Marcel Rizzo, enviado iG a Guadalajara

Uma virada em quatro minutos deixou o Internacional bem perto do bicampeonato da Copa Libertadores. Com gols do talismã Giuliano e de Bolívar, os brasileiros venceram o Chivas Guadalajara por 2 a 1, nesta quarta-feira, no México, e jogarão por um empate na próxima quarta-feira, no Beira-Rio.

Na decisão não há gol fora como desempate. Portanto, em qualquer triunfo mexicano por um gol de diferença, haverá prorrogação. Aí, mantendo-se a igualdade, o vencedor sairá nos pênaltis. Para ser campeão direto, o Chivas precisa de dois gols ou mais de diferença.

O triunfo no segundo tempo salvou o goleiro Renan, que falhou novamente. Depois de soltar a bola na semifinal contra o São Paulo, ele tomou o gol no estádio Omnilife por cobertura, de cabeça, algo raro. O vacilo acabou esquecido graças a Giuliano e Bolívar e à grande atuação coletiva do time brasileiro.

AFP
Giuliano, talismã do Inter, comemora o gol de empate diante do Chivas

Bom começo e falha de Renan
Taison foi o líder do Inter nos primeiros minutos. Toques rápidos, que quase originaram gol no comecinho da partida, mas Alecsandro não alcançou cruzamento de Kléber. Os jogadores mexicanos pareciam encantados com seu novo estádio, belíssimo realmente, e assistiam aos brasileiros tocarem a bola de um lado para o outro.

A posse de bola gaúcha, porém, não resultava em trabalho para o goleiro Michel. Uma cobrança de falta de Alecsandro, sofrida por D’Alessandro, que bateu no travessão, foi a melhor oportunidade. Aos poucos o Chivas foi reconhecendo o gramado sintético e o Inter, talvez achando que marcaria quando quisesse, se encolheu.

A partir da metade do primeiro tempo o jogo começou a ficar nervoso. D’Alessandro e Bautista se estranharam, e a torcida se inflamou. Por causa do trânsito para chegar ao Omnilife, o estádio só encheu realmente depois dos 25 minutos, e a torcida começou a fazer barulho.

Quando o goleiro Renan cobrava tiros de meta, os torcedores gritavam ao mesmo tempo um palavrão, forma pouco carinhosa de provocar os brasileiros. A cada jogador do time brasileiro que efetuava escanteios, o alto falante do estádio falava seu nome, com a intenção de distraí-lo. Alecsandro então sentiu dores na perna esquerda e foi substituído por Everton – o atacante é dúvida para a partida de volta.

Com tudo isso, a etapa inicial se encaminhava para o empate sem gol, quando Renan falhou: Bautista  recebeu lançamento sozinho na área, mas o arqueiro estava adiantado. Ele cabeceou por cima, meio esquisito, e fez o gol.

No intervalo, um susto: assim que o árbitro Héctor Baldassi apitou o final do primeiro tempo, o estádio se apagou. O que deu impressão de um blecaute era na verdade um show do principal patrocinador da Libertadores. Fogos de artifício e música.

Reuters
Bautista festeja gol que abriu o placar para o Chivas, de cabeça

Nervosismo e o talismã
Celso Roth manteve o time para o início do segundo tempo, mas o Inter e Renan continuavam nervosos. Em um cruzamento de De Luna, da direita, o goleiro tentou o soco, mas só achou o vento.

D’Alessandro então tentou chamar a responsabilidade, para provar aos mexicanos que estavam certos ao temê-lo. Ele arriscava chutes de longa distância, tentando que a bola quicasse antes de chegar ao goleiro, o que aprendeu ao treinar dois dias na grama sintética do Omnilife.

Celso Roth então percebeu que errou ao colocar Everton no lugar de Alecsandro. Ele chamou Rafael Sóbis e sacou o garoto, que saiu emburrado após atuação apagada. No primeiro lance de que participou, Sóbis iniciou a jogada que parou no pé de Kléber pela esquerda. O cruzamento saiu na cabeça de Giuliano, o predestinado. Foi seu quinto gol na Libertadores, o quarto decisivo.

Quatro minutos depois, D’Alessandro lançou na área e a dupla de zaga resolveu: Índio ajeitou de cabeça e Bolívar cabeceiou para dentro do gol. Virada colorada no México. Com um time experiente, o Inter tocou a bola no final da partida, enervou o adversário e a torcida colorada gritou até “olé” na casa do adversário.

Milton Trajano
Charge com o azarado Mick Jagger e o técnico Celso Roth
Charge com o azarado Mick Jagger e o técnico Celso Roth

FICHA TÉCNICA – CHIVAS 1 x 2 INTERNACIONAL

Local: Estádio Omnilife, em Guadalajara (México)
Data: 11 de agosto de 2010, quarta-feira
Horário: 21h50 (de Brasília)
Árbitro: Héctor Baldassi (Argentina)
Assistentes: Ricardo Casas e Hernán Maidana (ambos da Argentina)
Cartões Amarelos: Fabián e Luna (Chivas); Sandro (Inter)

GOLS: Chivas: Bautista, aos 46 minutos do primeiro tempo
Inter: Giuliano, aos 27 minutos do segundo tempo, e Bolívar, aos 31 minutos

CHIVAS: Luis Michel; Magallón, De Luna, Reynoso e Ponce; Báez (De Avila), Fabian (Escalante), Mejía e Bautista; Omar Arellano (Araújo) e Omar Bravo. Técnico: José Luís Real

INTERNACIONAL: Renan; Nei, Bolívar, Índio e Kleber; Sandro, Guiñazu, Giuliano, D’Alessandro e Taison (Wilson Matias); Alecsandro (Everton) (Rafael Sóbis). Técnico: Celso Roth

Compartilhe