Ana Cristina Oliveira | Sucursal do A TArde Itabuna

Acusada de extorsão e formação de quadrilha, a índia Glicéria de Jesus da Silva, da aldeia tupinambá Serra do Padeiro, em Buerarema, sul da Bahia, foi transferida para o presídio de Jequié, na manhã desta sexta-feira, 4. Glicéria foi presa na tarde desta quinta-feira, 3, por agentes da Polícia Federal quando desembarcava no aeroporto de Ilhéus, vinda de Brasília e, segundo a Polícia Federal, preferiu ir para o presídio de Jequié para poder ficar com o filho de dois meses, que ainda amamenta.

Célia, como é conhecida, está à disposição da Justiça e aguarda julgamento pelos crimes de extorsão que prevêm pena de reclusão de 4 a 10 anos e formação de quadrilha, de 1 a 3 anos.

Para o representante do Conselho Indigenista Missionário, de Itabuna, Haroldo Heleno, a prisão de Glicéria é mais um ato de intimidação e perseguição contra as lideranças tupinambás. Além dela e de Rosivaldo Ferreira, outro irmão do cacique, conhecido como Gil, também está preso. No último dia 2, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região julgou improcedente o habeas corpus impetrado pelo Ministério Público federal, tentando relaxar a prisão do cacique Babau.

Na capital federal, a índia participou de reuniões da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI) e da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME). Em Brasília, Glicéria teria entregue um documento ao presidente Lula, pedindo providências para os tupinambá da Serra do Padeiro, que sofrem com a prisão do cacique e as constantes ameaças de pistoleiros.

Prisão – A prisão preventiva de Glicéria de Jesus da Silva foi decretada pelo juiz de Buerarema, Antônio Carlos de Souza Hygino. O magistrado entendeu que a índia participou, no último dia 15 de fevereiro, da ação em que índios tupinambás, liderados pelo cacique Rosilvaldo Ferreira da Silva, o ‘Babau’, apreenderam um caminhão e teriam feito reféns funcionários de uma empresa que prestava serviços de eletrificação rural à Coelba.

O trabalho de eletrificação rural, que acabou suspenso, integra o Programa Luz para Todos, do governo federal, e iria atender a 49 pequenos produtores, na região do Maruim, vizinha a aldeia. O cacique, que é irmão de Glicéria, queria que o serviço fosse iniciado na aldeia. Como a Coelba explicou que não poderia realizá-lo naquele momento, porque a área a ser beneficiada ainda não tinha licenciamento ambiental, ‘Babau’ determinou a suspensão dos serviços e apreendeu o caminhão. O veiculo foi resgatado pela Polícia Federal, no último dia 7 de maio. O cacique está preso há dois meses, em presídio federal, em Mossoró (RN).

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