Tribuna/Romulo Faro

 Em entrevista à radio Metrópole ontem, o governador reeleito Jaques Wagner (PT) comentou sobre sua vitória nas urnas, a saída de Geddel Vieira Lima de seu governo, a rejeição do senador César Borges à sua chapa e se disse empenhado para eleger a candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff. O governador disse ainda que se engajará na sucessão da prefeitura de Salvador em 2012, mas não entrou em detalhes. “É claro que vou me engajar, mas, no momento, a prioridade é eleger Dilma”.

 Sobre a mudança no secretariado para o segundo mandato, Wagner disse que fará uma avaliação do desempenho das pastas antes e depois do seu governo e acrescentou que conhece o trabalho de cada secretário individualmente. “Todo mundo pode ser trocado, pode ser mudado. Já substituímos alguns (secretários) que não estavam, na minha opinião, rendendo o que eu queria”, afirmou.

 

 Para as novas indicações, ele disse que vai montar uma equipe para avaliar as decisões. “Vou fazer uma transição por dentro do próprio governo. Não é um novo governo no sentido de ter um novo governador, mas é uma nova etapa que vai ter que ser melhor do que a anterior”.

CARLISTA – Fato que rendeu críticas diversas dos adversários, a escolha de Otto Alencar como vice-governador, o governador não titubeou e garantiu que a escolha foi sábia. “Tenho maior orgulho dessa parceria.

Fui oposição ao senador Antonio Carlos Magalhães, mas isso não significa que você tem que ter raiva ou odiar as pessoas porque, senão, você nem enxerga as virtudes”. Na avaliação de Wagner, o carlismo acabou quando o senador ACM faleceu, o que causou notável enfraquecimento do Democratas (antigo PFL) na Bahia. “Na minha opinião, quem enterrou o carlismo foi Deus, porque para mim o carlismo se encerra quando a figura central do carlismo não está mais entre nós, que é o senador Antonio Carlos Magalhães”, avaliou.

Antecipando-se às especulações (leia-se de tentar ser senador ou vice-governador de algum petista), o governador disse que o que mais lhe gratificaria seria encerrar os dois mandatos com boa aceitação popular.

ARREPENDIDO – O senador derrotado nestas eleições César Borges, que concorreu pela coligação “A Bahia Tem Pressa”, de Geddel Vieira Lima, poderia ter se reeleito caso tivesse aceitado o convite do governador, segundo avaliação de Wagner ao ser questionado se César teria se arrependido.

 “Eu creio que sim. Eu fiz o convite formalmente, foi público isso, mas ele preferiu ir para a coligação do PMDB.

É um direito dele, não tenho raiva, não tenho mágoa. Ele deve estar arrependido porque ele queria se eleger senador, mas não conseguiu”, disparou.

Governador não queria romper com PMDB

O governador reeleito não queria que houvesse o rompimento com Geddel e reiterou que ele (Geddel) se antecipou. “Eu não gostei, o presidente Lula não gostou e o PMDB nacional não gostou.

Queríamos fazer um trabalho juntos, mas o PMDB da Bahia quis ter candidato. É um direito deles. Mas o PMDB da Bahia não poderia esperar também que o presidente estivesse satisfeito”. Eu soube que o presidente Lula disse: ‘O PMDB baiano, quando quis ter candidato próprio, não veio me perguntar o que eu achava e agora se chateia porque eu não vou lá?’.
 
Wagner afirmou que foi ao limite com Geddel para que não houvesse o rompimento, mas avaliou que, com a saída do PMDB do seu governo, a gestão melhorou. “Não porque o PMDB é ruim, o que era ruim era a divisão interna do governo entre eu e um outro (Geddel) que queria ter duplo comando; quando saiu, houve unidade de comando, unidade política e o governo deslanchou”. Acerca do apoio de Lula na corrida ao governo, Wagner disse que Geddel também usou as falas do presidente e acrescentou que Lula fez justiça ao subir em seu palanque. “Não é por questão de amizade.

Eu não tenho dúvida que foi por uma questão de justiça. Uma pessoa cumpriu o projeto político que estava traçado. A outra pessoa, me permita dizer isso, atrapalhou o projeto. Todo mundo queria unidade. Tínhamos um projeto de unidade política. Mas o cidadão resolve fazer carreira solo e quer o quê? Que o pessoal bata palma?”.

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