Marcelo de Moraes / Brasília – O Estado de S.Paulo

A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de validar a Lei da Ficha Limpa para candidatos condenados antes de sua sanção embaralhou de vez a montagem dos palanques em Estados importantes como Rio, Distrito Federal e Maranhão, entre outros.

 Se candidatos e dirigentes dos maiores partidos já quebravam a cabeça para amarrar costuras eleitorais regionais, a interpretação dada pelo TSE à Lei da Ficha Limpa pode tirar do páreo fortes concorrentes e obrigou as direções partidárias a revisarem suas alianças e estratégias.

No Distrito Federal, o principal afetado poderá ser o ex-governador Joaquim Roriz (PSC), que renunciou ao mandato de senador para escapar de um processo de cassação. Líder nas pesquisas, vai tentar manter a candidatura, mas sua situação já provocou o primeiro efeito colateral importante. O atual governador, Rogério Rosso (PMDB), que não disputaria a eleição, reviu a posição e decidiu se lançar candidato e deve atrair o apoio de DEM, PSDB e PTB.

Para isso, precisa vencer hoje a convenção do PMDB e derrotar a proposta de coligação com o PT no Distrito Federal. Com a possibilidade de Roriz se tornar inelegível, a candidatura de Rosso passa a ser uma opção viável até para os aliados do ex-governador. De quebra, ajudaria o projeto dos tucanos de inviabilizar a aliança entre PT e PMDB na capital, que apoiaria a petista Dilma Rousseff.

A petista também pode perder aliados importantes em outros Estados por conta da Lei da Ficha Limpa. No Rio, o ex-governador Anthony Garotinho (PR) estuda a retirada da candidatura e sua substituição pelo deputado estadual Wagner Montes (PDT). Uma decisão do TRE já tinha tornado Garotinho inelegível, mas ele apostava na reversão da sentença no TSE. A interpretação dada à Lei da Ficha Limpa, porém, tornou sua situação mais complicada.

No Pará, o deputado Jader Barbalho (PMDB) lidera as pesquisas para o Senado e tinha sua eleição considerada certa. Agora corre o risco de ver sua campanha barrada pela Justiça. O mesmo acontece com outro aliado de Dilma, o ex-governador Marcelo Miranda (PMDB), que também deseja concorrer ao Senado.

Tucanos. O PSDB passa a ter problemas imediatos com palanques de apoio ao candidato José Serra em pelo menos três Estados. No Maranhão, os tucanos tinham acertado coligação com o PDT, cujo candidato é o ex-governador Jackson Lago, cassado em 2009 por decisão da Justiça. Agora, Lago poderá se tornar inelegível por conta da Lei da Ficha Limpa. Candidato pelo PC do B, o deputado Flávio Dino seria a nova opção desse grupo político.

Em outros dois Estados, a ameaça recai diretamente sobre candidatos tucanos. Em Rondônia, o ex-senador Expedito Júnior, que concorre ao governo, poderá ter o registro negado. Na Paraíba, o ex-governador Cássio Cunha Lima lidera as pesquisas para o Senado e é o principal cabo eleitoral no Estado para Serra.

Pelo Twitter, Cunha Lima avisou que seguirá fazendo campanha e considera que seu caso não será alvo de punição: “O povo é soberano. Deixemos o povo votar ! Por que tanto medo da soberania popular?”

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