AFP e EFE – O Estado de S.Paulo

A quantidade de petróleo que vaza no Golfo do México de uma plataforma que afundou em abril, matando 11 pessoas, pode ser 14 vezes maior que as estimativas iniciais. O alerta de especialistas coincidiu com a dura crítica do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, às petrolíferas e agências reguladoras do setor.
Obama referiu-se ao comparecimento no Congresso dos responsáveis pelas petrolíferas envolvidas no caso – a British Petroleum (BP), a Transocean e a Halliburton – como um “espetáculo ridículo” e prometeu pôr fim à “cômoda relação” entre as companhias petrolíferas e os organismos oficiais reguladores.

 Obama se reuniu ontem com a equipe governamental responsável por cessar o vazamento de petróleo no Golfo do México. Depois, discursou no jardim da Casa Branca. O presidente americano advertiu que a situação pode se tornar “catastrófica” e se declarou “irado e frustrado” com o comportamento das empresas.

“Não tolerarei mais irresponsabilidade ou que a culpa seja jogada nos outros”, disse. Obama afirmou que o governo também compartilha parte da culpa pelo desastre, por ter tolerado durante muito tempo a “cômoda relação” entre as petrolíferas e os organismos reguladores.

Essa relação, de acordo com ele, permitiu que as companhias petrolíferas recebessem autorização para perfurar sem as garantias necessárias, baseando-se apenas nas promessas de utilizarem métodos seguros. A partir de agora, a norma será “confiar, mas comprovar”.

Nos dias que se seguiram ao início do desastre, o governo americano chegou a ser acusado de lentidão na reação para conter o desastre ecológico.

Catorze vezes maior. Steven Wereley, professor de engenharia mecânica da Universidade Purdue, disse à Rádio Nacional Pública que o acidente faz vazar uma quantidade de petróleo 14 vezes maior que a estimativa oficial – 800 mil litros diários. Wereley analisou o petróleo depositado no solo marinho, usando uma técnica chamada velocimetria de imagem de partículas, que rastreia partículas e calcula a velocidade com que se movem.

Outro pesquisador, Timothy Crone, do Observatório Terrestre Lamont-Dohorty, da Universidade Columbia, analisou a mancha submarina de petróleo usando um método diferente, mas tirou conclusões quantitativas similares.

E Eugene Chiang, professor de astrofísica na Universidade da Califórnia em Berkeley, também deu a mesma resposta às perguntas da rádio, usando só papel e lápis.

Por sua vez, o oceanógrafo da Universidade Estadual da Flórida, Ian R. MacDonald, analisou a maré negra recorrendo a imagens de satélite e declarou ao jornal The New York Times que seus cálculos sugeriam que a mancha sobre o Golfo do México podia ser “facilmente” cinco vezes maior que o estimado inicialmente.

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