Fernanda Chagas/Tribuna da Bahia

 Os rumores de que o prefeito João Henrique estaria em negociação avançada com o Partido Verde (PV), conforme antecipado pela Tribuna da Bahia, movimentou o meio político baiano. O PMDB, atual partido do prefeito, por exemplo, que há muito não esconde a insatisfação com o alcaide, assegurou que, caso o fato seja confirmado, o partido não hesitará em pedir, de forma imediata, o mandato do “infiel” na Justiça, sob o argumento de infidelidade partidária.

 As informações, entretanto, dão conta de que o ingresso do gestor no PV estaria apenas dependendo de se bater o martelo em torno da participação que o partido terá na prefeitura de Salvador.

 

As bolsas de apostas seriam as secretarias de Educação, cujo secretário Carlos Soares foi exonerado ontem, e a Secretaria Municipal de Serviços Públicos e Prevenção à Violência (Sesp), onde hoje se encontra o peemedebista Fábio Mota.

A recompensa seria, nada menos, que a passagem do controle da legenda para as mãos do novo filiado. A estratégia seria clorofilar e reciclar a sua administração, marcada por recentes polêmicas, como denúncias de irregularidade, perda na arrecadação e suspeições na realização de contratos, que geraram até a queda do secretário de Educação. Nesta segunda-feira (22), a apresentação ao governador Jaques Wagner de um projeto denominado “Copa Verde” seria um desses indicativos.

O presidente do PV na Bahia, Ivanilson Gomes, por sua vez, embora tenha se reunido a portas fechadas ontem, com João Henrique, nega qualquer tipo de articulação neste sentido. “Nunca existiu nada neste sentido, até porque ele (João Henrique) é filiado ao PMDB e acredito que não deva sair”, desconversou.

 Ao ser questionado sobre o assunto que o levou ao gabinete do prefeito, Gomes declarou que “falamos sobre o desenvolvimento sustentável da cidade, sobre o projeto “Copa Verde”, sobre o qual o prefeito está conversando com representantes de diversos partidos. Portanto, é natural que o PV, pela sua causa, fosse consultado, mas não passou disso”.

Perguntado se acharia a entrada do, até então, peemedebista positiva para a legenda, Ivanilson declarou que é difícil raciocinar sobre hipótese. “Como não houve nenhuma solicitação por parte de João Henrique, não posso conjecturar sobre a possibilidade”, assegurou.

Lúcio: sigla pedirá mandato

Sem esconder a insatisfação, o presidente do PMDB baiano, Lúcio Vieira Lima, que há algumas semanas havia criticado a forma de gerir do “correligionário”, disparou que, caso a saída de João Henrique se confirme, o partido não hesitará em pedir o mandato dele na Justiça.

“Mandato este que pertence ao partido. Portanto,   esta é uma decisão tomada de forma unânime entre os filiados do PMDB, em virtude do bom tratamento recebido por João que resultou na sua reeleição e que há muito vem sendo esquecido”, retrucou. Segundo ele, sete prefeitos peemedebistas estão respondendo processo por infidelidade partidária. “Com João Henrique não poderia ser diferente.

 Ele é o terceiro vice-presidente do PMDB, faz parte do diretório estadual e da executiva e recebeu todo o apoio administrativo e acolhimento pessoal no partido. Contudo, nunca ouvi nada a respeito de saída da boca do prefeito”, declarou.

Em meio a toda polêmica, a exoneração do ex-secretário municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer, Carlos Soares, foi publicada na edição de ontem do Diário Oficial do Município.

 À tarde, ele passou o cargo oficialmente para o subsecretário da pasta, Eliezer Cruz, que assume interinamente a secretaria. Ao chegar na sede do órgão, no Parque Solar Boa Vista, Engenho Velho de Brotas, Carlos Soares foi surpreendido pela mobilização de servidores, que, ao saberem que ele estava chegando, desceram e o receberam sob aplausos. Por volta das 17 horas, foi iniciada a cerimônia de passagem de cargo, também marcada por forte emoção.

O ex-secretário e o empossado receberam homenagens dos servidores do órgão com coral, chuva de pétalas de rosas e muitas felicitações.  Cruz disse  que vai manter o clima de respeito, harmonia e compromisso com a educação de Salvador. “Continuaremos a desenvolver a pedagogia do amor, que é marca da proposta da Secult”, se comprometeu Cruz. (FC)

Edson Duarte vê entrada com bons olhos

Contudo, o deputado federal Edson Duarte, líder da bancada do PV na Câmara, embora tenha negado que tivesse participado de qualquer conversa, declarou que a entrada de João Henrique no partido seria positiva para a agremiação.

“Trata-se de um prefeito de capital. Politicamente e estrategicamente, seria importante”, ponderou, complementando que na próxima semana a sigla deve fazer o anúncio de filiações de lideranças e figuras importantes que irão fortalecer os quadros e a representatividade do partido.

O prefeito, através da Secretaria de Comunicação, minizou as conversas tidas com os verdes. A justificativa de que o prefeito estava recebendo alguns dirigentes para tratar de projetos para a capital baiana foi reforçada. Vale lembrar que antes de ingressar no PMDB, após sair brigado do PDT, João Henrique já tinha cogitado entrar no PV.

Ele foi indicado pelo governador Jaques Wagner (PT), então aliado dos verdes, que o teria levado às lideranças verdes baianas. Recentemente, novas conversas foram iniciadas. “Há uns sete meses foi ventilado um possível retorno nosso ao governo municipal”, admitiu Gomes. (FC)  

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