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Se confirmadas as projeções apontadas pelas pesquisas de intenção de voto, as disputas pelos governos estaduais serão encerradas logo no primeiro turno em pelo menos 18 unidades da Federação. Levantamento realizado pelo iG aponta que, neste ano, mais governadores tendem a ser eleitos ou reeleitos já no próximo domingo, em comparação às últimas três disputas eleitorais.

Esse cenário aparece em pesquisas no Acre, Amazonas, Pará, Bahia, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará, Sergipe, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul. Isso significa que, em tese, para 89,4 milhões de eleitores – quase 66% do eleitorado nacional -, a eleição para governador deste ano deverá ser encerrada sem necessidade de segundo turno.

 Em 1998, um ano após entrar em vigor a emenda da reeleição, pouco mais da metade dos governadores (14) foi eleita no segundo turno. Na eleição seguinte, o número foi ainda menor: 13. Em 2006, as eleições foram encerradas mais cedo em 17 regiões – um recorde até então. O levantamento do iG tomou por base recentes pesquisas eleitorais e informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Neste ano, o quadro segue indefinido em quatro Estados. Em apenas cinco a campanha se encaminha para o segundo turno (Alagoas, Amapá, Piauí, Rondônia e Santa Catarina). A eleição de 2010 tem 13 governadores que tentam a reeleição – dez deles têm chances de liquidar a fatura já no próximo domingo. Entre os favoritos está Eduardo Campos (PSB), que tem 70% das preferências dos eleitores em Pernambuco.

Polarização

Para o cientista político Celso Roma, especialista em partidos, a situação pode ser explicada pelo fato de as alianças, na atual campanha, terem sido formadas em torno do eixo “governo/oposição”, cuja polarização, segundo ele, é cada vez mais nítida.

Com duas forças opostas, os partidos abrem mão de lançar candidaturas próprias e se agrupar conforme as alianças no plano nacional – com aliados do PT, de um lado, e do PSDB, de outro. O resultado é que as eleições estaduais, como a presidencial, passam a contar cada vez mais com apenas dois candidatos com chances reais de vitória.

Exemplo dessa tendência, diz Roma, foi a estratégia adotada pelo PSB, aliado do PT no governo federal que abriu mão de lançar Ciro Gomes à Presidência para garantir a sua participação em um eventual governo Dilma Rousseff (PT).

Com Ciro na disputa, avalia, a disputa presidencial teria um outro candidato forte e dificilmente seria encerrada na primeira etapa. “Nos Estados, essa tendência se reproduz”, diz Roma. “As alianças nos Estados não são díspares, embora cada região tenha uma lógica, uma particularidade. Mas se você observar vai ver que o PSDB e o DEM estão juntos não só na disputa nacional, mas em Estados importantes como São Paulo, Minas, Paraná e Goiás, que é onde têm chances reais de vitória.”

O cientista político também vê a influência do eleitor no aumento de chances de decisão em primeiro turno. “Além disso, por causa dessas alianças, o eleitor atribui cada vez mais valor ao cálculo para não desperdiçar voto (numa terceira via menos competitiva). Esses votos não se pulverizam em cinco ou seis candidatos”, explica.

Para o cientista político, a polarização das alianças em torno do PT e do PSDB neste ano está mais acirrada em relação a disputas anteriores. A polarização é neutralizada justamente em Estados onde há candidatos competitivos de partidos que optaram por não se coligar com os candidatos do PT ou do PSDB no plano nacional.

A disputa mais acirrada, por exemplo, é Alagoas, onde três dos principais candidatos estão empatados tecnicamente – entre 27% e 29%, de acordo com o Ibope. A disputa conta com três ex-governadores – Ronaldo Lessa (PDT), Fernando Collor (PTB) e Teotônio Vilela (PSDB). A disputa no Estado conta com um candidato oficialmente apoiado pelo governo federal (Lessa), outro patrocinado pela oposição (Vilela) e Collor, do PTB (que manteve a neutralidade na disputa nacional).

A mesma situação acontece no Piauí, onde João Vicente Claudino (PTB) se apresenta como terceira via entre um candidato apoiado por Lula – Wilson Martins (PSB) – e outro pela oposição – Sílvio Mendes (PSDB). Em Santa Catarina, a terceira via (Ângela Amin) também é filiada a um partido que manteve a neutralidade no plano federal: o PP.

Em São Paulo, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) lidera as pesquisas e está no limite dos votos válidos para vencer no primeiro turno. Dois candidatos alinhados com a presidenciável petista Dilma Rousseff, Paulo Skaf (PSB) e Celso Russomanno (PP), podem ajudar o postulante petista ao governo do Estado, Aloizio Mercadante, a levar decisão para 31 de outubro.

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