Fernando Nakagawa e Fábio Graner, da Agência Estado  

SÃO PAULO – O Banco Central elevou sua projeção oficial de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010 de 5,8% para 7,3%, de acordo com o Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quarta-feira, 30. O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton de Araújo,informou que a elevação na previsão de crescimento do PIB de 2010 é a maior já feita pelo BC de um trimestre para outro.

Segundo ele, o crescimento do Brasil no primeiro trimestre do ano já garantiu um “carry over” de 6%, o que significa dizer que se a economia não expandisse mais nada nos trimestres seguintes, o crescimento no ano seria nessa magnitude.

De acordo com Carlos Hamilton, na entrevista sobre o relatório trimestral de inflação, o diretor destacou que o mercado de capitais brasileiro já superou os efeitos da crise de 2008, mas convive com maior volatilidade, por conta da crise na Europa. Além disso, o mercado de crédito no Basil segue em expansão, liderado pelas pessoas físicas, no lado da demanda, e pelos bancos privados nacionais, no lado da oferta de financiamento. Mas ressaltou que o endividamento das famílias cresce de forma equilibrada, com estabilidade no nível de comprometimento da renda, para pagamento dos financiamentos.

O diretor também destacou que o BC conseguiu ser bem sucedido em sua sinalização para o mercado de que os juros iriam aumentar, o que provocou a elevação nas taxas de juros de mercado, antes mesmo da Selic efetivamente subir.

De acordo com o documento, “a acomodação observada em abril, na atividade industrial e nas vendas do comércio varejista, não constitui indicativo de alteração na tendência de crescimento, que deverá seguir sustentada pelas trajetórias favoráveis do mercado de trabalho e dos índices de confiança de empresários e consumidores, e pela intensificação das operações de crédito.”

O relatório também destaca que a atividade interna continua evidenciando o dinamismo da demanda doméstica “ressaltando-se o crescimento acentuado dos investimentos, consistente com o patamar elevado da confiança do empresariado e com o cenário de aumento do nível de utilização da capacidade instalada”. Nesse trecho do relatório, os diretores do BC destacam que o consumo das famílias continua sendo “impulsionado pelo nível elevado da confiança dos consumidores, pelos aumentos recorrentes da massa salarial e pela melhora nas condições do mercado de crédito”.

Por fim, o BC cita que o setor externo continua contribuindo negativamente para o crescimento do PIB. Esse comportamento é explicado pela diferença entre a atividade nas economias brasileira e mundial e seu efeito negativo sobre a balança comercial.

Compartilhe