Adriana Fernandes – O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA
Na contramão do que disse o secretário da Receita, Otacílio Cartaxo, a Corregedoria-Geral do órgão resolveu agilizar as investigações sobre o vazamento do Imposto de Renda do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, e vai concluir a sindicância administrativa em 60 dias, antes das eleições.

A informação foi publicada ontem pela Folha de S. Paulo. O prazo para o fim da apuração criou polêmica após Cartaxo ter dito, em audiência na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, que o trabalho só estaria concluído depois das eleições, em 120 dias.

A sindicância sobre o caso foi aberta em 21 de junho e aponta para um único servidor. O corregedor da Receita, Antônio Carlos Carvalho, confirmou, via assessoria, que há fortes indícios de que apenas um servidor fez o acesso imotivado aos dados de Eduardo Jorge, conforme antecipou o Estado na sexta. O servidor atua na superintendência de São Paulo.

O vazamento do IR do tucano virou tema da campanha eleitoral porque os dados fiscais do executivo do PSDB teriam abastecido dossiê do chamado “grupo de inteligência” de Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência.

O vice do PSDB protestou porque ainda não foi convidado a depor pela Receita. “A comissão foi instalada há quase um mês. Publicamente eu já afirmei, em diversas oportunidades, que eu tenho cópia do material que foi vazado”, disse.

Em sua avaliação, “normalmente uma das primeiras providências no curso da investigação é falar com a vítima para que ela diga se tem alguma desconfiança ou informação”.

“Com a cópia eu suponho que a Receita poderia tentar identificar quem vazou, rastrear a origem”, declarou Eduardo Jorge. Ele anota que já sofreu “dois ou três vazamentos, mas a Receita não conseguiu identificar os responsáveis”. Sobre a nova violação de que foi alvo, disse: “Não posso dizer que não é apuração bem feita porque estaria pré-julgando, mas em princípio não tenho muita esperança de que se consiga chegar a algum lugar.”

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