MACEIÓ – A Vigilância Sanitária Estadual de Alagoas está investigando a morte de 21 bebês neste mês de abril na Maternidade-Escola Santa Mônica, a única unidade de saúde do estado especializada em atendimento a gestantes de alto risco. A maternidade é pública. Cinco das mortes foram por infecção hospitalar.
– A situação da maternidade é desesperadora. A Santa Mônica opera muito acima da sua capacidade e sabemos que os profissionais fazem tudo aquilo que é possível, mas, mesmo assim, a realidade é complicada – disse o coordenador da Vigilância Sanitária, Paulo Bezerra.
O coordenador afirmou que os técnicos da Vigilância vão inspecionar o prédio para checar se todos os equipamentos hospitalares e instrumentos estão sendo utilizados de forma correta.
” A situação da maternidade é desesperadora. A Santa Mônica opera muito acima da sua capacidade e sabemos que os profissionais fazem tudo aquilo que é possível “
Segundo o coordenador, a Defensoria Pública do Estado denunciou a morte dos recém-nascidos.
– Foram oito só esta semana. Essa situação não pode continuar. Inclusive – acrescentou Bezerra.
O diretor geral da maternidade José Carlos Silva confirmou que, entre os dias 1 e 28 de abril, a Santa Monica perdeu 21 crianças.
– Foram cinco perdas por infecção tardia, que é aquela adquirida no hospital. As demais, foram mortes por diversos outros motivos, inclusive, baixo peso e cardiopatia – admitiu o médico.
Ele também afirmou que todos os leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e da Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) estão lotados.
– São 18 vagas na UTI e 36 na UCI e todas estão ocupadas. Como a nossa demanda é grande, quando um bebê apresenta sinais de melhora, nós os transferirmos para a UCIs das redes conveniadas, ou seja, para outros hospitais – explicou.
José Carlos Silva também informou que, por mais que a maternidade esteja operando com a sua capacidade máxima, ela não deixará de socorrer mães e crianças que estejam em situação de risco.
– Isso seria uma falta de ética. Não fecharemos as nossas portas e nem impediremos mães e filhos de receber tratamento – garantiu ele.
Ainda de acordo com o médico, estrutura física deficiente e má remuneração para os neonatologistas são os dois maiores problemas enfrentados pela maternidade.
– Não depende da direção do hospital viabilizar essas coisas. Os médicos aqui recebem apenas R$ 1,9 mil para plantões de 24 horas. É pouco e o estado paga mal. Quanto a capacidade física, estamos impedidos de fazer qualquer reforma porque o HU está em obras e o Ministério da saúde impede que mais de um hospital referência em atendimento a gestantes e bebês de alto risco promovam reformas ao mesmo tempo. E quanto a falta de material, as vezes isso ocorre porque esbarramos no problema da burocracia, licitações. A situação é delicada e esperamos que o estado nos ajude a resolvê-la – declarou José Carlos Silva. Gazeta Web/ O Globo
