Agência Estado/Abril

Policiais e bombeiros retomaram na sexta-feira (9) as buscas pelo corpo de Eliza Samudio, ex-amante do do Flamengo Bruno Fernandes Souza, em um sítio que já foi investigado como área de execuções. A procura se concentrou na propriedade alugada por Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, em Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte. Ele integraria um grupo de extermínio, que atuaria dentro do Grupo de Respostas Especiais (GRE), uma equipe de elite da Polícia Civil de Minas Gerais. Ontem, nada foi encontrado. As informações são do jornal “O Estado de S. Paulo”.
Bola foi excluído da corporação em maio de 1992, pouco mais de um ano após ingressar, sob a acusação de falta de idoneidade e indisciplina. O sítio no bairro Coqueirais também funcionava como um centro de treinamento do GRE. Em 2008, segundo fontes policiais, Bola foi chamado a depor como investigado em um inquérito instaurado pela Corregedoria-Geral de Polícia Civil, após três integrantes do GRE serem denunciados pelo desaparecimento de dois homens.

O esquema foi revelado pelo então inspetor Júlio Monteiro, com apoio de outros policiais. A suspeita era de que as vítimas eram mortas, esquartejadas e queimadas em pneus no sítio. Restos mortais também serviam de alimento para cães ferozes. No depoimento do adolescente que é primo de Bruno e diz ter participado do sequestro, ele relata que o mesmo teria sido feito com o corpo de Eliza após ela ter sido estrangulada por Bola. Na época da investigação, pelo menos oito agentes foram afastados do grupo de elite. A denúncia falava em outros crimes, incluindo fraudes e assaltos.

Nove pessoas, incluindo o adolescente, que tem 17 anos, foram presas por homicídio, sequestro/cárcere privado e lesão corporal. A Polícia trabalha com a hipótese de que a morte de Eliza tenha sido premeditada. Ex-amante do atleta, Eliza tentava provar na Justiça que Bruno era pai de seu filho.

Entenda o caso
Eliza Samudio desapareceu no dia 4 de junho. O último contato conhecido dela foi com a advogada Anne Faraco, que acompanhava o reconhecimento da paternidade do filho de quatro meses que dizia ser de Bruno Fernandes, à época goleiro e capitão do Flamengo. Eliza avisou no telefonema que iria a Minas Gerais encontrar o jogador, pois ele havia concordado em fazer um exame de DNA.

Nos meses anteriores, a modelo tinha levado à imprensa do Rio de Janeiro a notícia de que estava grávida de Bruno. A criança teria sido concebida no primeiro encontro dos dois em um churrasco em maio de 2009, quando o atleta já era casado com Dayanne Souza.

Em outubro, Eliza denunciou ter recebido ameaças de Bruno, que pressionava para que abortasse a criança. A Justiça determinou que o atleta mantivesse, pelo menos, 300 metros de distância dela.

Quando o bebê nasceu, em fevereiro deste ano, a ex-amante passou a negociar as condições para que Bruno assumisse a paternidade. Ela batizou a criança com o mesmo nome do jogador. Um mês depois, ela foi ao Rio e enviou uma mensagem para sua advogada: “Estou no mesmo hotel que fiquei aquela vez, se acontecer algo, já sabe quem foi”. O advogado do jogador rejeitou o acordo proposto por ela na ocasião.

Em 24 de junho, a Delegacia de Homicídios de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, onde ficava o sítio de Bruno, recebeu uma denúncia de que Eliza havia sido levada para o local, onde teria sido assassinada. Foi quando as polícias fluminense e mineira começaram as buscas por Eliza.

Dois dias depois, a mulher do jogador, Dayanne, foi autuada “por subtração de incapaz” por ter entregado filho de Eliza a uma amiga.

Na segunda-feira (28 de junho), a Polícia de Minas Gerais fez as primeiras buscas no sítio do atleta. No dia seguinte, a perícia encontrou vestígios de sangue no carro de Bruno, retido por falta de licenciamento em uma blitz no dia 8 do mesmo mês. Mais tarde, um exame mostrou que se tratava do sangue de Eliza.

A testemunha-chave do caso, um adolescente de 17 anos, que é primo do goleiro, apareceu em 6 de julho e confirmou ter participado do seqüestro de Eliza, ao lado de Luiz Henrique Romão – mais conhecido como “Macarrão”, que era funcionário de Bruno.

O menor de idade disse que ambos levaram a mulher para o sítio do jogador e que, de lá, ela havia sido entregue ao traficante e ex-policial civil Marcos Aparecido do Santos, conhecido também como “Bola”, “Paulista” e “Neném”, na cidade de Vespasiano, na Grande Belo Horizonte. Ele seria o responsável pela morte de Eliza, por estrangulamento.

O adolescente disse ainda que o traficante desmembrou a mulher e deu as partes do corpo dela para que cachorros comessem. Segundo a Polícia de MG, Bruno teria acompanhado a entrega de sua ex-amante ao criminoso e presenciado o assassinato.

Bruno, sua esposa e Macarrão, além de mais cinco pessoas envolvidas no crime, tiveram sua prisão preventiva decretada após o encerramento do depoimento do adolescente, no dia 6 de julho.

O jogador e seu funcionário já foram indiciados pela Polícia do Rio pelo sequestro ocorrido em junho deste ano e, pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ), por sequestro, cárcere privado e lesão corporal, por conta do incidente de 2009, onde teriam tentado forçar Eliza a abortar a criança que ela carregava.

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