A Tarde

Adicional por tempo de serviço eleva vencimentos de desembargadores baianos em até mais de quatro vezes

FLÁVIO COSTA E VALMAR HUPSEL FILHO

O pagamento do adicional de tempo de serviço (ATS) – gratificação proporcional ao tempo de carreira de cada magistrado, sem tributação – multiplicou o salário dos magistrados baianos no mês de abril.OTribunal de Justiça da Bahia(TJ-BA)pagouatodosos 572 juízes e 32 desembargadores verba indenizatória pela supressão antecipada da antiga gratificação. A corte não informou o impacto deste pagamento sobre a folha salarial do mês passado.

 O TJ-BA sofre investigação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por distorções na folha de pagamento que geram supersalários a funcionários.

A corte está no limite prudencial, estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal: 5,7% da receita corrente líquida do Estado da Bahia.

O valor recebido pelos desembargadores baianos é fixado em R$ 22 mil, correspondente a 97,5% do salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).Oscinco que compõem a mesa diretora recebem gratificação extra, que varia de R$ 6,6 mil a R$ 8,8 mil. A TARDE apurou que o ATS recebido pelos membros da mesa diretora elevou os salários brutos em três a mais de quatro vezes.

A presidente do TJ-BA, Telma Britto (juíza desde 1977 e desembargadora desde agosto de 2003), recebeu ATS de R$ 46.821,56, o que elevou sua remuneração bruta para R$ 80.816,96. A corregedora das Comarcas do Interior, desembargador Lícia Laranjeira de Carvalho, recebeu ATS de R$ 42.043,18, e teve remuneração total de R$ 73.994,79. O corregedor-geral de justiça, desembargador Jerônimo dos Santos, recebeu ATS no valor de R$ 57.308, 85, o que elevou sua remuneração bruta para R$ 89.260,45.

As duas vice-presidentes receberam as maiores gratificações: a 2ª-vice-presidente Lealdina Torreão (no TJ desde 1965) recebeu ATS no valor de R$ 61.546,77, com remuneração bruta de R$ 93.308,75, e a 1ª-vice-presidente, Maria José Sales Pereira (na corte desde 1971), recebeu ATS de R$ 60.321,45 e salário de R$ 91.825,74. “Esta parcela é indenizatória, o pagamento é um ressarcimento de um débito, já reconhecido judicialmente”, conta Telma Britto.

A presidente do TJ-BA afirma que, quando foi fixado o subsídio, em 2002, o ATS foi incorporado aos salários. “Só que o nosso ATS foi cortado muito antes do tempo, a gente teria direito ao adicional e não o recebia”, afirma.

Os magistrados baianos têm direito a receber outra verba indenizatória, referente ao auxílio-moradia. Reportagem de A TARDE em 20 de dezembro de 2009 revelou pagamentos entre R$ 116.483 e R$ 197.430. “Não há condições de pagar estes valores neste momento”, diz a presidente.

Investigação Telma Britto disse ainda que a Polícia Civil abriu inquérito para apurarvazamentodeinformações sigilosas do TJ-BA, por meio de invasão do Sistema de Recursos Humanos na internet.

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