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Claudio Foleto/Agência A TARDE

O posseiro Gesito de Oliveira fala que a tranquilidade acabou com a chegada dos empresários

O posseiro Gesito de Oliveira fala que a tranquilidade acabou com a chegada dos empresários

Com denúncias de ameaças de morte de ambos os lados, um conflito agrário entre posseiros e prepostos da empresa que detém o domínio de uma área de 70 mil hectares na zona rural de Barra, (a 650 km de Salvador) está assustando tanto os moradores que vivem no local há mais de 50 anos, como os representantes dos novos donos do latifúndio Fazenda Boqueirão, adquirido em 2004 e gerenciado pela empresa Pró-Flora.

A área de litígio é de cerca de 40 mil hectares. Há seis anos começaram os problemas na região dos Baixões, de acordo com o posseiro Gesito Ramos, 67 anos. Ele reclamou que “desde que este grupo apareceu por aqui, um lugar onde vivíamos com tranquilidade, acabou o nosso sossego”. Segundo o posseiro Gedson Ramos, 51 anos, além de sofrer intimidações, estão sendo “acusados de pistolagem, apesar de ninguém andar armado”. Evilásio Santana, 43 anos, disse que, por causa do medo, as pessoas têm se deslocado em grupo.

O representante da Pró-Flora, advogado Afrânio Geraldo da Silva, afirmou que, até o ano passado, não se falavam em ameaças. “O que há de fato é uma tentativa, por parte de membros da Comissão Pastoral da Terra, de instalar um conflito agrário”. Ele salientou ainda que o grupo sempre respeitou as posses dentro dos limites reais e que nunca houve ameaça física ou verbal aos posseiros.

Segundo o advogado, durante seis anos que busca resolver a questão dos posseiros da fazenda Boqueirão, 360 deles já tiveram as escrituras outorgadas, somando mais de 20 mil hectares “onde o próprio posseiro indicou os limites aos topógrafos. Restam ainda 33 famílias residentes nos limites da fazenda que negaram a receber suas escrituras”.

Afrânio Geraldo da Silva destacou ainda que 42 mil hectares já foram vendidos a outra empresa “que ainda não quer seu nome divulgado, mas já está na região fazendo pesquisas e deve cultivar cana e produzir álcool na área, com perspectiva de gerar 4 mil empregos diretos”.

Já o Agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT) subregional Centro Oeste da Bahia, Carivaldo Ferreira dos Santos salientou que a entidade “de forma alguma está manipulando os posseiros e só entrou na briga por causa da insatisfação deles pela forma como o processo estava sendo conduzido até agora”.

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