Osvaldo Lyra e Paulo Roberto Sampaio/Tribuna

Em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de votos desde o início da campanha eleitoral, o candidato do PMDB ao governo do Estado, Geddel Vieira Lima, descarta possuir uma “carta na manga” que o permita virar o jogo e ir ao segundo turno, mas está confiante em chegar lá. Nesta entrevista concedida na sede da Tribuna da Bahia – a segunda com os candidatos ao governo estadual -, o candidato fala em otimismo e diz que acredita ser possível passar Souto e ir ao segundo turno. Para ele, o sentimento das ruas e o contato com a população mostram outro cenário, que difere das pesquisas de intenção de votos (que, inclusive, ele não contesta).

Geddel diz que uma das principais armas que possui nesta campanha é a verdade dos fatos. Ele citou obras como o Porto Sul, “que não tem licença”, e a Ferrovia Oeste-Leste, “que não avançou”, como exemplos “da sensação de factóide, da incapacidade gerencial de fazer as coisas acontecerem” do atual governo. Estabelecendo um comparativo entre ele e o atual governador, Geddel diz que possui estilos diferentes, tanto de gerir como de encarar a política. Ex-integrante do governo estadual e peça-chave na vitória do PT em 2006, Geddel diz que, do ponto de vista político, o maior erro do governador foi não ter visto o PMDB como o seu parceiro principal.

O rompimento com os petistas, na visão do candidato, se deu por uma série de fatores, entre eles a quebra de acordo na eleição de João Henrique, em 2008, e o fato de o governador ter esvaziado o PMDB no seu governo. Em outro momento da entrevista, Geddel admitiu ter aberto mão do conforto de uma candidatura ao Senado na chapa de Wagner por não existir mais confiança entre eles. O peemedebista evita falar sobre a participação em um eventual governo Dilma, caso não seja eleito, deixando o assunto nas mãos do PMDB. Geddel diz também que o apoio declarado do presidente Lula a Wagner não abalou, mas “evidentemente que surpreendeu. Não era esse o entendimento e as tratativas que foram feitas em nível nacional”.

Ele minimizou o esvaziamento do palanque duplo pregado por Dilma e diz que o governador não soube usar positivamente da amizade com o presidente da República. Sobre os principais problemas do estado, leia-se segurança pública, saúde e educação, o candidato diz que falta prioridade e capacidade de gestão. Ele alfineta ainda o ex-aliado ao afirmar que a candidatura do PT no estado está “escorada” na popularidade de Lula e no momento econômico positivo do país. Questionado se o prefeito João Henrique tem contribuído com sua candidatura, já que foi o principal responsável pela vitória do prefeito, em 2008, Geddel disse apenas que João poderia fazer mais.

Tribuna da Bahia: A eleição se aproxima e os números apontam sua estagnação na intenção de votos. O que será feito para reverter essa situação?
Geddel Vieira Lima –
Nada diferente do que fiz até agora. Continuarei preso à verdade, falando o que eu acredito, falando de propostas, fazendo a crítica substantiva a ações de governo, mostrando que temos um projeto capaz de fazer com que a Bahia avance com mais rapidez no seu desenvolvimento econômico, na busca por justiça social, conversando com as pessoas e esperando a manifestação popular do dia 3.

Tribuna – Acredita que terá condições de passar Paulo Souto, que está hoje em segundo nas pesquisas, e chegar ao segundo turno?
Geddel –
Evidentemente que todo trabalho nosso é nessa direção. Eu estou muito otimista em função do que eu estou vendo nas minhas caminhadas nas ruas de Salvador e nas andanças pelo interior, por mais que as pesquisas de opinião apontem numa direção diferente. Mas eu me sustento na ideia de que se pesquisa de opinião, a essa altura do campeonato, decidisse eleição, o governador da Bahia era Paulo Souto e o prefeito de Salvador era Antonio Imbassahy. Portanto, vamos aguardar o que é que vai sair das urnas.

Tribuna – O que o senhor tem sentido no dia a dia e tem notado nas pessoas, principalmente nas suas andanças no interior?
Geddel –
Carinho, esperança no olhar das pessoas, gestos de apoio e solidariedade, tudo aquilo que quem tem a experiência que eu tenho identifica como uma candidatura que não está no sentimento das urnas no patamar que algumas das pesquisas colocam. Eu estou otimista com o que estou vendo, apesar de não brigar contra números, eu sou um sujeito muito pragmático nessas questões.

Tribuna – Que diferencial o senhor tenta estabelecer sobre os outros candidatos?
Geddel –
Não é um diferencial que eu tento estabelecer, é a verdade dos fatos. Basta você ver a atual administração que você vai ver uma série de projetos que se coloca como se tivesse iniciado, mas não passa do papel. O Porto Sul não tem licença; a Ferrovia Oeste-Leste não avançou; o aeroporto de Conquista, nada; segunda pista de Salvador, absolutamente nada; reforma e investimento dos portos da Bahia, em quatro anos, quase nada; e uma séria de projetos estruturantes, como a ponte Salvador-Itaparica, que fica sempre essa sensação do factóide, da incapacidade gerencial de fazer as coisas acontecerem. O meu lado, em três anos de governo, projetos tidos como absolutamente difíceis de viabilizar estão aí. Veja, por exemplo, a questão da transposição das águas do São Francisco. Eu acho que este talvez seja o projeto que estabelece melhor essa diferença de estilo.

Tribuna – Diferença de estilo entre o senhor e o governador?
Geddel –
Deixa eu lhe lembrar uma coisa: o atual governador era ministro da articulação política quando o presidente Lula quis fazer a obra da transposição no primeiro momento. O bispo da Igreja Católica (Dom Flávio Cappio) entrou em greve de fome. Designado para resolver o impasse, o então ministro lá foi dialogar com o padre. O que ocorreu? Acabou a greve de fome, mas a obra não foi adiante. Passa o tempo e eu sou ministro da Integração Nacional, o presidente da Republica manifesta o desejo de fazer a mesma obra. Tomo todas as providências, vou buscar licença ambiental, licitação, conversa com todos. Eis que o mesmo bispo faz uma greve de fome. Eu sou designado para resolver o problema. O que aconteceu? A greve de fome acabou, mas a obra está para ser inaugurada agora no final do ano. Acho este um estilo de quem tem vontade de fazer, enfrenta os problemas, não tem medo da crítica e entende que o diálogo é necessário; a busca de consenso não implica e não inibe o fato de você ter que, em determinado momento, fazer o enfrentamento quando necessário.

Tribuna – O PMDB construiu o governo junto com o governador Jaques Wagner. Qual o maior erro e o maior acerto do governador ao longo desse período?
Geddel –
Do ponto de vista político, talvez o maior erro tenha sido ele não ter visto o PMDB como o seu parceiro principal. E o maior exemplo disso foi na eleição municipal. O prefeito João Henrique veio para o PMDB em comum acordo com Wagner. Por avaliação de pesquisas, ele optou por lançar um candidato próprio, rompendo uma aliança que havia em Salvador e criando um clima de desconfiança nessas relações. Esse mesmo episódio se multiplicou no interior do estado. Além disso, em determinado momento, é sempre bom lembrar que quem buscou aproximação com setores da oposição, como Antonio Imbassahy para prefeito, que não estaria no projeto de 2010, foram eles. Quem buscou aproximar-se de ex-carlistas no interior e na capital, em nome da governabilidade, foram eles. Quem, no primeiro momento da formação do governo, deu a EBDA ao Emerson Leal, carlista histórico, foram eles. Quem buscou o afastamento do PMDB foram eles. E do ponto de vista administrativo, ficou patente que resolvia reduzir o orçamento da Secretaria de Infraestrutura, retirando obras, como a Via Expressa, que estava a cargo da Secretaria de Infraestrutura, para outra secretaria, esvaziando as secretarias do PMDB. Nós fizemos tudo às claras, inclusive, entregando ao governador um documento onde mostrávamos rumos que poderiam ser seguidos no futuro e que poderia ter sido a base para a retomada de um diálogo. A resposta que tivemos pelos jornais foi que o governador não tinha tido tempo de ler.

Tribuna – Há quem diga que o senhor se precipitou ao romper com o PT e lançar candidatura própria, quando uma vitória sua ao Senado era dada como certa. Houve um erro de estratégia?
Geddel –
Havia sido quebrada a relação de confiança. E eu, em nome do conforto de uma candidatura a deputado federal ou de um suposto conforto de uma candidatura a senador, não poderia continuar olhando e ao lado daquilo que eu não confiava mais, não acreditava mais. Que marca de político seria eu que, em nome de conveniências, continuasse ao lado do que eu não acreditava? Além do mais, as bases do nosso partido, chamadas a se manifestar nos encontros regionais, se manifestaram amplamente favoráveis ao lançamento de uma alternativa política para a Bahia. Portanto, não há arrependimento. A vida, com vitórias ou com derrotas, ela é um ousar. E eu não me arrependo nunca de ousar. Eu me arrependeria se não ousasse.

Tribuna – O senhor mantém ao longo da campanha uma linha propositiva, mas mudou o discurso e passou a bater menos no atual governo. Alguma coisa mudou para o senhor ter ficado mais brando?
Geddel –
Não, pelo contrário. A política tem determinados momentos em que surgem algumas verdades absolutas. É politicamente incorreto criticar. Você criticar, hoje bater. Eu tinha uma divergência frontal com o ex-senador Antonio Carlos Magalhães, porque ele não criticava; ele fazia ataques pessoais, ele caluniava, ele mentia. E eu não abro mão do direito de criticar. Fazer a crítica substantiva é o que eu tenho feito. Se eu não tivesse críticas a apresentar à atual gestão, eu estaria apoiando. Então, eu tenho feito críticas substantivas e procurado apresentar propostas substantivas. Ver o que faríamos diferente, de que forma faríamos diferente. Isso para mim tem sido muito claro, o papel da nossa coligação.

Tribuna – O senhor tem o receio de que o calor da disputa inviabilize sua participação num eventual governo Dilma?
Geddel –
Eu sou filiado ao PMDB. Primeiro, eu estou lutando para ganhar a eleição. Segundo, eu sou filiado ao PMDB. As minhas indicações, a minha participação na vida pública, ela é feita através do PMDB.

Tribuna – Apesar do seu otimismo, integrantes da sua coligação dizem que falta fôlego à sua campanha, inclusive apoios de material de divulgação. Está tendo algum problema, sobretudo no interior?
Geddel –
Você que está contando uma novidade. A você que disseram isso. A mim, nenhum integrante da coligação se queixou.

Tribuna – Sua campanha possui um nível de profissionalismo e uma estrutura de causar inveja a muita gente. Por que não conseguiu deslanchar e superar Paulo?
Geddel –
Que bom que você reconheça isso nessa sua pergunta. A sua pergunta já desmente a queixa que lhe fizeram anteriormente. Se você afirma que possui um grau de profissionalismo muito grande, a pergunta anterior está eivada de fofocas de quem não teve sucessos nas suas pretensões e quer supostamente atribuir a onda dos seus fracassos. Vamos esperar o resultado das eleições. Eu volto a lhe dizer: se pesquisa de opinião resolvesse eleição, o governador era Pulo Souto. Para que fazer eleição, se pesquisa de opinião já diz quem vai ser primeiro, segundo e terceiro. Vamos aguardar.

Tribuna – O senhor tem enfrentado algum tipo de problema ou de resistência ao longo da campanha, seja com lideranças políticas ou com a própria população?
Geddel –
Nada que não seja absolutamente natural dentro de um processo eleitoral.

Tribuna – O apoio declarado do presidente Lula à candidatura do governador Jaques Wagner chegou a abalar o PMDB baiano?
Geddel –
Abalar não, mas evidentemente que surpreendeu. Não era esse o entendimento e as tratativas que foram feitas em nível nacional. Mas acho que é um caminho natural o presidente da República, em determinado momento, manifestar apoio a um candidato do seu partido. Eu fico imaginando o padrão de pressão sentimental que o presidente da República não deve ter recebido. Como eu sou um sentimental, eu respeito essas decisões sustentadas no sentimentalismo.

Tribuna – A candidata Dilma possui dois palanques aqui na Bahia, mas tem priorizado apenas Wagner e seus candidatos ao Senado. De que forma o senhor encara isso?
Geddel –
Eu encaro com naturalidade, mas essa pergunta deve ser feita à ministra Dilma. A ministra Dilma teve aqui na nossa convenção e declarou claramente que tinha uma posição de absoluta equidade entre os dois candidatos. Eu volto a lhe dizer: eu encaro essas questões da política com absoluta naturalidade, eu sou um homem que acho que a vida é como ela é.

Tribuna – O que o senhor faria diferente na gestão do governo do estado. O que é que Geddel Vieira Lima propõe?
Geddel –
Está estabelecido tudo isso no meu programa de governo, de que forma proponho. Agora, o que eu faria? Eu teria uma atitude diferente. Eu acho que um estado como a Bahia tem que ser governado. É muito importante ser amigo do presidente e da presidenta, mas o governador tem que entender que o grande amigo do governador da Bahia tem que ser a Bahia, tem que ser baiano. Em nome dele, em nome do povo da Bahia que você tem que se posicionar. O governador de Pernambuco (Eduardo Campos), por exemplo, não é do mesmo partido do presidente Lula, não é seu amigo há 30 anos, mas fez uma administração exemplar que o coloca em patamares de quase 80% das intenções de voto. O governador do Ceará (Cid Gomes) da mesma forma. Portanto, eu faria muita coisa diferente do ponto de vista da gestão.

Tribuna – O que o senhor atacaria como prioridade no seu governo?
Geddel –
A questão da segurança pública, a saúde e a educação continua sendo uma clara prioridade no estado. Você veja agora, que apesar de toda a propaganda que o atual governo tem feito, por exemplo, aos padrões de alfabetização, fica demonstrado claramente através da pesquisa do IBGE que não é bem assim. Os números, como a gente sempre demonstrou, não eram aqueles anunciados pelo governo, aqueles eram números falaciosos e fantasiosos. Para a gente, educação teria que ser investimento brutal no estado nos quatro anos de governo, com pré-escola, creche, ensino fundamental, em qualificação de professores através de treinamento permanente para superar esse flagelo que a Bahia tem de ser o estado com o maior número de professores sem curso superior (são cerca de cem mil professores), remunerar melhor o professor do ensino médio, qualificar as escolas. Estabelecer a meta de transformar 50% do ensino fundamental e do ensino médio no ensino profissionalizante, aproveitando as vocações regionais.

“A eleição será definida em dois turnos”

Tribuna – E a saúde?
Geddel –
A saúde! Não adianta apenas você anunciar a construção de novos hospitais; você tem que botar para funcionar o que existe. O que o cidadão quer é saúde de qualidade, remédio bem distribuído, onde ele precisa. Para isso, a nossa ideia é criar um plano de cargos e salários para os profissionais da área médica, fazer concurso público, é colocar um médico no interior, de maneira que o programa saúde da família, hoje a estratégia do Programa de Saúde da Família funcione bem, não está funcionando, temos questionado. Fazer com que a regulação seja descentralizada, gerenciar melhor os outros. E no caso da segurança pública, sobretudo atitude. Eu disse ontem numa sabatina de que considero um equívoco, já foi do governo anterior e é desse, você trazer um alienígena para comandar a segurança pública; é insistir no projeto do controle das nossas divisas; gerir melhor o controle da segurança pública…

Tribuna – O que tem que ser feito na questão da segurança para que as pessoas voltem a ter um pouco mais de tranquilidade?
Geddel –
Isso que ia falar. Gerir, gestão. Você não pode achar que está boa uma gestão em que o governo atual diz que foi o governo que mais alugou motocicleta e carro e ao mesmo tempo um jornal de grande circulação estava na sua primeira página que 400 motocicletas estavam paradas à chuva e ao sol por falta de motociclistas e emplacamento. Isso é gestão. Isso é falta de gestão! Você não pode admitir que, ainda hoje, prefeituras que estão num estado pré-falimentar sejam responsáveis pelo abastecimento de viaturas de policia e pela manutenção de delegacias. Você não pode compreender que, em quatro anos, você não tenha construído uma nova delegacia em Salvador. Você não pode admitir que o subúrbio ferroviário, onde habitam 600 mil baianos, tenha apenas uma delegacia de policia! Você não pode admitir que a ideia da inteligência não obrigue você a não manter policiais em áreas reconhecidamente violentas na capital, permitindo toque de recolher ou controle de áreas intensas na capital do estado ou em outros municípios por causa de bandidos. Dinheiro para isso tem. Agora, resta ter uma nova atitude, também. Segurança pública, no padrão seguro, é um problema do governador do estado. A responsabilidade tem que vir a ele. Eu acho que, entre outras coisas, atitude e implantação de projetos que permitam você fazer da segurança pública uma prioridade do orçamento e não apenas no discurso. É inaceitável, sem nenhum desmentido, levantamentos mostrarem que você executou mais o orçamento da propaganda do que o orçamento da segurança pública de investimentos.

Tribuna – O momento positivo do país, aliado à popularidade do presidente Lula, vai ter um efeito muito grande nessa eleição?
Geddel –
Só isso sustenta a candidatura do atual governador. Basta você ver os números. Se você considerar como verdadeiras, e vamos considerar para efeito de argumentação, que ele tem 48%, compare isso com Pernambuco, com o Ceará, e com outros governadores à reeleição que você vai ver que só isso sustenta a candidatura. Não é por outra razão que não há proposta, não há projetos e não há ideias. É tome Lula, é tome Lula, é tome Lula, é tome Lula, é tome Lula…

Tribuna – O senhor foi decisivo para a reeleição do prefeito João Henrique. Ele tem retribuído à altura o apoio que você deu para reconduzi-lo ao Palácio Tome de Souza?
Geddel –
Olha, responder que sim ou que não um assunto desses, fica muito um juízo de valor pessoal. Eu posso lhe dizer que eu faria mais… Alias, eu fiz mais!

Tribuna – O senhor acredita que isso pode repercutir na sua candidatura?
Geddel –
Não, cada eleição é uma eleição. Eu não tenho queixa do processo eleitoral. Eu continuo achando, pelo o que eu tenho visto nas ruas, que algumas surpresas podem acontecer. Agora, entre achar e acontecer, nós temos que aguardar, não há outro mecanismo. A essa hora da eleição de 2006, Paulo Souto tinha 52%, Jaques Wagner tinha 16%. Em cinco dias a eleição virou. A eleição de João Henrique, se você fizer aí uma pesquisa na internet, vai mostrar que virou nos dez dias finais. Vamos aguardar, só tem pressa quem não tem tempo para esperar.

Tribuna – Alguma coisa está sendo gestada nesta fase final do processo eleitoral?
Geddel –
Não tenho essa informação, tenho esse sentimento, de rua, que me permite lhe dizer, com absoluta convicção que, o que eu vejo nos números, e não estou contra eles brigando, não é aquilo que eu sinto nas ruas. Se esse sentimento vai ou não se confirmar, nós temos que aguardar mais 26 dias. Eu não tenho como prever. Por enquanto, o que há são números, que colocam o atual governador como favorito, o candidato Paulo Souto ainda como o segundo colocado, e eu em terceiro colocado. Eu não discuto números; eu não me permito combater números. Agora, eu lhe digo que, como político, levo em conta também sentimento de ruas que a experiência me deu. Eu estou motivado pelo sentimento que tenho percebido às ruas onde por elas sou recebido. Agora, se isso vai se confirmar ou não, se vai prevalecer o que está nas pesquisas ou no meu sentimento, aí é aguardar 3 de outubro.

Tribuna – O que o senhor faria diferente na gestão de uma cidade como Salvador?
Geddel –
Eu faria muitas coisas diferentes, mas eu não sou o prefeito de Salvador. Acho que isso não é hora para eu comentar esse tipo de assunto.

Tribuna – Qual a mensagem que o senhor quer deixar para o eleitor?
Geddel –
De otimismo. Primeiro o meu ponto de vista é de otimismo, de fé no futuro, de que estou fazendo o meu papel de democrata, disputando a eleição, levando minhas ideias, levando as posições do meu partido, discutindo a Bahia com seriedade e com amor à causa pública. E, segundo, que reflitam. Eu acho que, a eleição que tem dois turnos, como essa da Bahia, onde você não desponta um amor incandescente por um candidato, a oportunidade de vê-la decidida em dois turnos é interessante. Você pode tirar um debate mais cara a cara, o tempo de televisão é mais, onde as diferenças e as divergências poderão saltar sem muitas influências externas. Portanto, a mensagem que eu deixo é o desejo de que esta eleição, efetivamente, possa ser definida em dois turnos.

Tribuna – Num eventual segundo turno, Geddel não indo, como ficaria?
Geddel –
Eu só discuto segundo turno na possibilidade de Geddel ir com outro candidato, que eu prefiro até que seja Wagner.

Tribuna – O senhor percebe que o estado vem sendo preparado para sediar a Copa do Mundo, ou somente a construção de um estádio vai bastar?
Geddel –
Vamos ser claros aqui. Quando a gente falar ‘a Bahia vai sediar uma Copa do Mundo’… A Bahia, com muito otimismo, vai sediar quantos jogos? Dois ou três? Dois ou três jogos… Portanto, a importância da Copa do Mundo para a Bahia, para um estado como a Bahia, é que o governo tenha a capacidade de entendê-la como alavancadora de investimento pós-Copa do Mundo. Outro, falar da Copa do Mundo, dois jogos na Bahia, a construção de um estádio e achar que isso vai mudar a parte do estado…  Nós temos aí, talvez, a Copa do Mundo como instrumento para alavancar a rede hoteleira, qualificar a mão de obra, investir em infraestrutura, resolvendo esse problema dos portos, estradas, mobilidade urbana… para pós-Copa.

Colaborou: Evandro Matos

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