Do R7

 A ausência da petista Dilma Rousseff e o vazamento de dados fiscais na Receita Federal foram os principais assuntos do debate que reuniu, na noite desta quarta-feira (8) em São Paulo, três dos nove candidatos à Presidência: José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL).

O escândalo que envolve o acesso a informações sigilosas de pessoas ligadas a seu partido foi mencionado pelo tucano logo no primeiro bloco do evento, realizado em parceria pela TV Gazeta e pelo jornal O Estado de S. Paulo.

A exemplo do que vem fazendo na campanha, Serra voltou a vincular Dilma e o PT ao caso. Uma das pessoas que teve o sigilo violado é sua filha, Verônica Serra.

– O PT, da candidata Dilma, tem estado por trás desses vazamentos. São dados pessoais, que têm sido vazados comprometendo a segurança de milhares de pessoas. […] Eu acho que estão sobrando no Brasil maus exemplos nessa esfera.

Ao ser questionado sobre o que faria, caso eleito, para melhorar a segurança de dados de órgãos ligados ao governo, Serra lembrou o episódio do vazamento de informações cadastrais de estudantes inscritos no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

– Lembra o que aconteceu recentemente com os dados do Enem, que os dados dos alunos vazaram? […] Houve realmente descuido, precipitação, pressa, porque quis se transformar o Exame Nacional do Ensino Médio em instrumento eleitoral.

Marina, quando tocou no assunto, reiterou as cobranças que tem feito ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que para ela deve explicações à população.

– Sinto que nesse momento a sociedade brasileira está vivendo um imenso desconforto. […] Mais de 3.000 pessoas tiveram o sigilo fiscal violado, e o ministro da Fazenda, em vez de tomar providências, diz que isso é corriqueiro.

Ela também criticou a polarização entre PT e PSDB, que estariam usando inclusive o escândalo da Receita Federal para alimentar um embate.

– Temos um retrocesso sem tamanho na política. Olha no que se transformaram as eleições (…) no lugar de debater o que interessa ao Brasil, levamos na brincadeira o que não deve ser levado na brincadeira. Brasileiros não têm segurança sobre o seu sigilo, não se sabe o que esperar dos candidatos. Apostou-se no embate, e não no debate.

Ausência de Dilma

A falta da candidata do PT não foi perdoada por seus adversários. Mesmo ausente, Dilma foi o alvo preferencial dos ataques durante praticamente todo o debate.

O próprio regulamento acabou colaborando para aumentar o bombardeio. Sempre que um candidato era sorteado para fazer uma pergunta a Dilma, ele ganhava o direito de usar o tempo para dizer qualquer coisa. Praticamente todos estes momentos acabaram servindo de espaço para disparar críticas à petista.

A ex-ministra participou hoje, em Minas Gerais, de um comício ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao lamentar sua ausência, Serra acusou a campanha adversária de usar uma “estratégia de ocultação” para tirar Dilma das discussões.

– Ela não aparece, e isso reflete duas coisas. Primeiro, uma dificuldade de explicar com franqueza o que pensa. Eu já vi a Dilma dizer que a carga tributária é boa e já vi ela criticar a carga tributária. Segundo, uma estratégia de ocultação.

O candidato do PSDB também protagonizou uma inusitada dobradinha com Plínio. Serra perguntou ao socialista o que ele havia achado da ausência de Dilma. Plínio, então, iniciou sua resposta pedindo à equipe da TV Gazeta que filmasse a cadeira destinada a ela, que estava vazia.

– Eu queria que a câmera focasse nela. Porque precisam saber que essa moça não veio. Ela não pode discutir porque não é do ramo. Ela foi inventada.

O candidato do PSOL se referiu a Dilma como tecnocrata, blefe, produto do marketing político e farsa. Além disso, ironizou o fato de a petista jamais ter participado de uma eleição.

– Ela não teve oportunidade de ser candidata a deputado estadual, federal, senador, prefeito, governador, e é isso o que faz uma pessoa preparada para dirigir a República.

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