Belém é a cidade onde o quilômetro rodado de táxi é o mais caro entre 11 capitais selecionadas pelo iG. Além disso, o preço cobrado pela bandeirada é o segundo maior. Só perde para o Rio de Janeiro. Segundo informações da Prefeitura de Belém, há 5 mil táxis na cidade o que leva a uma proporção de 278 pessoas para cada carro.

 O sindicado dos taxistas da cidade (Stabepa) contesta os números da prefeitura. Alain Castro, presidente do sindicato, diz que são 7 mil taxistas circulando em Belém, entre autorizados e auxiliares (funcionários do titular da autorização). Contabilizando apenas quem têm permissão (chamado localmente de “placa”), são 5.400 profissionais.

“Essa quantidade excede a necessidade da nossa cidade. Nós teríamos que ter, no máximo, 3 mil”, calcula Alain. “Hoje, diminuir esse volume é quase impossível. Nós tentamos até propor a redução, mas enfrentamos a dificuldade do desemprego”, diz o sindicalista.

Apesar da reclamação do sindicato sobre a quantidade de táxis nas ruas, a concessão para novas explorações do serviço não é liberada há mais de vinte anos, desde que foi municipalizada, em 1990. A responsabilidade pelo setor é da Companhia de Transportes de Belém (CTBel). Como a autorização de operação é intransferível, o taxista trabalha até a morte ou a repassa para parentes. “Só se pode repassar a concessão por invalidez, aposentadoria e morte. Mas a venda é proibida”, afirma Castro.

Existem, no entanto, propostas para democratizar o serviço. Em 2009, foi aprovada uma lei na Câmara Municipal de Belém para criar o serviço de Táxi-Lotação. Falta apenas a regulamentação da CTbel. O objetivo é oferecer carros em áreas periféricas, com conforto, com cobrança de valores mais em conta, já que as corridas podem ser compartilhadas entre até três passageiros. Os itinerários são pré-definidos, como as linhas convencionais de ônibus. A intenção é enfrentar a competição com os mototaxistas, que se espalham pela periferia.

O alto preço das corridas e a concorrência tem feito os motoristas de Belém “suarem a camisa” para conquistar passageiros. As armas são carros novos, refrigerados e até descontos na tarifa. Nas ruas, o que se vê são veículos novos, alguns até importados, nos pontos das associações. Visivelmente, percebe-se a profissionalização da categoria, até como uma forma de sobreviver. “A concorrência têm servido para melhorar o serviço. Temos que implementar formas de conquistar o cliente, como manter o carro limpo e cumprir horários”, afirma o taxista Francisco Cardoso. “Táxi novo é mais econômico. Gastamos menos com combustível e com manutenção.”

IG

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