Tribuna da Bahia

Na próxima sexta-feira, a vice-governadora do estado chinês de Shandong, Wang Sullian, participa, junto com o governador Jaques Wagner, da implantação de 12 câmaras setoriais da agropecuária baiana, passo fundamental para o planejamento estratégico do setor num horizonte dos próximos vinte anos. A vinda da dirigente chinesa à Bahia é mais um passo de uma relação que começou a ser fortalecida e ampliada em novembro de 2007, quando Wagner esteve na China para mostrar as potencialidades econômicas do estado.

Esse processo ganhou novo fôlego, agora, com a missão chefiada pelo secretário da Agricultura, Eduardo Salles, acompanhado por especialistas da área e empresários. O grupo baiano retorna amanhã e traz na bagagem planos e compromissos de parcerias com o empresariado chinês. As possibilidades de investimentos chineses na Bahia abrangem vários segmentos: energias renováveis, (biodiesel, solar, eólica e biomassa), da pesca, de carnes, dos grãos, do algodão, da agricultura familiar, e frutas do Vale do São Francisco.

O primeiro resultado concreto da missão é a instalação de um escritório permanente de negócios da agropecuária baiana em Pequim. Contribui para o estreitamento das relações comerciais a identificação muito forte entre a Bahia e Shandong, estados-irmãos há dez anos. A população de Shandong é de 93 milhões de pessoas, metade da brasileira. Cerca de 60% da população vive na área rural, em propriedades de um hectare por família. “Eles são muito fortes na agricultura familiar e também na área de pesca”, observa Eduardo Salles, lembrando que a Bahia tem o maior contingente de agricultores familiares do Brasil, com 662 mil famílias.

SEMELHANÇAS – Assim como a Bahia, Shandong se caracteriza também pelo processo de verticalização da agropecuária, por ações para elevar a qualidade dos seus produtos e para promover a exportação. Shandong é responsável por 9,4% de toda exportação da China. Cerca de 25% das exportações chinesas vêm da pesca, verduras e pecuária.

Outro bom resultado da missão é a vinda à Bahia de uma comitiva formada por pesquisadores, empresários do setor da pesca e por representantes do governo chinês, para negociar a realização de intercâmbio e investimentos no setor de pesca oceânica, criação e beneficiamento de pescados. Uma comitiva do setor de grãos e algodão também virá à Bahia. A maior trading de algodão, possuidora de um grande parque industrial no setor têxtil também virá, nos próximos meses, ao Estado para discutir a formatação de parcerias com os produtores do Oeste.

Para os dias 27 e 28 de junho já está agendada a visita de um grupo de empresários chineses do setor da carne. No dia 27 eles vão participar, na Seagri, de reunião com criadores e técnicos da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia, Adab. No dia 28 os investidores chineses farão uma visita ao Frigorífico de Amargosa.

Exportação de frutas

Maior produtor de frutas de mesa, (uva e manga) de exportação do Brasil, o Vale do São Francisco pode passar a exportar sucos e frutas desidratadas e em compota para a China. As negociações foram feitas Sun-Daity Shandong Shengdetai Food Co, detentores de alta tecnologia de industrialização do setor. Diretor-presidente da Special Fruit e representante do Instituto da Fruta, Suemi Koshiama, apresentou aos empresários chineses as oportunidades de negócios na Bahia, e em especial no Vale do São Francisco.
 A ideia é de que o grupo chinês invista juntamente com o grupo brasileiro, unindo as experiências de cada um dos grupos para a produção de sucos, comportas e frutas tropicais desidratadas, tendo como destino o mercado chinês, que consome tradicionalmente as frutas tropicais. Os empresários da Sun-Danity Shandong Shengdetai Food Co deverão vir à Bahia para conhecer o Vale do São Francisco.

ENERGIAS RENOVÁVEIS – Em Pequim, o grupo Pallas International Consultants assinou protocolo de intenções com o governo da Bahia, através das secretarias da Agricultura, do Planejamento, da Indústria, do Comércio e Mineração, e da Infraestrutura, representadas no ato pela Seagri, reafirmando sua disposição de investir na Bahia no segmento de energias renováveis, (biodiesel, solar, eólica e biomassa).

O presidente do grupo Pallas, Richard Qiu, afirmou que a assinatura do protocolo se reveste da maior importância porque este ato era necessário para oficializar o grupo junto ao governo chinês, e assim dar sequência aos investimentos na Bahia. De acordo com Richard Qiu, além de visar à produção de oleaginosas e biodiesel, “muitos outros negócios podem surgir em diversas outras áreas”.

O grupo Pallas quer investir em parceria com os produtores baianos nas culturas de soja, girassol e mamona, visando também a compra de produtos. O próximo passo será a vinda de um grupo de representante do grupo à Bahia, para visitar as regiões que produzem estas culturas.

Representação profissional

Em Pequim, foi assinado com a Agência de Promoção à Exportação na China (Apex) e com diversas associações de produtores baianos um protocolo de intenções para a instalação de um escritório da agropecuária baiana na China. De acordo com o secretário Salles, “as missões são importantes, mas a partir de agora nós teremos presença permanente na Ásia, ampliando as relações de parceria e comerciais entre a Bahia e a China”. Para os representantes das cadeias produtivas que participam da missão, “com esta iniciativa a Bahia dá um grande passo e marca um gol de placa”. O escritório baiano vai funcionar em Pequim, nas salas 1.303/05 do China Central Place, 81 Jianguo Road, Beijing é inédito e pioneiro. A Bahia torna-se o primeiro estado brasileiro a ter esta representação do setor agropecuário permanente na China.

 “Se a missão retornasse hoje, eu já estaria realizado”, disse o presidente da Associação dos Produtores de Cacau, APC, Henrique de Almeida, destacando que a criação do escritório permanente da agropecuária baiana na China “é o caminho, é um passo gigantesco, muito importante para a Bahia”. Ele disse que esta iniciativa já era desejada desde o ano passado, que se concretiza agora graças ao empenho do governo da Bahia e ao nível profissional da missão. Para Sérgio Pitt, vice-presidente da Aiba, “é uma forma muito eficiente e econômica de promover os produtos baianos. Um passo de fundamental importância dado pelo governo baiano em parceria com as associações do setor agropecuário da Bahia. Uma verdadeira tacada de mestre do secretário e do governo”.

Presidente da Associação Bahia dos Produtores de Algodão, Apaba, João Carlos Jacobsen Rodrigues, recebeu a implantação do escritório como “uma excelente oportunidade para estreitar o relacionamento com os chineses. Eles gostam de olhar nos olhos dos interlocutores e o escritório vai facilitar a realização de negócios”.

PESCA É OUTRO ATRATIVO – Especialistas em pesca oceânica, criação e beneficiamento de peixes, empresários chineses virão à Bahia nos próximos meses para confirmar in loco as potencialidades e vantagens de investir no setor na Bahia. Esse foi um dos frutos das rodadas de negócios realizadas em Shandong, tem três mil quilômetros de costa e a tradição de formar os melhores mestres de pesca do país.

“Estamos negociando as possibilidades de investimentos e parcerias para a exploração da pesca e
beneficiamento do pescado”, disse Salles, lembrando que a Bahia terá dois terminais pesqueiros, em Salvador e em Ilhéus. A comitiva da pesca chinesa à Bahia será formada por pesquisadores, empresários do setor e do governo chinês.

Os investidores, agropecuaristas, agroindustriais e governo chinês, em Shandong tiveram uma visão detalhada do estado da Bahia, com sua infraestrutura, vantagens, potencialidades e oportunidades de investimentos específicas em cada cadeia do setor agropecuário. As apresentações e os folders foram feitos em português, inglês e mandarim.

Além da pesca na Bahia, os empresários chineses demonstraram interesses nos setores de grãos, carnes e algodão. A maior trading de algodão do mundo foi convidada para vir à Bahia, e iniciou conversações com a missão baiana sobre a implantação de indústrias têxteis na Bahia e se mostrou interessado em comprar algodão.

Principal parceira comercial do Brasil

No ano passado, a China assumiu a posição de principal compradora de produtos brasileiros, desbancando os Estados Unidos. A liderança se mantém em 2010, segundo números divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Em abril, a China comprou US$ 2,5 bilhões do Brasil, enquanto que os Estados Unidos importaram US$ 1,6 bilhão. Nos quatro primeiros meses deste ano, as compras do país asiático somaram US$ 7,2 bilhões, sendo o principal comprador do período, contra R$ 5,9 bilhões dos EUA.

Entre os destaques das vendas brasileiras para a China neste ano, estão: soja em grão, petróleo em bruto, celulose, couros e peles, aviões, catodos de cobre e máquinas e equipamentos. Além disso, este ano deverá assistir a um salto no volume de investimentos da China no Brasil, com os maiores negócios da história das relações bilaterais.

A maior quantidade de recursos estará concentrada nos setores de petróleo, mineração e siderurgia, que atendem a necessidades estratégicas do país asiático para manutenção do alto ritmo de crescimento econômico.

A China deverá passar a Alemanha e alcançar ainda neste ano a segunda posição entre os maiores exportadores de máquinas e equipamentos ao Brasil, avalia o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto.

Apesar da baixa de 7,1% nas importações consolidadas do setor em janeiro, em relação ao mesmo período de 2009, as compras de máquinas e equipamentos chineses cravaram uma expansão de 34% nessa base de comparação, alcançando US$ 192 milhões em valores FOB (free on board), que consideram o preço da mercadoria no porto do país de origem.No ano passado, a China assumiu a posição de principal compradora de produtos brasileiros, desbancando os Estados Unidos. A liderança se mantém em 2010, segundo números divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Em abril, a China comprou US$ 2,5 bilhões do Brasil, enquanto que os Estados Unidos importaram US$ 1,6 bilhão. Nos quatro primeiros meses deste ano, as compras do país asiático somaram US$ 7,2 bilhões, sendo o principal comprador do período, contra R$ 5,9 bilhões dos EUA.

Entre os destaques das vendas brasileiras para a China neste ano, estão: soja em grão, petróleo em bruto, celulose, couros e peles, aviões, catodos de cobre e máquinas e equipamentos. Além disso, este ano deverá assistir a um salto no volume de investimentos da China no Brasil, com os maiores negócios da história das relações bilaterais.

A maior quantidade de recursos estará concentrada nos setores de petróleo, mineração e siderurgia, que atendem a necessidades estratégicas do país asiático para manutenção do alto ritmo de crescimento econômico.

A China deverá passar a Alemanha e alcançar ainda neste ano
 a segunda posição entre os maiores exportadores de máquinas e equipamentos ao Brasil, avalia o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto.

Apesar da baixa de 7,1% nas importações consolidadas
do setor em janeiro, em relação ao mesmo período de 2009, as compras de máquinas e equipamentos chineses cravaram uma expansão de 34% nessa base de comparação, alcançando US$ 192 milhões em valores FOB (free on board), que consideram o preço da mercadoria no porto do país de origem.

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