Troca de farpas entre petista e tucano marcou novo debate entre presidenciáveis

Evelson de Freitas/AEEscândalo da Receita marca debate entre presidenciáveis

Do R7

A troca de acusações entre os presidenciáveis José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff marcou o primeiro embate entre os adversários desde que as denúncias de quebras de sigilos fiscais de pessoas ligadas ao tucano vieram à tona. Serra citou o escândalo em diversos momentos do debate, realizado pela Rede TV! e jornal Folha de S.Paulo na noite deste domingo (12), enquanto Dilma chamou as acusações de “manobras eleitoreiras”.

Já no primeiro bloco, Serra listou como “fracassos” do governo Lula os escândalos do mensalão, dos aloprados (de 2006), e a recente quebra de sigilos fiscais de tucanos. O tucano também acusou pessoas ligadas à campanha de Dilma de ligação com o caso.

A petista não escondeu a irritação com a insistência de Serra diante do caso, e afirmou haver um “malabarismo” para ligar as denúncias a sua campanha.

– Ataca minha campanha, a mim […] quer ganhar no tapetão, não consegue convencer o povo brasileiro ao acusar minha campanha de atos de setembro de 2009, ao entrar no TSE [Tribunal Superior Eleitoral] contra minha candidatura.
Serra também foi irônico ao ser questionado se estava tirando proveito das denúncias para tentar reverter a queda nas últimas pesquisas eleitorais.

– O que eu devia fazer? Devia agradecer o PT e a campanha da Dilma: “Muito obrigado por ter invadido o sigilo da minha filha e do meu genro” […]. Se eles fazem isso hoje na campanha, imagine amanhã.

Ataques

Dilma também foi alvo de ataques de Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL). Marina afirmou que houve uma “banalização” do escândalo e perguntou à petista sobre os “atraso ético” na gestão do presidente Lula.

– Difícil imaginar que não está sendo banalizado. O ministro [Guido Mantega, da Fazenda] veio a público dizer que é corriqueiro [vazamento de dados da Receita].

O socialista, por sua vez, lamentou que as denúncias tenham dominado o debate e afirmou que o PSOL “não tem nada a ver” com o escândalo, levantando a bola para o concorrente tucano que emendou:

– [O escândalo] Não tem a ver com o PSOL, nada a ver com meu partido. É assunto do governo, que acoberta os companheiros. A democracia do PT é a democracia de usar o aparato legal para proteger os companheiros e atacar os adversários.

Lobby

Dilma também foi questionada no debate sobre as acusações contra a ministra Erenice Guerra, sua sucessora na Casa Civil, supostamente envolvida em um lobby comandado por seu filho, Israel Guerra, para beneficiar empresários interessados em contratos com o governo, segundo reportagem da revista Veja desta semana.

Ao responder sobre a questão, a petista voltou a atribuir o destaque dado ao caso a uma “manobra eleitoreira”.

– No caso da Erenice foi feita uma acusação, ela foi desmentida, o que se tem hoje é absolutamente nada. Não concordo, não vou aceitar que se julgue minha pessoa baseado no que aconteceu com o filho de uma ex-assessora. Isso cheira a manobra eleitoreira sistematicamente feita contra mim e a minha campanha.

Diante das críticas, Dilma defendeu investigações “doa a quem doer”, e subiu o tom contra o concorrente tucano ao ser chamada de “evasiva” por Serra, que questionou as ausências da petista em outros debates.

– Acho que as pessoas não devem ser pretensiosas e achar que são donas da verdade. […] Eu lamento a tentativa sistemática de tentar me desqualificar. Eu também tenho uma trajetória. Não subestime ninguém candidato, o senhor não é dono da verdade. O senhor não é melhor que ninguém.

Esta foi a primeira vez que Dilma e Serra se enfrentaram desde que as denúncias de quebra de sigilos fiscais envolvendo pessoas ligadas ao PSDB vieram à tona.

Compartilhe