A dez dias do segundo turno da eleição, o clima de violência passou a predominar na campanha para o Palácio do Planalto. Após o presidenciável tucano José Serra ter sido atingido na cabeça por um objeto na tarde de terça-feira, hoje foi a vez de a petista Dilma Rousseff enfrentar tumulto ao realizar uma caminhada no Paraná, na qual foi alvo de balões de água que acabaram atingindo militantes que a acompanhavam.
Veja as imagens do SBT sobre o tumulto com Serra no Rio
Os dois episódios contribuíram para elevar o tom das críticas trocadas entre petistas e tucanos na reta final da disputa. Após uma reportagem do SBT indicar que o objeto lançado na cabeça de Serra ontem seria uma bolinha de papel, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou em campo para acusar o tucano de simular a agressão – embora não se saiba ao certo se o momento registrado pela emissora era de fato o único em que um objeto atingia Serra na cabeça.
“A mentira que foi produzida ontem pela equipe de publicidade do candidato José Serra é uma coisa vergonhosa”, disse Lula, que comparou o tucano ao ex-goleiro chileno Roberto Rojas. “É uma mentira mais grave do que a mentira daquele goleiro Rojas, aquele goleiro do Chile que, no Maracanã, caiu e fingiu que um foguete tinha machucado ele”, emendou.
Em 3 de setembro de 1989, durante uma partida entre Chile e Brasil no Maracanã, o chileno simulou que havia sido atingido por um sinalizador e se jogou no chão sangrando. Rojas, na verdade, havia cortado o próprio rosto com uma lâmina de barbear que escondia na luva. Mais tarde, foi banido do futebol pela FIFA devido ao incidente. O assunto logo ganhou a rede de microblog Twitter. Hoje, a hashtag #serrarojas chegou a ser o tópico mais comentado no serviço em todo o mundo.
Ontem, após o tumulto, Serra logo culpou o PT, dizendo se tratar das “tropas de assalto” do partido. Dali, seguiu em busca de atendimento médico. Hoje, ele incluiu o caso em seu programa no horário eleitoral e jogou sobre Lula a responsabilidade pelo “clima de violência” da campanha.
Em visita à cidade de Maringá, no norte do Paraná, o presidenciável tucano engatou: “Infelizmente, a atitude do presidente da República de se jogar de corpo e alma no processo eleitoral, ao invés de governar o País, e ao mesmo tempo incitar a destruir adversários como ele tem feito, só contribui para esse clima de violência”.
Dilma Rousseff em carreata no Paraná
Embora tenha demorado um pouco mais para entrar na troca de ataques, Dilma aproveitou visita a Porto Alegre na parte da tarde para provocar o adversário. Ao ser questionada sobre os balões lançados contra ela, alfinetou: “Eu não sou Rojas”.
Do outro lado, aliados de Serra preferiram afirmar que o próprio PT teria lançado os balões contra a presidenciável, para criar um factóide. “Água lançada perto do carro da Dilma foi pelo PT. Tudo combinado!”, provocou Cesar Maia (DEM), ex-prefeito do Rio de Janeiro (RJ), em seu Twitter.
Na tarde desta quinta-feira, pouco após Dilma e Serra comentarem publicamente os episódios, a campanha tucana elevou mais o tom em nota distribuída à imprensa. “É com indignação que denunciamos o baixo nível da campanha eleitoral promovida pelo PT no País. Mais uma vez, a candidata Dilma Rousseff comprova que não tem apreço e respeito pelos eleitores do Estado de São Paulo ao publicar em seu blog oficial uma declaração infame que desqualifica e agride todos os cidadãos brasileiros”, afirmou o PSDB, no documento. IG