Tribuna da Bahia/Roberta Cerqueira

Em relação ao mesmo período do ano passado, os acidentes de trânsito envolvendo motociclistas, entre os meses de janeiro e julho, cresceram 15%. O número de pessoas feridas, por conta destes mesmos acidentes, saltou 14%. Em relação às mortes houve, um acréscimo ainda mais assustador, de 28%. Só nos sete primeiros meses deste ano já foram registradas 3.255 ocorrências, com 2.427 vítimas (não-fatais) e 55 óbitos.

A combinação, muitas vezes mortal, entre velocidade e imprudência é apontada pela Superintendência de Trânsito e Transporte de Salvador (Transalvador) como a principal razão para estas estatísticas.

Os números crescem ano a ano. Em 2008 foram registrados 4.428 acidentes sem vítimas, 3.489 com vítimas não-fatais e 58 mortes. No ano seguinte, os acidentes subiram para 5.423, as vítimas não-fatais para 4.077 e os óbitos para 86.

As ocorrências têm uma relação direta com o crescimento da frota de veículos da capital baiana, que segundo a Transalvador, a cada ano, aumenta 16%, quando a média mundial é de 1%. Atualmente Salvador tem 79.230 motocicletas, o que representa 11% do total de veículos, que já ultrapassa os 700 mil.

De acordo com a diretora de trânsito da Transalvador, Gisnaia Sampaio, considerando o aumento da frota, houve uma redução de 1%, do total de acidentes com moto, queda de 2% do número de acidentes com feridos e 12% de aumento do número de mortes.

A razão de tantas ocorrências é facilmente explicável. “O desrespeito às regras básicas de trânsito”, diz a diretora, destacando que a maioria dos acidentes ocorre durante o final de semana e por conta do excesso de velocidade dos motoristas.

Os locais onde mais acontecem os acidentes, segundo Sampaio, são as Avenidas Luís Viana (Paralela), Antônio Carlos Magalhães (ACM), Afrânio Peixoto (Suburbana) e Otávio Mangabeira (Orla) – no trecho entre a Pituba e Itapuã.

Os homens estão em maioria, entre as vítimas de acidentes com moto. “45% dos homens que se envolvem em acidentes de trânsito, não-fatais e 31% dos fatais são motociclistas”, diz, salientando que as mulheres representam cerca de 8% das vítimas, entretanto, de janeiro a junho de 2010, não ocorreu nenhuma morte de mulher, por acidente com moto. Do total de acidentes de trânsito, ocorridos na cidade baiana, pelo menos 35% dos não-fatais e 24% dos fatais estão relacionados a motocicletas.

Instrutor de auto-escola há 21 anos, Carlos Alberto de Carvalho, 42 anos, utiliza motocicleta como meio de transporte desde que entrou para a atividade e disse nunca ter sofrido um único acidente. O segredo, segundo ele, é a prudência, na direção. “Muitos motociclistas arriscam-se no trânsito, andam em velocidade e desafiam todos encontram no caminho”, diz.

O também professor de uma auto-escola da cidade, Renivaldo Senna, tem notado um aumento do número de alunos para a primeira habilitação com moto. “A maioria está desempregada e quer tirar carteira para trabalhar com a moto”, conta.

O estudante Marco Antonio Borges, 21, resolveu entrar na escola para tirar a carteira para moto e carro, ao mesmo tempo. “Prefiro carro, pois acho mais seguro, mas, em uma cidade como Salvador, tomada por engarrafamentos, por todos os lados, uma moto ajuda muito”, diz ele, enquanto aprende as dicas básicas de segurança. “Mantenham-se a pelo menos 20 metros de distância dos carros e respeitem a velocidade permitida para as vias”, ensina o professor.

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