da Agência Brasil

Brasília – O superávit primário do setor público consolidado, que engloba as contas do governo federal, estados, municípios e empresas estatais, de R$ 2,454 bilhões, registrado em julho, foi o pior da série histórica do Banco Central (BC), iniciada em dezembro de 2001. A afirmação é do chefe do Departamento Econômico da instituição, Altamir Lopes.

Apesar desse resultado, Lopes espera pelo cumprimento da meta de superávit primário de 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB), neste ano. Em 12 meses encerrados em julho, o superávit primário ficou em R$ 68,642 bilhões, o que corresponde a 2,03% do PIB. A meta para este ano é de 3,3% do PIB. O Governo Central deve alcançar 2,15%, as estatais federais 0,20% e os governos regionais e suas empresas estatais, 0,95% do PIB. “Tenho confiança de que [o governo] vai cumprir a meta.”

Em julho, o Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) apresentou superávit primário de R$ 613 milhões, o mais alto para o período desde julho de 2000 (R$ 397 milhões).

Os governos regionais (estaduais e municipais) contribuíram com R$ 748 milhões, o resultado mais positivo para o período, desde julho de 2003, quando foi registrado déficit primário de R$ 16 milhões. As empresas estatais, por sua vez, apresentaram superávit primário de R$ 1,094 bilhão, o mais elevado desde julho de 2004 (R$ 1,760 bilhão).

O déficit nominal de R$ 14,310 bilhões, registrado no mês passado, é o mais elevado da série histórica do BC para o período, assim como o resultado acumulado de sete meses deste ano (R$ 65,539 bilhões).

O pagamento de juros da dívida ficou em R$ 16,764 bilhões em julho, contra R$ 16,169 bilhões registrados no mesmo mês de 2009. Nos sete meses deste ano, o pagamento de juros chegou a R$ 108,098 bilhões, maior do que o resultado do mesmo período de 2009 (R$ 95,106 bilhões) e o mais elevado da série do BC.

Segundo Lopes, o maior pagamento de juros neste ano aconteceu porque o país tem parte da dívida atrelada a índices de inflação, que tiveram desempenho melhor em 2009 e também porque, no ano passado, o BC teve ganhos com operações cambiais (swap cambial).

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que representa 26% da dívida, passou de 2,81%, de janeiro a julho de 2009, para 3,10% no mesmo período deste ano. No caso do Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), houve deflação de 1,66% nos sete meses de 2009, contra inflação de 5,85% em igual período deste ano.

Lopes acrescentou, ainda, que a expectativa é de retração da dívida líquida do setor público de 41,7% do PIB, em julho, para 41,5%, neste mês. “Para o ano, [a projeção] é de 39,6%, portanto uma retração expressiva ao longo do ano”, afirmou Lopes. “A relação dívida e PIB tem trajetória benigna. Vem em desaceleração”, acrescentou.

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