Juscelino Souza l A TARDE

Néia Rosseto/Agência A TARDE

Juraci José dos Santos, 49, mora em Maetinga com a mulher, Maria Viana dos Santos, 51, e a filha

Juraci José dos Santos, 49, mora em Maetinga com a mulher, Maria Viana dos Santos, 51, e a filha

Maetinga – A redefinição dos limites territoriais, pelo governo do Estado, na macrorregião de Vitória da Conquista, aliada ao êxodo rural estimulado pela agricultura no oeste da Bahia e corte de cana e produção de lenha no Sudeste do País, é apontada como a principal causa para a redução populacional em municípios do sudoeste, a exemplo de Maetinga, a 631 km da capital.

O “encolhimento” de Ribeirão do Largo, Caraíbas e Potiraguá – outros municípios baianos que mais perderam população no País, segundo o Censo 2010 do IBGE – está sendo creditado pela população à falta de emprego e absorção de mão-de-obra na fábrica de calçados de Itapetinga, a 560 km de Salvador.

O município de Maetinga foi o que mais perdeu população na última década, de acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), caindo de 13,6 mil para 7.031. Parte dos 6.569 retirantes de Maetinga foram para Caraíbas ou Presidente Jânio Quadros. O censo também deixou de registrar um contingente populacional em torno de 1,5 mil pessoas que, durante o período da coleta de dados, estavam em outros estados, como o marido e os 10 filhos da lavradora Ana Francisca de Jesus Pereira França, 70.

A confusão provocada pela divisão de território – iniciativa da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia da Secretaria Estadual do Planejamento (Seplan) – resultou, ainda, na evasão de recursos federais e migração de eleitores maetinguenses. A filha da lavradora, Adriana Pereira de França, 23, transferiu o domicílio eleitoral para Caraíbas, e outros fizeram o mesmo nos últimos meses. Sobram queixas de todos, inclusive dos comerciantes. “Está tudo parado, ninguém investe na cidade, falta emprego”, lamenta Edson Oliveira.

Para o prefeito do município, Brasilino José da Silva Neto (DEM), a saída é solicitar a releitura dos dados ou, em caso de recusa, acionar judicialmente o IBGE para contestar o censo e evitar redução no repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Com a queda de população, Maetinga, que arrecada pouco mais de R$ 1 milhão, terá redução no coeficiente (definido a partir do número de moradores) no FPM e passará a receber algo em torno de R$ 600 mil. A Tarde

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