O histórico ruim de Frederico Flores cresce a cada passo da investigação policial - (Anônimo)  
O histórico ruim de Frederico Flores cresce a cada passo da investigação policial

A próxima vítima de Frederico Costa das Flores Carvalho, acusado de torturar e executar dois empresários no Bairro Sion, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, seria um contrabandista que movimentaria R$ 1 milhão por mês, segundo as investigações. É M.H.M.P., que confirmou ao Estado de Minas ter conhecimento das ações criminosas do jovem, conhecido por seu currículo de manipulação, extorsão e truculência. A polícia reinicia amanhã, no Parque das Mangabeiras, as buscas às cabeças de Rayder Rodrigues e Fabiano Ferreira Moura, assassinados pela quadrilha de Frederico.

Segundo a delegada da Homicídios Sul, Elenice Batista Ferreira, M. H. M. P. está sendo investigado por suposta ligação com Rayder e Fabiano. “Ele estaria envolvido com contrabando e movimentaria cerca de R$ 1 milhão mensalmente. Acredita-se que Frederico Flores queria chegar até ele”, adianta. M. é um dos empresários que convenceram o garçom Adrian Gabriel Grigorcea, de 45, brasileiro naturalizado norte-americano, a denunciar a quadrilha que extorquiu, torturou e matou Rayder e Fabiano. Quatro dias antes, Rayder, via MSN (programa de mensagens da internet), pediu dinheiro a M., como consta do boletim de ocorrência da PM em que Adrian denuncia a quadrilha.

Muito irritado e temendo ameaças, M. disse ao EM, por telefone, que pediu para entrar no programa de proteção à testemunha do governo do estado. Ele confirma que poderia ser uma vítima do grupo, mas se negou a falar mais sobre o caso. Afirmou que é uma pessoa de bem e que não tem nenhum envolvimento com os crimes ocorridos no Bairro Sion.

No entanto, a Polícia Civil, por meio de sua assessoria de comunicação, informa que, nos inquéritos abertos para apurar o caso, nada consta sobre o ingresso de M. no programa de proteção à testemunha. Ainda conforme Elenice Batista Ferreira, há uma pessoa, ainda não identificada, para a qual Rayder e Fabiano lavavam dinheiro. As vítimas de Frederico são suspeitas de ter empresas de fachada de produtos de informática e celulares que, na verdade, serviam para acobertar repasses de dinheiro ilícito. Em seu depoimento na delegacia, Adrian Gabriel Grigorcea contou aos policiais que Rayder, seu genro, tinha o costume de falsificar documentos para fazer empréstimos.

Perfil ruim

Um jovem manipulador, que não poupa gentilezas para conquistar amizades, mas que não se importa em espancar um sócio na frente de uma mulher, apenas porque ele não atendeu a um pedido dela. Esse é mais um dos muitos detalhes da crueldade do estudante de direito Frederico Flores revelados por colegas, ex-vizinhos ou funcionários de prédios em que morou ou trabalhou. O que todos parecem ter em comum é o medo de que, mesmo preso, o acusado possa prejudicá-los de alguma forma. Todos pedem o anonimato.

E os relatos traçam o perfil de um psicopata. E começam em 2006, quando os recém-chegados alunos transferidos de outras faculdades são recebidos de forma calorosa pelo estudante Frederico Flores, que mais parece um mestre de cerimônias da escola em que cursa direito. Em pouco tempo, ele escolhe três colegas, com quem passa a manter um relacionamento além da sala de aula e do bar próximo à faculdade, no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul da capital.

Então morando com a mãe de sua filha, na época com menos de 10 anos, num luxuoso apartamento no Bairro Santo Antônio, ele faz do local ponto de encontro da turma. “O Fred gostava de manipular as amizades e queria sempre ser o centro das atenções. Procurava mostrar que estava acima das regras e não se importava de fumar maconha na frente da filha. Dizia que em sua casa maconha ficava na geladeira e que não tinha essa de esconder”, conta um aluno do mesmo curso.

No condomínio em que Frederico morou com a mulher e a filha, o porteiro, temeroso, diz que ele não causava problemas aos vizinhos e tratava bem os funcionários do prédio. “Havia apenas as brigas de casal, que eram intensas, mas ficavam só nos palavrões que ele dizia à mulher, uma pessoa de origem humilde”, disse. Mas o mesmo funcionário, segundo um colega de Frederico, foi vítima de uma brincadeira de mau gosto. “Num fim de ano, o Fred fez um bolo misturado com maconha e insistiu que o porteiro, evangélico, comesse um pedaço. O homem comeu e ficou tão doido que nem conseguiu ir para casa”, recordou.

Estado de Minas
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