CORREIO

A cara de mau contrasta com o semblante de garoto. T.C.P,  17 anos, tem jeito de menino, mas sua ficha criminal já é de bandido grande. Apreendido, ontem pela manhã, em Santa Cruz, onde mora com a mãe, ele confessou a participação na chacina de Itinga, que ocorreu no último dia 7 de outubro.

Não só isso, ele contou com detalhes como a operação feita a mando do líder do tráfico do Nordeste, Luís Fernando Assunção da Cruz, o Camisinha, foi realizada a sangue frio. Muito para um menino? Ele ainda admitiu ser um dos autores do assalto à Churrascaria da Pituba em maio e do roubo de mais três carros.

A operação que levou ao adolescente contou com 12  agentes da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos (DFRV). A delegada Rogéria Araújo já o investigava desde que o menor fora pego em flagrante em uma Ranger roubada na BR-324, no dia 7 de setembro deste ano. “Coincidentemente, no dia da chacina eu estava no plantão metropolitano e fui a primeira a chegar à cena do crime”, contou a delegada.

O garoto também fazia parte de uma lista com 20 nomes de pessoas investigadas na região do Nordeste, suspeitas de participação na chacina. O menor foi interrogado e decidiu revelar tudo. “Ele contou com toda a riqueza de detalhes”, diz a delegada.

Rixa
A história teve início com uma rixa entre Plácido Santos Teles – o alvo maior, morto em Itinga – e um outro rapaz conhecido como Léo Cabeça, assassinado por Teles um mês antes. 

Ambos seriam parte do grupo de Camisinha, apontado pela delegada como o chefe da maior parte das bocas nas regiões do Nordeste de Amaralina, Areial, Vila Verde, Boqueirão e Santa Cruz. Segundo ele, Teles e Léo haviam se desentendido.

A rixa entre os dois foi crescendo até que Léo Cabeça atirou contra Teles, que sobreviveu ao atentado. Pouco tempo depois, a vingança. Léo Cabeça foi assassinado na praia de Amaralina. O ocorrido fez com que Camisinha tomasse as dores do falecido, obrigando Teles a se refugiar na casa alugada, onde o fatídico episódio ocorreu.

O menor revelou também que as três meninas encontradas na casa – Luciana Sena dos Santos, Marcele Fernandes e Maiara Fernandes da Silva Teixeira – também estariam foragidas acusadas de delatar Léo, no dia de sua morte. A única que escapou, Maiara, em depoimento, disse que se fingiu de morta, versão contestada pelo jovem. “Ela teve um caso com Camisinha, por isso ele só atirou na perna”.

Ação 
A “piedade”   não foi a mesma com as duas outras garotas. Elas foram executadas na chacina junto com Teles e outro traficante conhecido como Mário dos Santos Pires, o Neguinho. 
A ação foi planejada um dia antes. Além do menor e de Camisinha, mais dois comparsas: Delmiro Max Silva Reis, o  “Tó”, e um terceiro de  prenome Raul, conhecido como Raul Bichão.

“Raul levantou o local um dia antes, viu se tinha saída e por onde entrava”, contou. Na noite do crime, eles foram guiados por Camisinha em um Citroen C3, roubado horas antes. Eles chegaram e encontraram o portão aberto, subindo pela escada que daria acesso à residência.

Na porta, Neguinho foi o primeiro a ser assassinado. T.C.P confessou ter dado seis tiros na vítima com a mesma arma .40 encontrada com ele. Raul Bichão ficou no carro para a fuga. Os outros integrantes invadiram a casa para executar Teles e as meninas.

Tó teria sido o responsável por matar as garotas enquanto Camisinha vingou o antigo parceiro.  No depoimento, ele ainda contou que deu mais três tiros. “Pra dá o confere”, disse ele. Após as execuções, o grupo retornou ao  Nordeste de Amaralina, enquanto Camisinha se desfez do carro.

Ontem, após o depoimento, ele seguiu para a 27ª Delegacia, em Itinga, onde foi novamente ouvido pelo delegaJacinto Alberto, responsável pela área onde a chacina ocorreu. Ele deverá passar a noite em uma cela especial da unidade. Seu destino ficará por conta da decisão da Casa da Infância e Juventude.

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