A prisão do goleiro Bruno Fernandes (foto), do Flamengo, suspeito de participação no desaparecimento da ex-amante Eliza Samudio, chamou a atenção para abusos cometidos por diversas celebridades esportivas, segundo especialistas em psicologia do esporte. “Eles têm vidas solitárias”, diz a psicóloga americana Yolanda Bruce Brooks, fundadora do instituto The Sports Life Transitions, especializado no trabalho com atletas e equipes. “Desde a infância, as pessoas começam a tratá-los de maneira diferente, a fazer exceções”, afirma Brooks, que há mais de 20 anos trabalha com atletas dos mais variados esportes e suas famílias. Com o tempo, diz Brooks, muitos acabam com a impressão de que não precisam seguir as mesmas regras aplicadas ao resto da sociedade. Referências Outro ponto em comum associado a atletas envolvidos em escândalos é uma infância sem referências afetivas. Bruno foi criado pela avó, na periferia de Belo Horizonte. O pugilista americano Mike Tyson, que ao longo de sua carreira protagonizou vários escândalos e chegou a ser preso por estupro, foi abandonado pelo pai aos dois anos de idade. “Muitos têm histórias familiares complexas, de abandono, de falta de modelos femininos. Têm lacunas no desenvolvimento emocional”, diz Cozac. No entanto, nem todos se encaixam nesse modelo. “Kobe Bryant, por exemplo, teve uma figura paterna bem presente”, diz Brooks, referindo-se ao astro do basquete americano, filho de um ex-jogador e treinador, que já enfrentou uma acusação de estupro. Segundo a psicóloga americana, ao viver suas vidas em público o tempo todo, essas celebridades acabam sofrendo também um impacto maior quando cometem algum erro. “Mas eles sabem que vivem suas vidas em público e, consequentemente, estão sujeitos a isso”, diz Brooks. “São pessoas como nós, às vezes cometem erros de julgamento. Mas devem ser responsabilizados por seus erros.” Fonte: BBC Brasil |