Do Tribuna da Bahia

  A Bahia já ocupa a quinta posição entre os estados produtores de bens minerais no país. E está se preparando para avançar nesse ranking com o esforço do governo estadual na ampliação das frentes de exploração mineral. Dados da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) apontam a existência de 350 empresas mineradoras operando em mais de cem municípios baianos, gerando mais de 8 mil empregos. Exemplos não faltam: do minério de ferro, em Caetité, ao Vanádio (Maracás), passando pela bentonita (Vitória da Conquista), fosfato (Campo Alegre de Lourdes), ouro (Jacobina e Santa Luz) e níquel (Itagibá).

Esse cenário favorável só está sendo possível porque o Estado vê na mineração uma área estratégica, geradora de emprego e um vetor da interiorização do desenvolvimento. A CBPM fez, em dois anos, 29 licitações para exploração mineral pela iniciativa privada, número superior ao realizado em três décadas. Além do fomento aos empreendimentos minerais, o governo investiu quase R$ 40 milhões em infraestrutura viária, que permite acesso às jazidas e possibilita o escoamento da produção.

Os empreendimentos em implantação no estado somam um investimento total de R$ 7,7 bilhões. Exemplo significativo é a maior mina de níquel da América Latina, que entrou em operação em dezembro do ano passado, em Itagibá. Com um investimento de US$ 450 milhões, e geração de dois mil empregos, a unidade da Mirabela Nikel, irá produzir, inicialmente, 4,6 milhões de toneladas de minério por ano, sendo 150 mil toneladas de níquel concentrado.

O complexo da Mirabela representará um acréscimo de 30% na produção nacional de níquel, colocando a Bahia na posição de segundo maior produtor do país, já em 2010, representando uma receita bruta anual de vendas da ordem de R$ 640 milhões. O efeito multiplicador gerado pela mineração também já pode ser observado no entorno de Itagibá. Outras empresas estão sendo atraídas para a região, transformando a economia local, que compreende ainda os municípios de Ipiaú, Ubatã, Gongoji, Jitaúna, Barra do Rocha e Ibirataia.

CBPM será autossuficiente – Por ser uma área da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, a Mirabela vai repassar 2,51% de royalties da receita sobre o concentrado. Com isso, a CBPM se torna autossuficiente em investimentos a partir de 2011. Mas o status só pôde ser alcançado porque desde 2007 outros grupos se interessaram por áreas do estado, e algumas já entraram em operação, como Companhia Brasileira de Bentonita, em Vitória da Conquista. No ano passado houve um recorde em requerimentos de mineração (cinco mil), o que deixou a Bahia em primeiro lugar entre os estados brasileiros.

Além do níquel de Itagibá e do ouro de Santa Luz, a ser explorado pela Yamana Gold,  a companhia baiana transferiu para a iniciativa privada, por meio de licitação, outras jazidas descobertas, como o vanádio de Maracás e a bentonita de Vitória da Conquista. Atualmente, o valor da produção mineral baiana corresponde a 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual, representando R$ 2,46 bilhões. Só a extração de petróleo e gás natural responde por 55% do valor, e o restante é gerado por uma pauta de 34 bens minerais.

Produção de minério de ferro

Outro grande investimento na área mineral é a instalação da Bahia Mineração, na cidade de Caetité, para produzir 18 milhões de toneladas/ano de minério de ferro. As obras da mina, dentro do projeto Pedra de Ferro, começam no segundo semestre, e o investimento total do empreendimento chega a US$ 1,8 bilhão, maior volume do setor. Com o início da produção, previsto para 2012, a mina vai alçar a Bahia ao terceiro estado produtor de minério de ferro do Brasil.
A previsão é que durante todo o processo de construção do projeto Pedra de Ferro, a Bahia Mineração gere cerca de oito mil empregos diretos. Além da mina, haverá também uma usina de beneficiamento do minério e um sistema de suprimento de água industrial.

Serão oito mil empregos diretos gerados na etapa de construção de todo o projeto, e mais de 1.800 empregos diretos quando o projeto entrar em operação. Na fase da construção serão necessários profissionais das áreas de construção civil, metal-mecânica e elétrica, entre outros.

A expansão da economia mundial, em particular a da China, assegura a conveniência de investir em minério de ferro, com vistas a melhor servir a indústria siderúrgica. O minério de ferro de Caetité é considerado de baixo teor (35 a 40% Fe). Para atingir a concentração exigida pelo mercado (66% a 68% Fe), necessita de beneficiamento, efetivado à base de água, que será captada no Rio São Francisco, próximo ao município de Malhada, situado a 899 quilômetros de Salvador.

A exportação do minério de ferro concentrado será feita por um terminal de embarque privativo da empresa no Porto Sul, na Ponta da Tulha, município de Ilhéus.Toda a produção mineral será escoada para o porto pela Ferrovia Oeste-Leste, que já teve seu traçado definitivo apresentado pelo Governo Federal. Ela vai ligar o município de Ilhéus, na Costa Atlântica a Figueirópolis, em Tocantins. A Bahia Mineração é uma empresa âncora do projeto da ferrovia, que vai percorrer, ao todo, 1,5 mil quilômetros, atravessando 32 municípios baianos distribuídos por 1,1 mil quilômetros.

Vanádio (Maracás)

O vanádio é usado nas indústrias de aço, ligas especiais e vidro. O consumo mundial de vanádio flutua com a indústria do aço, mas estima-se entre 50 e 60 mil toneladas por ano. A África do Sul detém cerca de 40% da produção mundial, seguida pela China, Rússia, Austrália e EUA. Também é utilizado em usinas nucleares. Jazidas de minérios de vanádio podem ser encontradas no nordeste da Bahia, na cidade de Maracás.

Níquel (Itagibá)

Metal usado na cunhagem de moedas e considerado de transição. Definido como um metal branco prateado, levemente duro, maleável, de boa resistência à oxidação e à corrosão. Usado na fabricação de aço inoxidável, na liga com outros metais (bateria recarregável, cunhagem de moedas, revestimentos metálicos, fundição, etc.); nas lavouras para incrementar a produtividade, diminuir ocorrência de pragas (ferrugem asiática), melhora na sustentabilidade da lavoura, importante na ativação enzimática, sendo indispensável para a formação da urease, enzima responsável por desdobrar a uréia em outras formas de nitrogênio.

Ouro (Jacobina e Santa Luz)

O ouro é muito mole para ser usado puro e, portanto, é empregado na forma de ligas. Dentre as várias ligas existentes destacam-se a liga ouro 18 quilates (75% de ouro, 10% a 20% de prata e 5% a 15% de cobre). As maiores reservas do mundo se encontram na Johannesburgo, na África do Sul.  No Brasil, Pará (650 t, a 41,5%), Minas Gerais (580 t, 37,0%), Goiás (103 t, 6,5%), Bahia (99 t, 6,3%), Mato Grosso (61 t, 3,9%), Amapá (33 t, 2,1%), Maranhão (18 t, 1,2%) e outros (23 t, 1,5%).

Fosfato (Campo Alegre de Lourdes)

Ácido fosfórico, ou mais corretamente, ácido ortofosfórico (H3PO4), é um importante composto químico na indústria dos fertilizantes No campo da química, o ácido ortofosfórico é utilizado na produção de fosfatos de sódio usados em detergentes, cerâmicas, tingimentos etc; tratamento de águas pesadas ; como suplemento alimentar na pecuária (fosfato dicálcico sem flúor); indústrias farmacêutica; acidificação de bebidas não alcoólicas; refino de açúcar; fermentos; indústria bélica, no fabrico de bombas incendiárias e na produção de cortinas de fumaça; e ésteres fosfóricos para plastificantes.

Bentonita (Vitória da Conquista)

Os principais usos da bentonita estão na perfuração de poços de petróleo e de água, pelotização de minérios de ferro; aglomerante de areias de moldagem usadas em fundição; descoramento de óleos vegetais, minerais e animais; impermeabilização de bacias;

A função da bentonita deve-se a uma alta capacidade para adorver e manter íons ou moléculas da gás ou líquido, bem como a capacidade de absorver e incorporar material, além de controlar os odores dos dejetos de animais domésticos.

Os maiores produtores mundiais são Estados Unidos (3,97 milhões de toneladas/ano); Grécia (1,2 milhões de toneladas/ano); Comunidade dos Estados Independentes – CEI (750 mil toneladas/ano) e Turquia (600 mil toneladas/ano).

Ferro (Caetité)

As reservas mundiais de minério de ferro (medidas + indicadas) estão na ordem de 310 bilhões de toneladas. O Brasil possui 6,8% dessas reservas (21,0 bilhões de toneladas) e está em 5º lugar entre os países detentores de maiores volumes de minério. Porém, o alto teor de ferro em seus minérios (60,0 a 67,0% nas hematitas e 50,0 a 60,0% nos itabiritos) leva o Brasil a ocupar lugar de destaque no cenário mundial, em termos de ferro contido no minério.

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