Fernando Scheller – O Estado de S.Paulo

A presença do Brasil na lista das maiores empresas do mundo da revista americana Forbes cresceu em 2010. Entre as cem maiores companhias do planeta, de acordo com a revista, agora há cinco brasileiras, contra três do ano passado. A melhor colocada é a Petrobrás, que aparece no 18.º lugar, subindo sete posições em relação a 2009.

 Entretanto, o maior avanço foi percebido no setor bancário: o Bradesco ganhou 27 posições, passando da 78.ª para a 51.ª colocação, liderando entre os grupos privados nacionais. Banco do Brasil e Itaú, que não apareciam entre as cem primeiras até o ano passado, agora estão no 52.º e 82.º lugares, respectivamente. Na contramão, a mineradora Vale perdeu seis posições, e agora está em 80.º lugar.

A lista completa da Forbes inclui as 2 mil maiores empresas privadas no mundo. O ranking leva em conta fatores como receita, lucro, total de ativos e valor de mercado. No cenário mais amplo, a participação brasileira também cresceu: em 2009, foram incluídas 31 companhias brasileiras. Agora, são 33.

Força dos bancos. Tanto o Banco do Brasil quanto o Itaú cresceram com aquisições: o BB comprou a Nossa Caixa e o Banco Votorantim, enquanto os dados do Unibanco foram incorporados à holding Itaú.

Para o gerente geral de Relações com Investidores do BB, Marco Geovanne Tobias da Silva, o ano passado foi “excelente” para os bancos – o BB registrou lucro recorde de R$ 10,1 bilhões. “Participamos muito da expansão do crédito no País, e não só por conta da aquisição da Nossa Caixa e do Banco Votorantim.”

Para o vice-presidente do Bradesco, Domingos Abreu, as instituições financeiras foram beneficiadas também pela rápida recuperação da economia brasileira no ano passado. O banco lucrou R$ 8 bilhões em 2009, 5% a mais que no ano anterior. “Fomos beneficiados pelo próprio comportamento do Brasil, porque 100% dos nossos negócios estão aqui.”

Commodities. Quando se analisa a lista das dez maiores empresas do mundo, percebe-se a evolução dos bancos e a retração das empresas que dependem de commodities. O banco americano JP Morgan Chase, que está no topo do ranking em 2010, aparecia em 16.º lugar no ano passado. Já a holandesa Royal Dutch Shell, que estava na 2.ª posição em 2009, agora está no 8.º lugar.

A Petrobrás driblou a regra geral do mercado ao subir sete posições no ranking. A empresa lucrou R$ 29 bilhões em 2009, 12% a menos que no ano anterior. Já a Vale sofreu mais com a redução do apetite internacional por minério de ferro. Segundo o analista Leonardo Alves, da Link Investimentos, a empresa viu os preços de seu principal produto caírem 33% em 2009. O lucro da empresa caiu mais de 50% no ano passado, para R$ 10,2 bilhões.

“Estreias”. Na lista completa, que inclui 2 mil empresas, há mais “novatas” brasileiras. Empresas que passaram por consolidação – Unibanco, Nossa Caixa, e Aracruz, por exemplo – deixaram o ranking, abrindo espaço para estreantes como Net Serviços (TV por assinatura), Weg (motores), Fosfértil (fertilizantes) e Sul América (seguros).

Nesse ranking, cresceram também empresas que passaram por consolidação, como a Brasil Foods (fusão de Perdigão e Sadia) e Companhia Brasileira de Distribuição (Pão de Açúcar), que adquiriu as redes Ponto Frio e Casas Bahia. Ambas subiram cerca de 800 posições: a BRF aparece agora no 953.º lugar, enquanto a CBD está na 701.ª colocação.

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