José Lopes, do A TARDE

 Sem obter autorização da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), o deputado federal e candidato ao governo do estado Luiz Bassuma (PV) e sua equipe de filmagem tentaram entrar na emergência do Hospital Roberto Santos na tarde desta quinta-feira, 29. A segurança  do hospital não autorizou a entrada do grupo e o candidato só conseguiu passar para a parte interna da unidade após ser convidado pelo familiar de um paciente.

“Lá dentro tem 45 pessoas que, desde o turno da manhã, não foram atendidas e não comeram nada. É muito abafado, tem muita gente em pouco espaço”, disse Bassuma, que alegou coletar subsídios para seu programa de governo na área de saúde para justificar a visita.

“Só posso fazer a coleta de subsídios de duas formas: convivendo com o povo e colhendo com a equipe de profissionais”, argumentou, enquanto sua equipe gravava declarações de pessoas que chegavam à entrada da emergência.

O candidato disse que sua assessoria tentou, sem sucesso, a autorização da direção do Hospital Roberto Santos desde a manhã de quarta, mas continuará as visitas à rede estadual de saúde.

“Vou planejar (a próxima visita). Pretendo fazer o Saúde da Família, que é a parte de prevenção”, avisou.

A assessora de comunicação do Hospital Roberto Santos, confirmou o contato com a assessoria de Bassuma e explicou que a visita não foi liberada pelo gabinete da Sesab.

“Somos um hospital de alta e média complexidade, com três emergências e um grande fluxo de pacientes. Até o cidadão que vem acompanhar uma pessoa internada precisa passar pelos procedimentos de identificação, receber uma etiqueta. A gente cumpre ordens, tem norma, tem regimento. Se o gabinete autorizar, a gente libera”.

Ética – De acordo com o professor de Direito da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Celso Castro, não há nenhum impedimento legal quanto a gravações em locais públicos, mesmo na parte interna de hospitais.

“Proibição, se houver, será para segurança dos pacientes. É até uma questão de ética médica. O que não pode é negar a gravação interna em qualquer caso, porque aí já é um ato arbitrário”, explicou.

Segundo Castro, as gravações devem ser feitas em horários combinados para compatibilizar com os direitos privativos dos pacientes e não atrapalhar os procedimentos médicos.

Gabinete – Chefe de gabinete da Sesab, Washington Couto disse que a secretaria não irá se posicionar quanto a atitude do candidato. “O julgamento vai ficar com a comunidade e a Justiça Eleitoral” , disse.

Couto, que justificou a proibição da gravação por questões de ética médica e respeito a normas da vigilância sanitária.

“Tá envolvido aí a transmissão de vírus, de infecção hospitalar, além da ética médica e da preservação da imagem dos pacientes. Por isso se restringe o acesso das pessoas”.

Sobre as gravações nas dependências internas dos hospitais, Couto foi taxativo. “Pode ser excesso de zelo, mas na minha opinião, a gente não vai expor a imagem das nossas unidades. Não recebemos nada por escrito e não fiz nenhuma consulta ao nosso jurídico. Mas caso ele diga que é possível, não serei contra”.

O chefe de gabinete da Sesab disse ainda que, fora do espaço de trabalho, os profissionais de saúde não sofrem qualquer restrição quanto a manifestar apoio ou dar entrevistas para programas políticos.

“Não pode dentro do do espaço de trabalho. Mas no final do turno de trabalho, não tem problema. Ele (o profissional) tem que ter ética, os cuidados necessários para não expor pacientes, mas isso eles já sabem”, explicou.

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