Extraído do livro: Gestão Financeira Doméstica de Wal Cordeiro     

Organizar em uma planilha seu orçamento mensal, todas as despesas e receitas, é fundamental para equilibrar suas finanças, pois o controle faz parte da boa gestão, principalmente quando esse controle está ligado aos gastos feitos numa casa. Crie o hábito de escrever, num programa de computador ou no papel, o que entra e o que sai mensalmente.

      Utilizando a técnica do registro de tudo nas finanças, lá em casa nós usamos uma agenda de anotações para controlar nossa grana, você terá condições de reverter algum quadro de possível desorganização financeira em sua vida, e poderá aprender a se policiar na hora de utilizar o seu salário no final do mês.

      Quando recebemos o nosso salário a primeira coisa que deve vir à nossa mente é a palavra ONDE? para que possamos formular a planilha financeira doméstica, pois a palavra ONDE? nos ajuda a lembrar que cada letra tem um significado e valor na escala de prioridades. Como a palavra começa com “O” que significa OBRIGAÇÃO, devemos escrever o que é OBRIGAÇÃO para nós. Tudo que vem em primeiro lugar na hora de investir o dinheiro. Regra que não deve ser mudada jamais!

      A OBRIGAÇÃO deve estar acima de tudo na hora de distribuir o dinheiro recebido na família, caso exista mais de uma entrada financeira na casa, se os filhos ou a esposa também trabalham.  

      Vamos construir juntos agora uma planilha padrão, basicamente podendo ser usada por qualquer família, o que muda é apenas a quantidade de itens alistados ou suprimidos, a depender da classe social de cada um. Pegue uma folha de papel em branco, ou uma agenda, ou ligue o seu computador e escreva a palavra ONDE? no sentido horizontal, para que na frente de cada letra possamos estipular a escala de prioridades. Siga o exemplo abaixo:

O –

N –

D –

E –

? –

      Faça justamente da maneira como ilustrei na palavra acima. Não se esqueça de colocar a interrogação no final. Explico depois o motivo da interrogação.  Vai ser muito importante!

      Na responsabilidade financeira de cada família ou pessoa, o que é OBRIGAÇÃO?

      Tudo aquilo que está em primeiro lugar, ou seja, se tratando de administração financeira doméstica. OBRIGAÇÃO é o que temos de pagar todos os meses, independente da crise. Conhecido como despesas fixas assumidas na compra de um bem ou contrato de qualquer prestação de serviços. Escreva na frente da letra “O” tudo que é sua obrigação. Se for muita coisa, dê um espaço entre uma letra e outra. Vamos lá, construir a nossa planilha financeira. OBRIGAÇÃO: Não é preciso colocar valores, apenas as palavras correspondentes ao assunto! Os valores serão colocados depois.

O – Aluguel (se houver); conta de água, conta de luz, conta de telefone, dízimo, mensalidade escolar (se houver), transporte escolar (se houver), prestação do carro (se houver), prestação da casa (se houver), qualquer financiamento, pensão alimentícia (se houver), impostos diversos (IPTU, IPVA), plano de saúde, fatura do cartão de crédito (nunca pague o valor mínimo), TV por assinatura, mensalidade da internet, conta da farmácia, etc.

      Lembrem-se, tudo que foi contraído através de compras parceladas ou contrato para uso de bens e serviços, deve ser colocado na lista. Precisa ser pago mensalmente. A cada virada de mês temos essas dívidas. É OBRIGAÇÃO mensal, pois se for atrasando essas despesas fixas, os juros podem nos sucumbir e virar uma bola de neve. Esse é o motivo de muitas pessoas estarem enroladas financeiramente, deixando de quitar seus débitos, mensalmente, e se perderam no percurso da vida.

      OBRIGAÇÃO precisa estar no topo da escala de prioridades financeiras, isto é, assim que receber o salário ou, no caso de comerciante, a renda líquida deve-se pagar imediatamente os valores devidos. Se você está com o dinheiro na mão, não há necessidade de esperar a data de vencimento para pagar. Pague logo, pois já dizia uma velha canção brasileira: “Dinheiro na mão é vendaval”. Pagando imediatamente, você estará se livrando da tentação do consumismo humano que pode te levar ao mau uso do dinheiro.

      Vale apena ressaltar que, pelo fato de alistar as prestações na escala de prioridades financeiras, não devemos sair correndo por aí e fazer um montão de débitos em suaves prestações, como as grandes redes comerciais de eletrodomésticos gostam de chamar. São prestações que devemos ao adquirirmos qualquer bem. Confesso que fico muito preocupado com o que está acontecendo no Brasil nos últimos anos em relação às supostas facilidades de financiamento de bens em geral.

Muitos especialistas nos chamam a atenção para essa situação, que gosta denominar esse momento de: “Crise do endividamento prolongado”, que pode levar a um caos social num futuro bem próximo do nosso país. As propagandas são subliminares, são tentadoras. Observe que só aparece visivelmente a quantidade de prestações, porém os juros e o real valor do bem ficam muito escondidos numa micro-letra que não dá para ler nem com uma lupa na mão.       As lojas fazem questão de vender no carnê ou cartão, pois ganham muito com os juros. Se você está disposto a pagar à vista, o vendedor vai fazer tudo para lhe convencer a parcelar o produto.

      Se você não está precisando, então não compre! Seja forte. A regra é simples. Vou fazer agora a maior revelação para a sua vida, essa revelação vai mudar a sua concepção de consumo. Vai derrotar de uma vez por todas o espírito de consumismo que lhe atormenta muito, principalmente na hora em que você passa em frente ao um shopping ou uma loja com as vitrines que ficam lhe chamando para entrar e consumir. Qual é a revelação? Não sei se faço agora, ou deixo para o próximo capítulo. Próximo capítulo!

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