Quem presidiu o debate foi o vereador André Ferreira (PMDB), presidente da Frente de Defesa da Família da casa. No debate, representantes da bancada evangélica acusaram o livro de pornográfico, dizendo que mais do que orientar, a obra incita ao sexo.
Na sessão, algumas páginas do livro, de autoria de Marcos Ribeiro e que é voltado para crianças de 8 a 10 anos, foram exibidas. Em uma das ilustrações, um menino numa banheira e uma garota em frente à TV aparecem se masturbando. Após as discussões de hoje, ficou decidido que uma nova audiência será marcada.
Por enquanto, os pais que reclamaram da aplicação do livro paradidático e políticos da bancada evangélica continuam afirmando que a educação sexual não deve fazer parte das atividades extracurriculares e que a obra é “grosseira”.
Professores da rede municipal de ensino, do outro lado do debate, defenderam a aplicação da obra.
Várias professoras discursaram lembrando a importância do ensino sexual nas escolas. Elas disseram também que Mamãe, como eu nasci? é uma das melhores obras do assunto, tratando do tema com franqueza e livre de preconceitos.
BANIDO – Desde o dia 27 de abril que o livro foi banido das escolas do Recife. Apesar da polêmica, o autor da obra é considerado uma autoridade no assunto. Marcos Ribeiro foi premiado pela Academia Brasileira de letras de livros sobre sexualidade e corresponsável pelo documento Sexualidade, prevenção das DST/Aids e uso indevido de drogas, do Ministério da Saúde e voltado para crianças e adolescentes.
O livro também é tido como uma das obras mais atualizadas no assunto, já que tem trechos que lutam contra a pedofilia, ao dizer ao leitor infantil que nenhum adulto deve tocar em sua genitália.
A polêmica em torno dos livros infantis não é exclusividade do Recife. Em outros países, a escolha dos paradidáticos também rendem debates acalorados. Na Alemanha, um livro sobre educação sexual foi tido como pornográfico ao mostrar de forma bastante direta – ainda que com ilustrações infantis – como acontece o sexo, a reprodução e outros temas.
Já a Suécia e nos demais países do Norte Europeu, o tema é tratado sem tabus e isso acabou influenciando nos números da sociedade, já que o país tem os menores números de gravidez na adolescência, DST entre jovens e aborto. Existe até mesmo uma Associação Sueca de Educação Sexual para tratar do tema.
O Brasil sempre teve normas para ensino de educação sexual nas escolas como mostra um estudo publicado no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Atualmente, o tema tem ganhado polêmica dentro e fora das salas de aula.
JC/Notícias Cristãs