Maiza de Andrade l A TARDE

Fernando Vivas/Agência A TARDE

Em 2006, Adelson Virgílio sofreu com água contaminada em Camaçari

Em 2006, Adelson Virgílio sofreu com água contaminada em Camaçari

As empresas Nufarm Indústria Química e Farmacêutica, Cetrel S/A e Litoral Limpeza Industrial Ltda são apontadas pelo Ministério Público baiano como as responsáveis pelo descarte de material tóxico na estrada da Cascalheira, na cidade de Camaçari (Grande Salvador), em junho de 2006. Os produtos químicos orgânicos voláteis – e, principalmente, pesticidas – provocaram a contaminação do meio ambiente e a intoxicação de moradores próximos do local do descarte.

A investigação, a cargo do promotor de justiça Luciano Pitta, foi concluída com a proposição de uma ação civil pública, ajuizada na última segunda-feira. Pitta pede à Justiça que as três empresas sejam condenadas “a reparar integralmente e de forma solidária os danos ambientais decorrentes do derramamento de resíduos”.

De acordo com a investigação, a Cetrel contratou a Litoral para transportar 94 toneladas de resíduos classe 1, da Agripec Química e Farmacêutica (atual Nufarm), com sede em Maracanaú (CE), que contratou a Cetrel para incinerá-los. A Agripec entregou os produtos na Cetrel e caberia à Litoral transportá-los da área de armazenagem, na Via Atlântica, para o incinerador, na Rua Oxigênio.

“Entretanto, em julho de 2006, ao efetuar conferência em seu sistema, a Cetrel teria identificado uma diferença no peso da carga transferida pela transportadora. O sistema, no dia 21 de junho de 2006, teria acusado que o caminhão deixou de entregar 3.040 kg do resíduo transportado. A empresa acusa, então, a transportadora Litoral de, possivelmente, ter promovido o descarte do remanescente em local inapropriado”, observa o promotor.

A Litoral Limpeza Industrial, por sua vez, negou a versão da Cetrel, e informou que, no dia 21 de junho de 2006, foram feitas duas viagens para o transporte de resíduos e que, na própria Cetrel, informaram que a balança da empresa estava com defeito e que, naquele dia, o procedimento de lavagem realizado na Cetrel não foi efetuado de forma adequada. Segundo a Litoral, o seu caminhão chegou na Cetrel limpo e saiu de lá limpo, após fazer o transporte interno dos produtos.

“A Cetrel jogava a culpa na Litoral, a qual, por sua vez, empurrava-a de volta, o que deixava claro que elas queriam a todo custo eximir-se da responsabilidade ambiental” afirma o promotor.

Cetrel – Por meio de nota divulgada nesta quinta, a Cetrel informou que não teve “qualquer envolvimento ou participação na autoria do descarte de produtos químicos nas proximidades da Via Cascalheira, em Camaçari-BA, e lamenta profundamente as acusações feitas nesta notícia”.

Ainda segundo a nota divulgada, a diretoria da empresa afirma que teve conhecimento do descarte clandestino de produtos químicos nas proximidades da Via Cascalheira em razão de solicitação recebida de órgãos públicos para que prestasse ajuda nos trabalhos de descontaminação e monitoramento do solo e da água da região afetada. E que “prestou auxílio e orientação à população local e contribuiu ativamente para as investigações acerca da autoria do descarte de produtos químicos”.

E concluiu afirmando que “a Cetrel demonstrará, oportunamente, e pelas vias próprias, que não teve qualquer envolvimento ou participação na autoria desse descarte e que as acusações que lhe são feitas não possuem qualquer fundamento”.

Responsáveis pelas duas outras empresas citadas não foram localizados nesta quinta para comentar o assunto.

Compartilhe