EDUARDO RODRIGUES
da Sucursal da Folha em Brasília
O ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou nesta quinta-feira que o governo irá cortar R$ 10 bilhões em despesas de custeio como esforço para conter o superaquecimento da economia brasileira.
“Os investimentos e programas sociais serão mantidos, mas os ministérios vão ter que fazer um sacrifício”, afirmou Mantega.
Segundo o ministro, o governo não deixará a economia brasileira se expandir a um ritmo de 7% este ano, bem acima da capacidade do setor produtivo nacional em fornecer mercadorias e serviços, o que levaria a um aumento da inflação.
“Temos os instrumentos para impedir isso, como elevar os juros, cortar gastos e investimentos”, completou.
Jamil Bittar/Reuters |
Ministro Guido Mantega anuncia corte de R$ 10 bilhões nos gastos do Orçamento |
Em março deste ano, o governo federal anunciou um corte de R$ 21,805 bilhões no Orçamento de 2010. O recurso contingenciado ajudaria a formar o chamado superavit primário, economia feita pelo governo para pagar os juros da dívida pública. A meta para este ano é de 3,3% do PIB (Produto Interno Bruto), ou R$ 113,9 bilhões.
No ano passado, em plena crise econômica, o corte havia sido de R$ 21,6 bilhões. De acordo com o ministro Paulo Bernardo (Planejamento), o contingenciamento de março foi o maior desde o início do governo Lula.
Ainda nesta quinta-feira, o presidente do BC (Banco Central), Henrique Meirelles, afirmou que cortes de gastos são válidos para conter a inflação e que, apesar da crise da Europa, que será monitorada com cautela, o Brasil segue registrando entrada de recursos.
“Acredito que é uma medida válida [cortar gastos]… qualquer ajuda é bem-vinda nesse processo [de contenção da inflação]. A cada reunião do Copom olhamos todos os fatores da economia para tomarmos decisões”, disse Meirelles, durante evento no Rio de Janeiro.
Ele afirmou ainda que a autoridade monetária está acompanhando de perto os desenvolvimentos da crise europeia e seus efeitos.
“Como dissemos na ata, estaremos monitorando a crise na Europa com cuidado, estamos monitorando de perto os efeitos na Europa. É prematuro ainda avaliar. A Europa está no início do processo da crise e no início do processo de combate à crise.”
Com Reuters