Tribuna da Bahia
O mais recente levantamento semanal da Agência Nacional do Petróleo (ANP) confirma o que baianos já estavam vendo nos postos. Abastecer automóveis e motos com álcool é desvantagem. Isto porque o preço cobrado pelo litro do álcool ultrapassou a barreira de 70% do outro combustível. Como os automóveis à gasolina fazem mais quilômetros com o litro, acima deste percentual o etanol é sinônimo de prejuízo.
A conta é acompanhada mais pelo proprietário dos veículos flex.
Segundo pesquisa da ANP feita entre 17 e 23 deste mês, o litro do álcool custou em Salvador R$ 1,96, numa média obtida em 73 revendedores pesquisados. Mas a ANP chegou a encontrar posto vendendo o produto R$ 2,019. Já a gasolina foi vendida na capital a R$ 2,779 o litro, numa média de 75 postos, equivalendo a uma proporção de 70,3%.
Na Bahia, o etanol custa o equivalente a 70,2% da gasolina. Em média, cobra-se R$ 2,773 para cada litro deste combustível, tendo como base 423 postos. O etanol atingiu R$ 1969/litro, conforme coleta em 415 pontos de venda.
Em Juazeiro, o litro do produto tem o preço recorde de R$ 2,199. Além da capital e da “Terra de João Gilberto”, o etanol é comercializado por valores acima de R$ 2 nos municípios de Barra, Barreiras, Guanambi, Jacobina, Porto Seguro e Serrinha.
Sem reversão – Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado da Bahia (Sindicombustíveis), mesmo com o início da safra, a partir de fevereiro de 2011, não há expectativa de reversão da tendência de alta do etanol, devendo continuar sendo mais vantajosa a gasolina.
“Os motivos são diversos: estiagem que atingiu as plantações, a redução do número de usinas que estão investindo na produção do etanol, entre outros, e este quadro só deve melhorar em 2012”, afirmou a entidade, em nota distribuída à imprensa.
Nas distribuidoras, o valor pedido pelo o álcool corresponde a 68% do custo gasolina – R$ 1,527 e R$ 2,231, respectivamente, em Salvador. No estado, a proporção se repete, fruto de uma cobrança média de R$ 2,23 para a gasolina e R$ 1,522 no outro combustível. A ANP informou ainda que os valores médios do etanol hidratado subiram em 17 estados e no Distrito Federal, durante o período de 17 a 23 deste mês.
O presidente do Sindicombustíveis-BA, José Augusto Costa, atribui o aumento não só à entressafra da cana, mas a um cenário favorável do mercado de açúcar, fazendo com que o setor sucroalcooleiro prefira este produto, em detrimento do álcool.
Nos postos, percorridos pela Tribuna da Bahia na semana passada, já se pode perceber a baixa frequência de donos de veículo abastecendo com etanol. Costa adiantou que os postos vão seguir a tendência do setor e adquirir uma quantidade de álcool compatível com volume vendido do produto.