Tribuna da Bahia/Cristiane Felix

 O trabalhador soteropolitano precisa trabalhar 87 horas e 29 minutos, por mês, para comprar uma cesta básica com 13 itens alimentícios. A pesquisa, feita em julho, pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) tem como base o salário mínimo brasileiro, de R$ 510.

 Com a cesta básica no valor de R$ 202, 82, Salvador ocupa a 13ª posição entre as capitais mais caras para se comer no país, o que obriga os seus trabalhadores a gastarem cerca de 40% do rendimento mensal apenas com a alimentação básica.

 O Dieese aponta os itens carne, leite, feijão, arroz, farinha, batata, tomate/legumes, pão, café, banana, açúcar, óleo e manteiga como os principais componentes da Cesta Básica Nacional, também chamada de Ração Essencial Mínima. Esses alimentos são necessários para nutrição e boa alimentação humana.

 

Como a quantidade e os preços dos itens da cesta variam de acordo com cada região brasileira, eles são monitorados mensalmente pelo Departamento com objetivo de avaliar a evolução do preço e o custo total em cada capital.

Em Salvador, no último mês de julho, a cesta custou R$ 202,82, o que corresponde a 39,76% do salário mínimo atual. Segundo dados levantados pelo Dieese, para comprar os 13 componentes da cesta, o trabalhador assalariado da capital tem que trabalhar 87 horas e 29 minutos. Para se ter uma ideia, apenas para comprar 4,5kg de carne, gênero mais caro da cesta, são necessários 22h53m trabalhados no mês.

Para 6kg de pão, são 13h12m; 7,5 dúzias de banana equivalem a 12h mensais; 4,5kg de feijão custam 7h15m de trabalho e ainda: para 6 litros de leite, são 5h15m; 3,6kg de arroz, 2h59, 3kg de farinha, 3h02m; 12 kg de tomate, 11h26m; 300g de café, 1h08m; 3kg de açúcar, 2h20m; 900ml de óleo, 58m e para 750g de manteiga, 5h de trabalho no mês.

PREOCUPANTE – Para a especialista em tributos Sueli Angarita, se a carga de impostos fosse menor, a cesta poderia ficar muito mais barata para os consumidores. “De acordo com a Receita Federal, alimentos como arroz e feijão contribuem com 7%, óleo e açúcar, com 16,75% em tributos sobre os preços. Sem os tributos, o óleo que custa R$ 3,88, poderia custar R$ 3,25, e 5kg de açúcar que custam R$ 4,99, poderiam custar R$ 4,18. São valores que fazem muita diferença no bolso do trabalhador”, explicou.

A situação é ainda mais preocupante se comparada ao mesmo período no ano passado. Em Salvador, a cesta ficou sete reais mais cara do que em 2009, quando custava R$ 195,70. Sete produtos tiveram aumento de preços, com destaque para o feijão, a banana e a carne, que subiram cerca de R$3. Apenas o leite, o arroz e a manteiga ficaram um pouco mais baratos.

O café foi o único produto que manteve o mesmo preço nos dois anos, ficando apenas um centavo mais barato.

A pesquisa revela ainda que há capitais em que o trabalhador gasta até metade do salário só com alimentação, é o caso de São Paulo e Porto Alegre. Na capital paulista, apontada como a cidade mais cara para se comer, o gasto mensal chega a R$ 249,06, o que equivale a 107h26m de trabalho. Caso parecido é o de Porto Alegre, em que a cesta custa R$ 248,15, o correspondente a 107h03m trabalhados por mês.

A vizinha Aracaju é a cidade mais barata, ocupando o 17º lugar no ranking. Com o custo de R$ 181,04, a cesta básica dos sergipanos além de mais barata, consome 78h06m de trabalho ou 35% do salário mensal, aproximadamente 5% a menos se comparado à Salvador.

Compartilhe