O deputado federal Givaldo Carimbão (PSB-AL), decidiu romper o silêncio corporativo que marca a relação entre os políticos. Na sessão na Câmara Federal ele não mediu os termos para acusar seu colega de Parlamento, o senador baiano eleito pelo ES, Magno Malta (PR), cantor gospel e pastor. O deputado que é de família tradicionalmente católica em Alagoas, completa dizendo que parabeniza a criação da CPI da Pedofilia, que tem todo o seu apoio. “Não comungo, jamais, com esse crime. Porém, um crime não dá o direito a se cometerem atos arbitrários.” Carimbão disse que o senador infringi, constantemente, o regimento interno do Senado, que determina em seu artigo 180, que as comissões da Casa precisam contar com a presença, no mínimo, da maioria de seus membros. Em todas as audiências Magno tem ido só. Só ele aparece na TV, afinal, é esse o objetivo, não fazer justiça. O deputado vai além: O artigo 148 & 1º, determina que a CPI poderá tomar depoimento de testemunhas ou autoridades desde que estejam presentes o presidente e o relator da CPI. Por fim, o artigo 147 reza que estando ausente o relator, a qualquer ato do inquérito, o presidente poderá designar um substituto para a ocasião, mantida a mesma representação partidária. Mas isso não interessa a Magno Malta. Ele não quer dividir os holofotes com ningúem. (Leia pronunciamento na íntegra no final da matéria) O sentimento do parlamentar alagoano é o mesmo de religiosos capixabas. Padres de Nova Venécia a Cachoeiro no ES tem incluído em seus sermões críticas ao uso eleitoreiro e oportunista do tema pedofilia, com críticas diretas ao senador, cantor gospel e membro da Igreja Universal. “Os padres não estão usando meias palavras para tentar banir do cenário político o senador gospel”, afirmou um deputado do ES, que disse ter sido distribuída uma carta assinada por bispos com recomendações expressas contra o senador. Pronunciamento O SR. GIVALDO CARIMBÃO – Bloco/PSB-AL. Pronuncia o seguinte discurso: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em primeiro lugar, na condição de Deputado socialista e cristão comprometido com a Igreja Católica e de alguém que tem uma irmã freira carmelita descalça, um sobrinho e outros familiares padres, gostaria de pedir desculpas e até perdão por não ter estado presente, por não ter estado ao lado da Instituição durante os fatos de triste memória ocorridos nos últimos dias 16, 17 e 18 de abril em Arapiraca, no meu querido Estado de Alagoas. Digo isso entristecido, num ato de constrição, e justifico minha falta perante a comunidade católica em vista de não ter podido imaginar que aquilo que seria um ato da CPI da Pedofilia, instalada pelo Senado Federal para apurar a utilização da Internet na prática de crimes de pedofilia e sua relação com o crime organizado, se transformaria, como se transformou, num espetáculo de exibicionismo e arbitrariedade, uma verdadeira CPI da Pirotecnia. Pois essa CPI está instalada desde março de 2008 e nunca se viu nada igual, Sr. Presidente! Por isso, espero que este momento doloroso de sangramento da Igreja, esse lar de milhares de fiéis em nosso País seja uma oportunidade de purificação. Por isso, sinto-me particularmente confortável para dar este testemunho de amor e de respeito a nossas crianças e repudiar esse crime horroroso que é a pedofilia. Foi um verdadeiro show de pirotecnia, mal disfarçado de CPI da Pedofilia. Repudio a convocação pela CPI do desembargador Antônio Sapucaia, cidadão e profissional probo e competente que teve a coragem de expressar sua indignação em artigo publicado na Gazeta de Alagoas, no último dia 25 de abril. Nesse sentido, junto-me à OAB de Alagoas e à Câmara de Vereadores de Maceió, em defesa da liberdade de pensamento, da liberdade de expressão. O Parlamentar infringiu o Regimento do Senado, o qual determina, no seu art. 108, que as Comissões daquela Casa precisam contar com a presença, no mínimo, da maioria de seus membros. No Capítulo XIV – Das Comissões Parlamentares de Inquérito -, o art. 148, § 1º, determina que a CPI poderá tomar depoimento de testemunhas ou autoridades convocadas, desde que estejam presentes o Presidente e o Relator. Por fim, o art. 147 reza que, estando ausente o Relator a qualquer ato do inquérito, o Presidente poderá designar um substituto para a ocasião, mantida a escolha na mesma representação partidária ou Bloco Parlamentar. Pois bem, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares. Quantos Senadores, quantos membros da CPI estavam presentes em Arapiraca? Apenas um. Apenas o Senador Magno Malta. Tratava-se da CPI da Pedofilia ou da CPI do Magno Malta? A reunião nº 69 da Comissão ocorreu no dia 14 de abril. A reunião nº 70 da Comissão, publicada no Diário, aconteceu no dia 28 de abril, e o ato de Arapiraca se deu nos dias 16,17 e 18 de abril. Só estava presente um Senador. Como instalar uma CPI sem o Relator, ou só com um membro participante? As prisões do Monsenhor Luiz Marques e dos demais religiosos, nessas condições, foram atos ilegais e arbitrários. Não se pode combater um crime com ilegalidade. Entretanto, Sr. Presidente, nobres colegas, não podemos, a pretexto de extirpar esse cancro da sociedade – a pedofilia, cujo combate tem todo o nosso apoio -, ser coniventes com espetáculos grotescos, arbitrários e exibicionistas de pirotecnia, ainda mais financiado com dinheiro público. Por isso, como cristão e membro do Congresso Nacional, venho a esta tribuna, hoje, expressar o meu protesto, a minha indignação e exigir que sejam apurados esses fatos graves que envergonham o Parlamento brasileiro. Como pode o Senado Federal instalar uma CPI somente com um Senador, quando o Regimento diz que, no mínimo, deve estar presente o Relator? Além disso, não foi publicada a data dessa reunião na convocação das reuniões de nº 69 ou 70. Parabenizo a CPI da Pedofilia, que tem todo o meu apoio. Não comungo, jamais, com esse crime. Porém, um crime não dá o direito a se cometerem atos arbitrários. Muito obrigado, Sr. Presidente e Nação brasileira. Fonte: Folha |