Rodrigo Lago/Tribuna da Bahia
Terá bastante trabalho o prefeito da capital baiana, João Henrique, caso tenha que fechar pessoalmente todas as agências bancárias que estão descumprindo a Lei dos 15 minutos em Salvador. Pouco mais de 24 horas após duas agências do Banco do Brasil (Iguatemi e Calçada) serem interditadas, com a presença do alcaide, justamente pelo fato de não cumprirem o que reza a Lei Municipal 5.978/01, nada mudou dentro de alguns bancos, e o que se viu ontem, 14, foi gente esperando muito mais do que 15 minutos para ser atendido.
“Estou aqui há uma hora e a máquina de senhas não estava nem funcionando quando cheguei”, denunciou a farmacêutica Joana Cunha, 34, enquanto aguardava para realizar um depósito no Bradesco do Iguatemi. Lá, dizem os clientes e correntistas a demora no atendimento já faz parte do ambiente, por isso, a suspensão do alvará de funcionamento das agências do Banco do Brasil parece não ter servido de exemplo, como gostaria o prefeito João Henrique.
E quem pensa que a ‘maresia’ para atender é direcionada apenas para quem vai utilizar os caixas, engana-se. “Abrir conta ou realizar qualquer serviço aqui também é um transtorno, um martírio, parece que estamos pedindo um favor e que eles não nos cobram nada por isso!”, falou a comerciante Irene Cruz, 31.
Ainda no local, a reportagem acompanhou a odisséia do agente de turismo Cláudio Sampaio no momento em que ele entrou no banco e se dirigiu até o final da fila, em formato de ‘vai e vem’. Vinte e cinco minutos depois, Cláudio não tinha percorrido nem um terço do trajeto até o caixa. “É um absurdo, os banqueiros lucram muito e já está mais do que na hora de contratarem mais pessoal e prestarem atendimento digno para os clientes e correntistas”, pontuou, acrescentando ainda que faria uma reclamação junto a Coordenadoria de Defesa do Consumidor (Codecon). O registro de queixas pode ser feito através do 156, a ligação é gratuita. No banco ninguém quis falar sobre o assunto.
No caso das agências do Banco do Brasil (BB), o fechamento se deu após autuação pela quinta vez pela Codecon. Na última fiscalização no BB do Iguatemi, na semana passada, os agentes do órgão aguardaram por 30 minutos pelo atendimento. Ontem, esse tempo, acredite, era inferior ao de quem aguardava na fila da Caixa Econômica e também do Banco do Brasil, ambos localizados em Itapuã. A espera era de mais de uma hora. “Já perdi um tempo danado aqui na fila, toda vez é isso, já venho até preparado com o fone no ouvido para relaxar, senão a impaciência toma conta do meu ser”, ironizou o industriário Flávio Silva, 36 anos.
Na Avenida Manoel Dias da Silva, Pituba, ontem pela manhã, praticamente todas as agencias bancárias do local apresentavam atendimento dentro dos padrões estabelecidos pela Lei Municipal, sem nenhum tipo de reclamação com relação ao cumprimento da Lei dos 15 minutos. “Graças a Deus o atendimento foi rápido, mas é que a demanda diminuiu muito nessa região da Pituba, devido aos inúmeros casos de saidinha bancária. As pessoas estão com medo e por isso procuram outros locais”, disse a advogada Diva Anunciação, 54, tentando justificar o rápido atendimento da agência do banco Itaú, da Pituba.
O secretário municipal de Serviços Públicos, Fábio Mota, disse que após a queda da liminar da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) que impedia a Prefeitura de executar ações de fiscalização nas agências bancárias de Salvador vai ser possível intensificar as fiscalizações e punir as agências que desrespeitam a lei. Em trinta dias, mais de 400 instituições bancárias já foram notificadas e outras três agências, que acumulam quatro atuações, poderão ser fechadas.
Agências do Banco do Brasil continuam fechadas
Na porta da agência do Banco do Brasil do Iguatemi, ontem pela manhã, apenas um funcionário orientava as pessoas que chegavam para realizar serviços na agência, que permanecerá fechada por cinco dias. “Estou encaminhando as pessoas para agências mais próximas, Cidadela ou Tancredo Neves”, disse. Apenas os caixas eletrônicos funcionavam. A adequação exigida é a abertura de mais guichês de atendimento, já que foi constatado que os existentes são insuficientes para o cumprimento da Lei.
Era unânime a opinião em favor ao fechamento da agência. A arquiteta Maria de Loudes Aragão, 42, disse que tinha que pegar um cartão bancário na agência para movimentação de sua conta, mas que estava satisfeita em ver fazer valer a Lei dos 15 minutos. “Já estava mais do que na hora dos órgãos responsáveis tomarem alguma atitude com relação a esse descaso. Sem cartão, mas satisfeita com a decisão da Prefeitura”, disse.
