

BRASÍLIA – Dados apresentados hoje pelo chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, mostram que o crédito pessoal parece ser o empréstimo que mais sentiu as medidas anunciadas no início do mês. Na média, até o dia 9 de dezembro, o juro desses empréstimos subiu 1,2 ponto porcentual na comparação com novembro, para 43,2% ao ano.

Boa parte do encarecimento dessa linha de crédito é explicada pelo aumento da margem cobrada pelos bancos na operação, o chamado spread bancário – diferença entre a taxa de captação paga pelo banco e o juro cobrado pela instituição nos empréstimos. Nos 9 primeiros dias deste mês, o spread dessa operação subiu 0,8 ponto, para 30,9 pontos. “Esse pode ser um início de efeito (das medidas)”, afirma Altamir. Apesar disso, ele faz ressalva que o número reflete o movimento de poucos dias. “Por isso, ainda é muito pouco para se tirar conclusões.”

No caso do financiamento de veículos, Altamir acredita que o reflexo vai demorar um pouco mais para ser observado. Por enquanto, o juro médio subiu 0,2 ponto porcentual na comparação com novembro, para 23% ao ano. O aumento reflete apenas a elevação do custo de captação dos bancos, já que o spread dessa linha de crédito seguiu estável.

No cheque especial, a trajetória da taxa foi exatamente o contrário. Nos 9 primeiros dias de dezembro, o juro médio cobrado caiu 4,6 pontos porcentuais, para 164,7% ao ano. A redução é explicada por Altamir pelo recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o que permite a muitos clientes quitar dívidas nessa operação – o que reduz a demanda pelo crédito e diminui o juro médio praticado pelos bancos.

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