Tatiana Piva /Jornal da Tarde

A Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) está perto de oferecer ao Ministério da Saúde uma contenção para os casos de dengue no País. Em agosto, a instituição começou a testar em humanos uma vacina contra o vírus, em parceria com o laboratório francês Sanofi Pasteur.

“Os 23 que já foram vacinados não tiveram reação”, revelou à reportagem o infectologista  Reynaldo Dietze, coordenador dos testes e diretor do  Núcleo de Doenças Infecciosas da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Para a primeira fase de testes foram recrutados voluntários entre 9 e 16 anos, que serão vacinados em três fases. “A primeira vez chamamos de dia zero, depois vem a fase dos seis meses e, então, um ano. Essas pessoas serão seguidas durante um ano e meio e, a cada pequena reação, elas irão nos procurar para confirmarmos ou excluirmos a dengue, para entender o que é aquela febre”, explica. De acordo com o pesquisador, a vacina servirá para combater os quatro tipos da doença.

Ao todo, 150 voluntários passarão pelo procedimento. “Depois desse período inicial de testes faremos numa proporção mais significativa, em outras capitais, numa quantidade de pessoas bem maior”, contou o médico. A previsão é de que a vacina, caso se confirme como eficaz na prevenção contra a doença, chegue ao mercado nos próximos anos.

Na tarde desta quarta-feira, 1,Dietze revelou ao JT detalhes sobre a produção da vacina que começou a ser testada no País há duas semanas. 
Como e em quem essas vacinas estão sendo testadas?
Voluntários entre 9 e 16 anos serão vacinados em três fases. A primeira vez chamamos de dia zero, a segunda fase é aos seis meses e, depois de um ano, eles tomarão a vacina novamente. Acompanhamos todas elas e os 23 que já foram vacinados não tiveram reações. Essas pessoas serão seguidas durante um ano e meio e, a cada pequena reação, elas irão nos procurar para confirmarmos ou excluirmos a dengue, para entendermos o que é aquela febre
 
Como funciona essa vacina?
Ela é feita a partir de um vírus vivo que é modificado geneticamente. É como se pegássemos o pedaço de um e colocássemos em outro. Isso desliga a patogenicidade do agente e ele não consegue causar a doença.
 
Por que os testes estão sendo feitos na UFES?
 A universidade tem um Núcleo de Doenças Infecciosas no qual trabalhamos com doenças como tuberculose, dengue, vírus respiratórios. A primeira epidemia de dengue em Vitória se deu há mais de 15 anos e ainda somos uma área de alto risco da doença, portanto temos muitos estudos.

Que tipos de estudos já foram desenvolvidos na cidade? 
A Prefeitura de Vitória tem um projeto de mapeamento dos mosquitos da dengue. São 1400 armadilhas que capturam os mosquitos e eles são checados semanalmente para testes.

Além da Prefeitura há outras parcerias?
Temos a parceria do laboratório francês Sanofi Pasteur com o acompanhamento do Ministério da Saúde.

E quais são as reações esperadas para a vacina?
As reações normais das outras vacinas, tais como febre, dores no local, dores de cabeça.

Quantas pessoas serão submetidas aos testes?
São 150 voluntários e, depois desse período inicial de testes, faremos numa proporção maior.

Como será isso?
Depois desses primeiros testes a vacina será testada em outras capitais numa quantidade de pessoas bem maior do que nesses primeiros testes. Isso deve demorar um ano e meio, mais ou menos.

Ela servirá para os todos os tipos de dengue?
Sim, para os quatro tipos.

E quando será comercializada?
Depois dos testes em Vitória, eles se estenderão para as outras capitais e, se as nossas expectativas forem confirmadas, haverá uma negociação entre o laboratório e o Ministério da Saúde.

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